sábado, 31 de outubro de 2015

Halloween. De dia, e não de noite.


O Bruxo Mor estava preocupado, a noite de Halloween só começava à meia-noite, era preciso adiantar. Os druidas andavam a conspirar contra os bruxos. Parece que se queriam coligar com druidas dissidentes há muito, mas que agora se tinham unido para lhes dar cabo do arranjinho. Meia-noite também são zero, vinte e quatro ou doze. Porque não começar-se ao meio-dia? Também são doze e fica tudo certo. Assim convocou os outros bruxos para se reunirem na clareira do costume. Tinham de se adiantar aos druidas. Ali já não estava a bruxa loira. Essa tinha “inconseguido” manter o lugar e fora substituída por um druida. Raios e coriscos, ainda por cima um druida que não devia nada à formosura.
Ao meio-dia estavam lá todos. Um arauto da clareira anunciou que o Bruxo Mor ia dar posse à bruxaria eleita. Chamou o Bruxo Chefe e este pegou no seu gato preto e meteu-o no caldeirão convidando de seguida os outros bruxos da pandilha bruxófila a segui-lo no gesto e nos modos. E foram muitos. Pelo menos dezasseis seguiram-no na mesma lengalenga. Eram quase todos bruxos da velha guarda, apenas quatro eram novos e dois ou três promovidos a bruxos principais uma vez que já eram ajudantes de bruxaria. No fim, o Bruxo Mor falou para que a confraria bruxófila continuasse com o programa anterior. De seguida, o bruxo chefe confirmou fazendo a apologia das bruxarias que tinham feito anteriormente, mas que agora já poderia embruxar menos a humanidade. Pois sim, pensava ele, se continuasse no poder logo veriam. Como os nomes dos bruxos são difíceis de pronunciar, vou referi-los pelas iniciais. Foi o VPM, o MEF, o MENE, o MDN, o MPDR, o MAI, o MJ, o MAOTE, o MAM, o MSESS, o ME, o MS, o MEC, o MMA, o MCIC e o MAP. Cada bruxo destes levou depois alguns ajudantes de bruxaria. Enfim, foram mais trinta e seis. Mas a Assembleia estava triste. Os druidas tinham prometido o derrube a curto prazo e tomariam o poder. O caldeirão, já cheio de gatos iria mudar de mãos. Mas ainda havia uma esperança. Parece que no meio dos druidas havia alguns dissidentes. Podia ser que por magia negra esses conseguissem apoiá-los. Teriam nove ou dez dias para os embruxarem. Enquanto há vida há esperança e com uns bruxedos fortes ainda talvez…
Alguns espiões a favor dos druidas tentavam não perder pitada. Era preciso que o druida chefe estivesse ao par de tudo. Havia agora uma oportunidade de mudar as leis. Os bruxos tinham exorbitado e tornaram a vida impossível aos humanos. Tinham de deitar mãos à obra e começarem já a trabalhar na poção mágica. O druida chefe tinha pouco tempo para convencer os seus de que não poderiam falhar.
A bruxaria foi abandonando a clareira. Uns quantos humanos escondidos, que a tudo tinham assistido, daqueles que tudo sabem e tudo apregoam, apressaram-se a levar as notícias à aldeia. Os humanos tinham agora alguns dias de ansiedade.
Já era tempo de mandar a bruxaria às couves e apoiar os druidas. Esperariam…


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Mudança na Selva? Talvez…


O urso, alto e determinado mas um pouco façanhudo, sabia ser agradável quando queria obter algo dos outros. Na clareira da floresta, encostado a um tronco, falava com o periquito. Este, baixinho mas emproado, usava uma pequena melena para disfarçar as penas que já lhe iam faltando no alto da cabeça. Não era da seita do urso, mas encostava-se a ele enquanto este não perdesse o poder que o velho crocodilo lhe concedera. O periquito era um grande periquiteiro, não no sentido das periquitas porque a elas detestava-as, mais no sentido dos outros periquitos e não só. Ambos estavam preocupados apesar do velho crocodilo os manter na chefia da floresta, mas os macacos andavam em grande azáfama para os derrubarem. Parece até, que pela primeira vez, andavam a tentar que os furões e as águias, até aqui bastante afastados, a eles se juntassem para que em conjunto pudessem fazer frente à ursalhada e periquitada. A macacada já antes e por algumas vezes tomara conta das leis da floresta, mas a bicharada cansou-se de tantas macaquices perpetradas por alguns macacos que se portaram mal e, mudou a sua opinião colocando os ursos no poleiro. Claro que se arrependeram, estes tornaram-se uns prepotentes e a vida na selva estava pelas ruas da amargura. Agora talvez com a ajuda dos furões e das águias, conseguissem fazer frente aos ursos. A coisa até estava bem encaminhada, mas o velho e decrépito crocodilo, tinha mais medo das águias que dos caçadores. Parece que, no antigamente, as águias costumavam comer os ursinhos e crocodilos bebés logo pela manhã. Claro que não era verdade, mas pelo sim pelo não… Então, cheio de cagaço, optou por manter o urso chefe na gestão da floresta contra a maioria da bicharada que no conjunto optara mais pelos macacos, furões e águias.

