sábado, 24 de novembro de 2012

Poseidon versus Neptuno

Poseidon estava sentado sobre um casco de navio afundado quando reparou que uma concha puxada por golfinhos se aproximava. Era Neptuno que o vinha visitar. Poseidon preparou-se para o receber. Já sabia que iam discutir. Nunca se entendiam. Cada um reivindicava a supremacia sobre os mares.
-- Olá Poseidon – disse Neptuno. – Sentado num casco de navio? Que fazes aí?
-- Este, onde me sento, foi baptizado pelos homens com o meu nome. Quem os autorizou a isso? Darem o nome do deus dos mares a uma casca de noz. Como se um simples objecto criado pelos mortais merecesse o meu nome. Para provar que sou o mais poderoso, virei-o ao contrário afundando-o. Foi giro ver todos aqueles seres mesquinhos e pequenotes a tentarem salvar a pele. Morreram quase todos e, não foram todos porque alguém tinha que ficar para contar a história. Vens tu agora, usurpador do meu trono, ou por outra, em tentativa de usurpares o meu trono, colocar algo em causa?
-- Estais enganado, o rei dos mares sou eu, assim determinaram os senhores do mundo, que me criaram. Os Romanos assim o quiseram e assim será.
-- Rapazola de um raio, quando apareceste já eu reinava há muito sobre os mares. Os meus criadores, os Gregos, eram os detentores das ciências, das filosofias e das artes. Os teus senhores, esses miseráveis Romanos, vieram muito depois usurpar tudo o que de bom os gregos deixaram. Criaram então deuses para substituírem todos aqueles que já por cá andavam, mas as bases são gregas e os principais deuses também. O reino dos mares é meu quer tu queiras ou não.
-- Isso veremos. Fui eu que deixei ou permiti que muitos povos percorressem os mares. Fui eu o cantado por Camões e, até Fernando Pessoa, o ilustre poeta português, me colocou em terra personificado no “mostrengo”, aquele que defendia dos mortais o cabo tormentoso, só se tornando de “Boa Esperança” depois de eu deixar passar aquele povo heroico que descobriu mais de meio mundo. Eu permiti a passagem aos homens, tu mataste-los por ignomínia. Tu que foste engolido pelo teu pai à nascença. Tu que só por bondade de Zeus foste regurgitado por Cronos. Não tens direito a reinar aqui.
-- Ah! Ah! Ah! Pobre réplica de mim. A história está cheia de réplicas de deuses como tu. Foi a nossa história, que os teus pais romanos estudaram. Foi essa que copiaram para fazerem seus os nossos deuses. Fizeram-te filho de Saturno e irmão de Júpiter e Plutão. Chamaram-te deus das fontes das águas e também dos terremotos. Que tinha a terra a ver com o mar. Esses romanos eram loucos. Tenho a impressão que houve já alguém a dizer isto… Parece-me que foi o Asterix…
-- Asterix? Não conheço.
-- Claro! És um ignaro e uma fraude. Asterix foi um que nunca se subjugou aos teus patrões e sempre os combateu nunca lhes permitindo ocupar a sua Gália. Foram homens como ele e os seus pares, os percussores da vossa queda. O pior é que outros vieram e outros deuses também criaram, tornando a nossa história em mitologia. Um dia os deuses deles também virarão mitologia e outros deuses aparecerão. Parece que a humanidade, esses pobres seres, não sabem viver sem deuses.
-- Caro Poseidon, antes que os nossos tridentes se cruzem, vou dar uma volta por aí. Vai mas é para Copenhague e deixa-te lá ficar sobre um pedestal, eu volto para Florença. Fico numa das fontes que criei.
O fundo da piscina reflectia raios dourados como hexágonos que ora se alongavam ora se contraíam como raios eléctricos, chamando-me à realidade. Perdi de vista os deuses que me ocuparam a mente durante segundos e saí para o balneário. Já debaixo do chuveiro constatei que o Asterix também não tinha toda a razão. Não só os Romanos eram loucos, toda a humanidade também…
(Bem, se me chamarem maluco digo que não fui eu que escrevi isto...)

sábado, 10 de novembro de 2012

A Junta, o Bocage e aqueles que arquitectaram uma tertúlia que lhe é dedicada.

