domingo, 28 de julho de 2024

Underground – Era uma vez um país…

 


 

Um filme de Emile Kusturica. Este realizador sérvio já me tinha surpreendido com Gato preto, gato branco. Com este filme deixou-me completamente arrasado pelo ritmo alucinante que o filme nos mostra, pelo insólito, pelo surreal e delirante das sequências e personagens criadas, misturando cenas completamente caricatas e pouco comuns com um ambiente de guerra que se desenvolve fora do local de vivência de todos os intervenientes.

Após o bombardeamento de Belgrado pelos alemães, um oportunista traficante de armamento, ladrão e sem escrúpulos, encerra amigos juntamente com uma comunidade de habitantes de um bairro, numa cave onde os põe a produzir armas que contrabandeia vendendo-as a quem mais pagar. Toda esta gente vive sem regressar ao exterior durante anos até para além da guerra que não sabiam ter acabado. O ritmo de vida é acompanhado por uma música alucinante tocada por uma charanga de instrumentos de sopro. No meio de tudo isto há paixões casamentos, traições e festas alucinantes com muito álcool e explosões de sentimentos. Entretanto Tito morre, a Jugoslávia desmembra-se e a guerra continua, agora entre Sérvios, Croatas e Kosovares e era uma vez um país…

Tratar da guerra desta forma é completamente surreal, mas Kusturica consegue prender o espectador pela mistura do alucinante com a verdade do conflito.

A meio do filme apeteceu-me dizer “Este gajo é doido”. No fim do filme já não tinha essa opinião.

Acho que a palma de ouro que ganhou no festival de Cannes foi absolutamente merecida. Se gostam de histórias muito certinhas, não vejam. Se querem um filme diferente em ritmo alucinante vão ver que não se arrependem.