– Ó periquito – Dizia o Urso – Estamos lixados, os macacos agora com aquele macacão preto na chefia, parece que mudaram de táctica e em conjunto com aquela furoa, que até é girinha mas levada da breca e daquela velha águia matreira, querem correr connosco da liderança da floresta. Tudo o que andámos a fazer vai por água-abaixo com aquela mania que eles têm de quererem dar tudo á bicharada.
– Isso é uma grande gaita – retorquiu o periquito – O raio do crocodilo decrépito é capaz de se acagaçar e dar-lhes a condução da nossa selva. Essa bicharada reles já estava a começar a estar habituada a viver com pouco e agora vão novamente ter tudo e mais alguma coisa. E depois não venham chorar que os recursos desta pequena floresta não chegam e lá vão eles de novo ter que pedir ajuda às florestas maiores à nossa volta. Será que eles serão capazes de encontrar novos recursos?
– A gaita é que parece que têm lá uns macacos novos que dizem que sim e, se conseguem então é que é mesmo o nosso fim e não o da macacada. – Disse o Urso.
– Hum – resmungou o periquito, com aqueles olhinhos minúsculos a revelarem o medo que sentia. – Faço votos para que o seu entendimento não dure muito e então caímos-lhes em cima e vai ser mesmo o fim da macacada. Eles nunca se entenderam e não vai ser agora.
– Não sei não. Desta vez estou com muito medo. Quem tinha razão era aquele velho gato das botas que governava antes de haver esta mania de fazer perguntas aos bichos. O gajo não estava com meias medidas, quando lhe faziam frente metia-os em gaiolas ou limpava-lhes o sarampo. Parece que tinha uns apaniguados que tratavam disso. Agora, se fizéssemos o mesmo, eramos nós os escorraçados ou penduravam-nos nas árvores pelas patas traseiras até o sangue nos sair pelos olhos. Vamos esperar. O crocodilo apoia-nos. Pode até ser que o negro macacão se sensibilize e acabe por nos ajudar.
--Pois. Espera por essa mas sentado. O gajo quer mandar e voltar a dar tudo à bicharada.

Entretanto, noutro local da pequena selva, o macaco chefe da outra facção dos bichos, reunia-se com a furoa e o Águia para encontrarem uma forma de correrem com a ursada. Não era fácil, macacos, águias e furões nunca se entenderam lá muito bem, mas parece que desta vez seria possível. Mal por mal, mais valia juntarem-se e engolirem alguns sapos, pobres batráquios, do que deixar aquela corja no poder e o crocodilo mumificado que se lixasse pois terá de ir embora dentro de pouco tempo.
O sol já se escondia e a bicharada resolveu voltar às tocas. O urso e o periquito apanharam uns elefantes que os transportavam e iam pensando que se não se pusessem a pau, qualquer dia teriam de andar de tartaruga…
Macacos, furões e águias continuaram… trabalhavam para conseguirem a mudança. A bicharada sabia disso e esperava para ver. A noite tomara conta da selva, mas o dia havia de nascer...



domingo, 11 de outubro de 2015

Dionísio


Copiado da Wikipédia:

Dionysus, deus grego:
• Nascido de uma virgem no dia 25 de Dezembro
• Era um mestre viajante que operava milagres
• Andou em um burro durante uma procissão
• Transformava a água em vinho
• Era chamado “Rei dos Reis”e “Deus dos deuses”
• Considerado “filho de Deus”, “único filho”, “salvador”, “redimidor”, “ungido”, e o “Alfa e o ómega”
• Foi identificado como um cordeiro
• Pendurado num madeiro


