Fui ao cinema. O
rapto passa-se numa época, 2ª metade do século 19, em que Bolonha ainda era uma
cidade sob o jugo papal de Pio IX.
Uma servente católica
numa família judaica, pensando que um dos filhos da família estava às portas da
morte, baptiza-o com água benta para que o menino não vá para o Limbo. 6 anos
mais tarde acaba por confessar o facto ao inquisidor mor, que ordena a separação
do rapaz da família, pois sendo católico teria de ser educado nessa fé e não
nos ritos judaicos que então seguia. O Papa dá o seu aval e o rapaz é retirado
à força não podendo a família fazer nada contra. No início o rapaz segue as
suas rezas que a mãe lhe ensinou, mas a pouco e pouco, na catequese sofre uma autêntica
lavagem cerebral que o tornam um cristão. A família tudo faz para o recuperar,
inclusive o irmão mais velho, combatente pelas forças de Victor Emanuel, que
acaba mais tarde por sair vitorioso, e tenta levar o seu irmão de novo para o
seio familiar, mas este já não quer voltar por a família ir contra as crenças
que então já professava.
Drama intenso
principalmente da luta do pai e da mãe, esta que se mantém sempre uma judia que
não repudia a sua religião e se recusa a tornar-se católica para reaver o filho
O filme está muito bem dirigido e tem actores que interpretam excelentemente os seus papéis. O guarda
roupa é perfeito e os ambientes muito bem filmados mostrando a intransigência e
prepotência de uma igreja católica que tudo fazia para mostrar ao mundo que uma
alma baptizada era para todo o sempre católica, mesmo contra a vontade da
família e de uma família judaica que não renuncia às suas crenças mesmo à custa
de perderem um filho. Malditas religiões! Boa cinematografia italiana e boa
realização de Marco Bellochio. Valeu a pena.