Andava com algum
interesse em ver este filme. Sabia-o todo passado num táxi entre o aeroporto
JFK e Manhattan. Uma conversa entre uma passageira, cerca de 30 anos loura e
bonita e o motorista, homem já para cima dos cinquenta. Pensava eu que ia ver
um filme maçudo só de conversa e com pouco interesse. Felizmente estava
enganado. A realizadora consegue “segurar” o espectador de modo a não cansar.
Não se pode dizer que seja uma obra-prima com diálogos demasiado intelectuais.
Não. Acaba por ser uma conversa entre um homem experiente, conhecedor dos seres
humanos e duma mulher que tem um amante, homem casado com 3 filhos, mas que
procura fora aquilo que acha já não ter em casa. O táxi acaba sendo um divã de
psiquiatra em que, tanto a paciente como o médico, explanam as suas angústias,
frustrações e modos de vida. O motorista, homem inteligente, consegue da moça
confissões de momentos íntimos que nunca confessara a ninguém. Ficamos a saber
que regressava da casa de uma meia-irmã,11 anos mais velha onde o pai nunca
conseguiu expressar-lhe um carinho tendo apenas, uma única vez, despedindo-se
com um aperto de mão.
Enquanto a conversa se
processa, a moça mantém com o amante um diálogo, por Messenger, em que se nota
o interesse apenas sexual do homem por uma rapariga muito mais nova.
A conversa acaba por ser
quase um desafio entre os dois para ver quem se confessa e sobre o quê. A
distância é longa e a viagem sofre apenas uma interrupção por motivo de um
acidente. O diálogo não é interrompido durante esse hiato e apenas termina no
final da viagem. No fim o motorista estende-lhe a mão e moça faz-lhe uma festa
na cara. O interessante na realização é que não se vê ali qualquer interesse de
ordem sexual, apenas transparecendo o gosto dos dois em conseguirem confissões
expressas a desconhecidos sabendo que,
normalmente, nunca mais se encontrarão.
Freud deveria ter
gostado. Eu não amei especialmente, mas achei interessante.
PS. Procurei o
significado de Daddio e acho que é um eufemismo de Pai (Daddy).
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