terça-feira, 31 de março de 2020

Hércules (Final)



Diómedes era um deus filho de Ares (Marte) e de Cirene, uma ninfa. Era um gigante e rei de um povo de Guerreiros, os Bistones. Tinha 4 cavalos que alimentava com carne humana. Eles eram Podargo ou o "Pé brilhante", Lâmpon ou o "Resplendor", Xanto ou o "Amarelo" e Deino ou o "Terrível". Hércules fez guerra aos Bistones  e matou Diómedes. Depois capturou os cavalos e levou-os a Eristeu que os deixou à solta. Acabaram no monte Olimpo e foram mortos.
Hipólita era a rainha das Amazonas que vivia em Temiscira onde habitavam um palácio. Era filha de Ares (Marte) e da rainha Otrera. Possuía um cinturão mágico que lhe dava poderes sobre as amazonas. O nosso Hércules tinha a missão de o obter para o entregar à filha de Eristeu que era sacerdotisa de Hera. Hércules impressionou Hipólita, mas mesmo assim esse facto não evitou uma guerra. Parece que Hércules capturou várias amazonas e exigiu o cinto como resgate. Entregou-o a Eristeu como mais um trabalho cumprido.
Gerião era um deus gigante e malévolo, dotado de 3 cabeças e 3 dorsos. Era irmão de Equidna, monstro metade mulher metade serpente que gerou o cão Ortros que guardava o rebanho de bovinos vermelhos de Gerião. Hermes trava combate com Gerião nas margens do rio Antemo e mata-o à flechada depois de liquidar o cão Ortros com a sua clava levando depois o gado maldito até Eristeu. Foi durante esse trabalho que Hércules abriu o estreito de Gibralter, pois Gerião habitava em Eritia (Espanha perto de Cádis).

Afrodite tinha um pomar de macieiras que dava maçãs de ouro, os pomos de ouro, no jardim de Hespérides. Uma caçadora virgem perde uma corrida numa aposta com Atalanta por pegar 3 pomos de ouro do jardim de Afrodite. Os pomos foram colocados no seu caminho por Hipomene para que a caçadora não casasse com o homem que a vencesse. Conta-se, que Zeus promove um banquete onde a deusa da discórdia, Éris, coloca uma maçã dourada com uma inscrição “Para a mais bela”. Zeus lembra-se de Páris como o mais justo dos homens. Vários deuses e deusas fazem ofertas a Páris em troca da maçã e foi Afrodite a vencedora por lhe ter oferecido a mais bela das mulheres, Helena. Daí nasceu a guerra de Tróia e a maçã ficou conhecida como o “pomo da discórdia”.
Hércules acabou roubando todas as maçãs do pomar de Afrodite.

Cérebro era um cão tricéfalo que guardava o reino dos mortos do deus Hades irmão de Zeus. Quando os homens morriam eram transportados, na barca de Caronte para a outra margem do rio Aqueronte, onde se situava a entrada do reino de Hades. O acesso dava-se por uma porta de diamantes junto a qual Cérbero montava guarda. Cérebro era irmão de Ortros e da Hidra de Lerna. Este monstro uniu-se com Quimera e daí nasceram o Leão de Nemeia e a Esfinge. Hércules enfrentou Cérebro, elevou-o nos braços levando-o assim até Eristeu. Este cobardemente ao ver o monstro refugiou-se numa cuba ametálica e libertou Hércules dos seus trabalhos. Então Hércules levou cérebro e depositou-o às portas do inferno.
Hércules desposou Dejanira filha do rei da Etólia, Eneu.
Em seguida, tendo de atravessar o rio Eveno, pediu ao centauro Nesso que conduzisse Dejanira ao ombro, enquanto ele faria a travessia a nado. No meio do caminho, tendo Nesso se recordado de uma injúria que outrora Héracles lhe dirigira, resolveu, por vingança, raptar-lhe a esposa, passando com esse intuito, a galopar rio acima. O herói, tendo percebido as suas intenções, aguardou que ele alcançasse terra firme, e então atravessou-lhe o coração com uma das flechas envenenadas. Nesso tombou, e, ao expirar, deu a Dejanira a sua túnica manchada do sangue envenenado, convencendo-a de que seria, para ela, um precioso talismã, com a virtude de restituir-lhe o esposo, se este viesse em qualquer tempo, a abandoná-la.
Mais tarde Hércules (Herácle) apaixonou-se por Iola e recebeu de Dejanira, como presente, a túnica envenenada. Ao vesti-la o veneno penetrou-lhe no corpo provocando-lhe imensas dores. (Daí “Um presente envenenado”). Vendo-se perdido ateou uma fogueira e lançou-se nas chamas. Logo que as línguas de fogo começaram a serpentear no espaço, ouviu-se o retumbar do trovão. Era Zeus que arrebatava seu filho para o Olimpo, onde ganhou a imortalidade e recebeu Hebe em casamento.

