Um filme de Emile
Kusturica. Este realizador sérvio já me tinha surpreendido com Gato preto, gato
branco. Com este filme deixou-me completamente arrasado pelo ritmo alucinante
que o filme nos mostra, pelo insólito, pelo surreal e delirante das sequências
e personagens criadas, misturando cenas completamente caricatas e pouco comuns
com um ambiente de guerra que se desenvolve fora do local de vivência de todos
os intervenientes.
Após o bombardeamento de
Belgrado pelos alemães, um oportunista traficante de armamento, ladrão e sem
escrúpulos, encerra amigos juntamente com uma comunidade de habitantes de um
bairro, numa cave onde os põe a produzir armas que contrabandeia vendendo-as a
quem mais pagar. Toda esta gente vive sem regressar ao exterior durante anos
até para além da guerra que não sabiam ter acabado. O ritmo de vida é
acompanhado por uma música alucinante tocada por uma charanga de instrumentos
de sopro. No meio de tudo isto há paixões casamentos, traições e festas
alucinantes com muito álcool e explosões de sentimentos. Entretanto Tito morre,
a Jugoslávia desmembra-se e a guerra continua, agora entre Sérvios, Croatas e
Kosovares e era uma vez um país…
Tratar da guerra desta
forma é completamente surreal, mas Kusturica consegue prender o espectador pela
mistura do alucinante com a verdade do conflito.
A meio do filme
apeteceu-me dizer “Este gajo é doido”. No fim do filme já não tinha essa
opinião.
Acho que a palma de ouro
que ganhou no festival de Cannes foi absolutamente merecida. Se gostam de
histórias muito certinhas, não vejam. Se querem um filme diferente em ritmo
alucinante vão ver que não se arrependem.
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