Hoje, fui até ao auditório Carlos Paredes, a convite de um dos meus mais recentes conhecimentos, que espero se venha a tornar numa salutar amizade, Francisco de Assis Machado, que conheci na piscina da Junta de Freguesia de Benfica, que ambos frequentamos e onde se situa também o auditório. Francisco Machado é uma pessoa interessantíssima e multifacetada. Professor, poeta, cantor e músico é também um utilizador experiente das Novas Tecnologias (NT), com um blogue na Internet e contas no Facebook, entre as quais uma de que é colaborador assíduo e que se intitula “Tertúlia Poética “Ao Encontro de Bocage”.
Antes de continuar este meu apontamento, quero aqui deixar a minha homenagem à Junta de Freguesia de Benfica que mantém diversas estruturas sociais, lúdicas e culturais, apoio a idosos, várias actividades dedicadas a jovens, etc… As minhas costas, já um pouco castigadas pela idade e pelas atrocidades que lhes preguei nas picadas de além-mar, quer pela actividade profissional quer pelo exercício da caça, agradecem o benefício que a natação oferece. Mas, continuemos…
Francisco Machado, que se intitula PoetAmigo Frassino Machado, é um entusiasta colaborador da tertúlia já referida, que todos os meses realiza um espectáculo cultural constante de declamação de poesia, canções, dança e música. Estes eventos são dirigidos e apresentados por América Miranda, também poetisa, criadora da tertúlia.
Confesso que o espectáculo me surpreendeu pela positiva. América Miranda deixou uma imagem de entusiasmo contagiante e foi uma apresentadora e colaboradora de excelência. Os declamadores, quase todos também autores, estiveram muito bem, os cantores, todos amadores, portaram-se como profissionais e o nosso Frassino Machado, declamou, cantou e acompanhou-se à viola, fazendo-o, quer na sua poesia, quer nas músicas de Adriano, uma das quais com texto seu, com um laivo de intervenção política, muito a ver com a situação que actualmente vivemos. E isto protagonizado, na grande maioria, por pessoas da chamada meia-idade.
O ambiente fez-me recordar a minha infância, onde na terra, havia uma sociedade recreativa à qual chamávamos “Grémio” que nos proporcionava espectáculos idênticos. O meu bem-haja a todos os criadores e artistas intervenientes. Fiquei cliente e, sempre que puder, lá estarei em eventos futuros.
Obrigado Frassino por me ter proporcionado este bom momento.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Powerpoint do momento

Um amigo enviou-me um mail com um anexo de um powerpoint com o nome em epígrafe. Aliás é um mail já bem conhecido visto já ter recebido muitas mensagens com o dito. Partindo do princípio de que nem todos o receberam, vou tentar deixar aqui o respectivo link, se estas novas tecnologias funcionarem como espero:
Como estava com a chamada veia, resolvi responder a esse meu amigo, que devido à salutar confiança que temos, não levou a mal esta verborreia, se a um escrito lhe posso chamar tal. Depois de lhe responder, achei que tudo o que lhe escrevi também servia para todos aqueles que já me enviaram tal powerpoint. Por não ser razoável e até ser impossível agora, saber quais os que o fizeram, resolvi colocar a resposta aqui no blogue:
“Pois! Vão divulgando. Entretanto o OE foi aprovado. Ah! Mas agora na especialidade... Pois! Vão esperando... Ah! Mas o PR vai mandar para o TC... Pois! Continuem a esperar... Entretanto vamos pagando com língua de palmo. Pois! Faz poupanças. Não gastes. Não gastar em quê? Já pouco dá para não gastar. E se só gasto para comer, para ter casa, electricidade, água e internet... (OLHA LÁ! Queres Internet para quê?) de que vale viver? 
Se calhar tenho que cortar tb a NET. Porra! E depois não faço mesmo nada. Está bem...vou esperar a morte calmamente a ver filmes na ZON. ZON? Para que queres essa merda? Não te chegam 4 canais generalistas? 4? Qualquer dia são só 3, talvez não fique por ali, e por esses pagas muito e não bufas.
Olha meu filho, arranja é lá maneira de pagares os medicamentos que é aquilo que tens mais certo até chegares ao fim...Ah! Ainda tens Deus. Vira-te para ele. Pois. Por mais que tente virar-me ele ainda não arranjou nenhum para as despesas e continuo na mesma. Ah! Mas e o consolo? Tá bem pronto! Tou consolado... só que com dívidas e nem ao menos me sai o euromilhôes.. se me sai tenho que entregar 20% a estes fdp. Olha lá! Não blasfemes. Tens de lhes pagar para estares vivo. E para estar morto tb e não tenho dinheiro para o funeral. Tá bem. Essa é uma despesa que não vai de certeza dar-te preocupação.

Que tal? Gostou? Quer que continue? Bah! Não vale a pena…

Abrç”

Nota: Os negritos são a fala do divino…

E agora tenham paciência e não me batam muito, mas ponham-se a pau…