Hércules, ou Herácles, foi um herói que se tornou popular e aproveitado por dramaturgos, cineastas e autores de banda desenhada. Inclusive, Shakespeare cita-o várias vezes.
Foi um semi-deus que se tornou deus no Olimpo por mérito dos seus trabalhos. Claro que com uma cunha do Papá Zeus. Mais um que subiu aos céus depois de morto.








segunda-feira, 30 de março de 2020

Hércules (Continuação)

(Continuação)

O quarto trabalho de que foi incumbido, foi capturar a corça de Cerinia ou Cerinita. Era um animal de chifres em ouro e pés de bronze, corria como o vento e nunca se cansava. Hércules dirigiu-se ao monte Cerineu e iniciou uma feroz perseguição ao animal que se refugiou no templo da deusa Ártemis dado que a corça não era mais do que a ninfa Taígete, transformada no magnífico animal pela sua protectora para a desviar da cobiça de Zeus. Hércules perseguiu-a por toda a Grécia até que corça regressou à Arcádia tentando atravessar o rio e aí foi capturada por Hércules que a levou até Eristeu com o pedido de Ártemis para que Eristeu depois de vê-la a libertasse. Eristeu assim fez.

O seu quito trabalho foi ter de matar as aves de rapina comedoras de carne humana que habitavam o lago Estínfalo perto de Corinto. Essas aves eram enormes e com as suas longas asas tapavam os raios de sol não permitindo a agricultura nas longas e húmidas terras. Os locais nada podiam fazer contra elas e viviam temerosos e pobremente por não poderem cultivar. Hércules atacou-as com as suas flechas envenenadas e matou-as todas para gáudio da população que o adorou como a um deus.
O sexto dos trabalhos de Hércules foi limpar os estábulos de Aúgias em um dia. Aúgias foi um dos argonautas companheiro de Jasão no navio Argos em busca do velo de ouro. Esta tarefa era vista como humilhante. O gado de Aúgias era divino e produzia enorme quantidade de esterco, mas Hércules desviou o rio Alfeu e as suas águas limparam todo os estábulos sem que esse trabalho o tivesse humilhado ou tornado indigno da imortalidade.
Seguiu-se a captura do touro de Creta. Conta a lenda que o touro de Creta emergiu do mar Egeu, enviado pelo deus do mar, Poseidon, a pedido de Minos, filho do rei Astério. Minos, cuja sucessão ao trono estava sendo contestada, pediu a Poseídon que intercedesse a seu favor, fazendo surgir das águas um sinal de sua legitimidade. Poseidon impôs a Minos a condição de que o touro deveria ser depois sacrificado em seu nome. Minos, porém, admirado com a beleza do touro branco, misturou-o com outros da sua manada, e sacrificou um animal de menor valor. Esta desobediência provocou a ira de Poseídon, que castigou Minos, tornando o animal incrivelmente furioso. Com isso sua mulher manteve relações com o touro, nascendo, então o Minotauro. O touro passou a aterrorizar a ilha de Creta, atacando a população, que foi forçada a encerrar-se em suas casas. Hércules desembarcou em Creta, subjugou o touro pelos cornos e o levou para a Argólida, onde o entregou a Euristeu. Esse quis entregá-lo a Hera, mas a deusa, não querendo aceitar um presente vindo de Hércules, pôs a fera novamente em liberdade. Teseu (seu meio irmão), mais tarde, acabou capturando-o nas planícies de Maratona.
(Continua)

