domingo, 25 de agosto de 2024

Na Terra de Santos e Pecadores

 


Mais uma vez ia ver um filme e acabei por ver outro. Fui de propósito ao centro das Amoreiras para ver o Anthony Hopkins a fazer o papel de Freud. O filme já lá estava há bastante tempo e fui surpreendido com uma lotação esgotada. Lá acabei por ir ver um filme sobre a Irlanda passado em 1974.

Um grupo armado do IRA, constituído por uma mulher que o chefia e dois homens que a seguem como cordeiros, refugia-se numa aldeia após um atentado em Belfast que acaba matando um grupo de crianças. Nessa aldeia vive um assassino profissional, Liam Neeson, que sendo implacável nas missões em que é incumbido, tem bom coração e acaba ajudando vizinhos e amigos, em particular crianças. É o chamado papel do Bom Malandro, que leva o espectador a pugnar pelo vilão. Obviamente que acaba por se confrontar com o grupo do IRA por ter matado um pedófilo irmão da implacável chefe do grupo.

Numa paisagem rural, com um sossego contrastante com a acção, não peca com demasiados tiroteios a não ser no fim quando tudo se resolve.

Não sendo uma obra de arte, também não é um mau filme e o Neeson vai bem no papel. A melhor actuação vai para a líder do grupo do IRA, muito bem interpretado por uma Kerry Condon, que desconhecia, mas me surpreendeu. Realizado por Robert Lorenz é uma realização muito aceitável.

 

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

O Corpo

 


Como impecável ateu totalmente convicto, gosto de temas religiosos e, sempre que posso, procuro ler e estudar esses temas fazendo comparações e tirando analogias. Já há alguns anos vi na TV um filme que, não sendo nenhuma obra de arte, me pareceu interessante pelo tema. Ontem por mero acaso ao fazer um zapping encontrei-o e revi-o. Gosto de rever filmes na TV porque, normalmente, estou mais atento e aprecio mais pormenores.

Em Jerusalém, “sede” das 3 religiões do Livro, um residente muçulmano, resolve abrir uma cave por baixo da sua loja e, ao fazerem-se as escavações, aparecem vários indícios da existência de um túmulo de certeza pertencente a um homem rico. Obviamente o governo de Israel nomeia uma arqueóloga para tomar conta da escavação. Ao derrubar uma parede de argila é encontrado o túmulo onde jaz um esqueleto bem conservado, de corpo inteiro e, com perfurações nos pés e mãos onde se notava alguma ferrugem. Ao mesmo tempo é encontrada uma moeda, normalmente usadas para datação dos túmulos, do tempo de Pôncio Pilatos. Feitas as datações pelo carbono 14 obteve-se a data do século um. Convicta que descobriu o túmulo e o corpo de Cristo, a nossa arqueóloga alerta as autoridades e aí começam as grandes quezílias entre as 3 religiões, não só pela possibilidade de colocar em causa o dogma de ressurreição na igreja católica, mas também as questões políticas, pois os muçulmanos temendo acordos entre cristãos e judeus, vêem em causa a sua determinação de obterem a cidade como sua capital. O Vaticano, a tremer por todos os lados, resolve enviar um padre investigador, sobrinho do papa que, durante a guerra pertenceu aos serviços secretos, com a missão de desmascarar a situação de modo a que se repusesse uma “verdade”, que deixasse tudo como dantes.

Esse padre (António Banderas), junto com a arqueóloga israelita, por acaso bem bonita, continuam as investigações e estudos e cada vez mais a fé do nosso padre começa a esmorecer pois indícios cada vez mais fortes, apontam mesmo para que seja o corpo de Cristo. Entretanto começa a violência. Os ortodoxos atacam todas e quaisquer escavações pois não aceitam que mortos sejam “molestados”. Os israelitas querem a verdade doa a quem doer e os cristãos querem o desaparecimento do “corpo” sem que se chegue a uma conclusão definitiva.

Começa aqui a parte da qual gostei menos no filme. Num dos ataques à escavação, o nosso padre é ferido e a arqueóloga foge com ele e leva-o para sua casa onde vive com um casal de filhos já quase adolescentes. Viúva de um marido morto no Líbano começa a interessar-se demasiado pelo padre e uma noite, enquanto este dorme, beija-lhe as mãos e deposita-lhe um leve beijo nos lábios. Entretanto um chefe muçulmano, rapta os filhos da arqueóloga e exige que o “corpo” lhe seja entregue. Temendo pela vida dos filhos a rapariga mais o dono da loja onde é a escavação, metem os ossos num saco e rumam ao encontro do terrorista. O padre segue-os noutro carro e acaba tudo aos tiros. Os putos são libertados e o padre envolve-se em luta com o terrorista que acaba largando uma granada. Conclusão: O terrorista morre, os nossos heróis ficam feridos e os ossos desaparecem no incêndio que se segue à explosão.

 E assim, um filme que começa interessantíssimo acaba em “coboiada”.

O padre regressa ao Vaticano e chateia-se com bispo que o mandou para lá, pois nem ele nem os Judeus estavam interessados na “verdade”, mas apenas a defenderem os seus próprios interesses.

Acaba tirando o cabeção e atira-o aos pés do bispo.

Mais tarde envia uma msg à arqueóloga, colocando a mão nos lábios como se ainda sentisse o beijo que ela lhe dera.

E dos ossos, mais nada… fim piroso de um tema que merecia mais seriedade.

 

 

Elenco

 

 

Antonio Banderas (Padre Matt Gutierrez)

Antonio Banderas

Padre Matt Gutierrez

Derek Jacobi (Father Lavelle)

Derek Jacobi

Father Lavelle

John Shrapnel (Moshe Cohen)

John Shrapnel

Moshe Cohen

Olivia Williams (Sharon Golban)

Olivia Williams

Sharon Golban