Deus dos vinhos, das festas e do êxtase
Morada
Monte Olimpo
Símbolos
videira, o leopardo, leão e o delfim
Cônjuge
Ariadne e outras (os) deuses e imortais
Pais
Zeus e Sémele ou Zeus e Dione
Irmãos
ApoloArtemisAtenas e outros
Filhos
Graças,Príapo,Iaco, HimeneuEstáfiloEnopião e outros;
Romano equivalente
Baco

Zeus era danado para a brincadeira. Normalmente transformava-se nos maridos ou namorados das terrenas e fazia filharada por tudo quanto lhe dava na gana. Foi assim com Hércules, este filho de Alcmena por sua vez filha de Electrião, rei de Micenas. Zeus transformou-se no marido de Alcmena, enquanto este estava na guerra, e vai disto, lá ficando a pequena com um filho nos braços

No caso de Dionísio a enganada foi Sémele, filha de Cadmo e de Harmonia.

Nasceram assim vários semideuses. Dionísio tem a particularidade das semelhanças com Jesus. Quase todos os filhos de deuses são nascidos de mulheres virgens, pois a sua deidade não podia ser conspurcada nascendo de mulheres “impuras”. Também muitos desses semideuses vieram à terra com missões redentoras dos pecados humanos. Uns dedicaram-se a trabalhos em prol da humanidade, o caso de Hércules, outros através de tentativas apaziguadoras levando o homem, pela prática do bem, a preparar-se para os benefícios de melhor vida após a morte, o caso de Jesus. O que eu estranho é que poderia ter havido mais cuidado na criação destes mitos, não copiando tantos pormenores uns dos outros.

Dionísio e Jesus nasceram de virgens, operavam milagres, foram chamados de salvadores e ungidos (Cristo quer dizer isso mesmo, “o ungido”), andavam de burro, transformavam água em vinho, eram considerados reis dos reis, tinham analogias com cordeiros e ambos foram supliciados em instrumentos de tortura em madeira. Muita coincidência para meu gosto. Claro que nos desenvolvimentos ou noutras versões mitológicas as diferenças são depois muitas. Dionísio foi copiado pelos romanos que lhe deram o nome de Baco. Este parece que gostava dos copos e festarolas com as suas bacantes. Jesus apenas foi às bodas de Canaã onde o vinho acabou ou era pouco, o pai da noiva, como bom judeu, devia ser forreta e, Jesus da água fez vinho. Este episódio é apenas citado no evangelho de João e parece ter sido o primeiro milagre de Jesus.

 E com esta acabo, por agora, as minhas “postagens” sobre deuses e religiões para não maçar muito os meus amigos.


sábado, 10 de outubro de 2015

O Deus Sol



O Sol foi o primeiro deus da humanidade. O sol que nos livra do frio com os seus quentes raios, que nos dá a luz e faz crescer os vegetais. Olhando o sol verificamos que os raios se emanam em forma de cruzeiro. O Espírito Santo é assim representado, uma cruz radiante emanando a bondade divina. Em sânscrito a palavra sol é Devv ou Divv de onde derivam zeus, deus, deo, dio e dia que nos traz a luz. A adoração do sol vem de tempos imemoriais. Como o sol é único daí nasce o monoteísmo. No antigo Egipto, Amenófis IV declara como único deus Áton, o sol, e muda o seu nome para Aquenáton. Mais tarde o seu filho Tutancamon volta ao politeísmo. Pensa-se que foi daí que a tribo judaica começou a ser perseguida por não aceitar sair do monoteísmo e daí criar a sua própria religião.
A sequência mística do sol, o fogo e o vento, dando origem a Salvitri, Agni e Vayu, do mito védico na Índia antiga.
Salvitri é o deus sol que nasce a 25 de Dezembro, data do solstício quando os dias começam a crescer e a luz começa a vencer as trevas.
A vida dos deuses redentores é a vida do sol. Por isso, todos eles tiveram suas datas de nascimento fixadas em 25 de Dezembro: Mitra, Hórus, Dionísio e Jesus Cristo. Também é simbólica a ressurreição na Primavera, tempo da germinação e das folhas novas. É sabido que a data de nascimento de Jesus foi atribuída em concílio romano. E, claro está, só podiam ter escolhido 25 de Dezembro. Ao surgir o cristianismo, os cristãos primitivos ainda chamavam ao Sol "Dominus", daí a palavra Domingo, dia do Senhor e na língua inglesa Sunday, dia do sol.
E, como já anteriormente disse, os deuses quase todos eram representados com uma auréola por detrás simbolizando-os como filhos do sol. A iconografia católica ainda hoje representa assim Jesus e os santos.

Voltarei ao assunto “deuses” com Dionísio.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Mitos? Religiões? Onde está a verdade? Será que nelas alguma verdade existe?



Nas diversas mitologias, houve vários deuses solares, ou seja, eram a antropomorfização do sol, tais como: Mitra, Mazda, Hórus, Krishna, Adónis, Dionísio, etc.
Quase todos esses deuses eram representados devidamente aureolados, como se o sol emanasse das suas cabeças (vejam as figuras ainda hoje usadas de Jesus e dos santos cristãos).
Vou referir mais pormenorizadamente dois deles: Mitra e Hórus.
Mitra era um deus persa cujo culto era já referido 1000 anos antes da data em que os cristãos presumem ter nascido Cristo, e Hórus 2000 anos antes.

“Mitra nasceu de uma virgem; nasceu no dia 25 de Dezembro; nasceu numa cova ou numa gruta; foi adorado por pastores; foi adorado por três magos ou sábios 12 dias depois do seu nascimento, a 6 de Janeiro, que interpretaram o aparecimento de uma estrela no céu como anúncio do seu nascimento, pregou incansavelmente entre os homens a sua mensagem de bem por oposição ao mal; fez milagres para gáudio dos que o seguiam; foi perseguido; foi morto; ressuscitou ao terceiro dia; o rito central do seu culto passava pela distribuição de pão e vinho entre os iniciados presentes, numa forma de eucaristia de composição e fórmula em tudo idênticas à que a Igreja Católica viria a adoptar.

Já na mitologia de Hórus, que teve o seu auge cerca de 2.000 aC., se passa exactamente mesma coisa. Hórus é filho de Osiris e de Isis, a sua mãe virgem que engravidou de um espírito com a forma de um falcão, com a curiosidade ainda de ter um pai terreno com a profissão de carpinteiro. Também foi traído, torturado e morto, ressuscitando ao terceiro dia, o mesmo dia 25 de Dezembro.” (1)

Mitra nasce a 25 de Dezembro, Hórus ressuscita a 25 de Dezembro. Ambos nascem de virgens. Hórus é anunciado por um espírito com forma de falcão. Mitra é adorado por Magos a 6 de Janeiro. Mitra é anunciado por uma estrela que alerta os Magos para o seu nascimento. O pai terreno de Hórus era carpinteiro. Ambos são deuses que defendem o bem em oposição ao mal, são ambos perseguidos, torturados e assassinados e também ressuscitam ao 3º dia. Mitra distribuía pão e vinho aos seus seguidores como iniciação (forma eucarística).

Jesus nasce de uma virgem a 25 de Dezembro e é anunciado por uma pomba. É adorado por pastores e Magos que viram numa estrela do oriente a concretização da chegada do Messias (episódio apenas referido no evangelho de Mateus). O seu pai terreno, José, é carpinteiro. Defende o bem contra o mal e realiza milagres (apenas durante 3 anos dos 30 aos 33). É perseguido, torturado e morto. Dizem as escrituras que ressuscita ao 3º dia (apesar de, bem contado, ter sido apenas em um dia e meio).

Coincidências? Talvez não. Todos os outros deuses que acima refiro são descritos com situações muito idênticas.

Parece-me pois que todas as religiões são cópias umas das outras. A judaica da egípcia, a cristã da judaica, a islâmica da cristã e todas elas de cultos pagãos de deuses solares, como tantos houve. Muitas destas religiões foram impostas como religiões do estado e demasiadas vezes pela força. Como fenómeno antropológico as religiões não podem ser ignoradas mas, quanto a mim, mais como estudo do que como modo de alcançar benefícios divinos ante e após morte.

O meu amigo e piloníssimo Paulo Mendes Pinto, doutor em religiões, que me perdoe pelo atrevimento deste, apenas, curioso.


(1)    Excerto de um texto de Luís Grave Rodrigues.