domingo, 29 de março de 2020

Hércules


Hércules acordou sem saber onde estava nem o que lhe tinha acontecido. Tão forte que era e acabara adormecido. Que lhe acontecera? Lembrava-se de em presença de Hera, sua madrasta, ter perdido as forças, agora acordara ali, num monte, sem de nada se recordar. Resolveu regressar a casa. Sua esposa Mégara e seus filhos deveriam estar preocupados.
O espectáculo que o esperava deixou-o arrasado, seus filhos e sua mulher estavam mortos. Soube pelos vizinhos que fora ele próprio o autor dessas mortes e todos disseram que ao fazê-lo parecia enlouquecido. A sua loucura momentânea era certamente obra de Hera. Esta nunca perdoara a traição de Zeus e vingara-se nele enlouquecendo-o ao ponto de matar os seus. Grande castigo. Como foi Zeus, seu pai, capaz de permitir uma coisa destas?
Hécules entregou-se. Teria de ser julgado pelos seus crimes. Eristeu, o rei de Micenas, deu-lhe uma sentença pesada, doze trabalhos que certamente Hércules não conseguiria realizar e morreria na tarefa. Teria de:
1. matar o leão de Nemeia
2. matar a hidra de Lerna
3. capturar o javali de Erimanto
4. capturar a corça de Cerinia
5. expulsar as aves do lago Estinfalis
6. limpar as estrebarias de Aúgias
7. capturar o touro de Creta
8. capturar os cavalos de Diomedes
9. obter o cinturão de Hipólita, rainha das Amazonas
10. buscar os bois de Gerião
Era uma tarefa hercúlea (termo que ele ainda não sabia vir a existir), mas o nosso semi-deus não se amedrontou e resolveu seguir urgentemente para a Argólia onde, na planície de Nimeia imperava um leão com um couro tão impenetrável que nenhum humano conseguia perfurar, tendo sido devorados todos os que tentaram.
Hércules procurou o monstro e quando o teve frente a frente disparou várias flechas que nem picaram tal fera. Esta atacou de imediato. Hércules com a sua clava, aplicou-lhe tal pancada que o deixou entontecido. Então com as próprias garras da fera, esfolou-o depois de o estrangular. A partir daí passou a usar a sua pele como manto e a cabeça como Elmo.
Hércules dirigiu-se ao lago Lerna, ainda na Argólia, onde vivia Hidra, a serpente gigante de várias cabeças. Nunca ninguém conseguira matar este monstro. Por cada cabeça cortada cresciam duas e envenenava os seus inimigos só com o seu hálito venenoso. Hércules cortou várias das cabeças, mas vendo que era tarefa impossível dado que as cabeças se regeneravam e duplicavam, pediu ajuda a um seu sobrinho, Iolau, que foi queimando as cabeças logo que Hércules as cortava, ficando só a cabeça do meio que hércules decepou com um só golpe. No veneno da Hidra Hércules mergulhou as suas flechas tornando-as totalmente mortais. No entanto, Eristeu não considerou este trabalho por Hércules ter tido ajuda e aumentou a lista que no início era de dez, para mais dois.
11. buscar os pomos de ouro do Jardim das Hespérides
12. capturar o cão Cérbero
O seu terceiro trabalho foi dominar o Javali de Erimanto, que vivia num monte na Arcádia que servia de refúgio a esse terrível monstro que ensombrava a região e enchia de pavor os habitantes e, levá-lo até Eristeu. Hércules com os seus potentes berros fez afastar o monstro e perseguindo-o cansou-o de tal maneira que o capturou completamente estafado. Colocando-o em ombros apresentou-o ao rei que tomado de pavor se refugiou dentro de uma ânfora.
(continua)

sexta-feira, 27 de março de 2020

Anfitrião



Anfitrião olhava a sua bela esposa e deliciava-se com a visão do seu corpo escultural. Os deuses tinham sido pródigos ao conceberem tal mulher. E fora ele o escolhido. Aproximou-se e passando-lhe os braços à volta do pescoço disse-lhe:
 — Sou o mais feliz dos humanos por ter sido contemplado com tão bela esposa, a mais linda mulher de toda a Grécia. Sabes, Alcmena, tenho de ir combater, a guerra em Tebas está no auge e todos somos precisos. Já sinto saudades e ao mesmo tempo ciúmes só de pensar que te vou deixar aqui só, onde tantos, incluindo os meus amigos, gostariam de te terem como amante e te olham como aves de rapina ansiosas por te cravarem as garras. Espero que me respeites e saibas resistir às investidas que por certo terás de aguentar. Todos os que recebo aqui na nossa casa não tiram os olhos de ti e já não sei se vêm por tua causa se pela amizade que me têm.
— Não te preocupes querido marido, só tenho olhos para ti e a minha cama é só tua. Vai em paz e preocupa-te apenas em voltar inteiro. Esperar-te-ei ansiosamente. O teu escravo, Sósia, velará pela minha segurança. Nunca vi homem tão fiel. Quanto aos olhares dos teus amigos tomo-os como galantearia e a todos sorrio e falo da mesma forma. Não me preocupa qualquer deles.
Lá em cima, no Olimpo, Zeus escutava a conversa e dizia para consigo: “Esta mulher tem de ser minha”. Chamou seu filho Hermes e disse-lhe baixinho.
— De que me serve ser o Deus dos Deuses se pretendo aquela mulher e não lhe consigo chegar?
Hermes pensou um pouco e disse:
— Senhor de todos nós e meu pai, sei que essa mulher, Alcmena de seu nome, é fidelíssima a seu marido Anfitrião, mas o Senhor, meu Deus, tudo pode, sei que Anfitrião partirá em breve para a guerra de Tebas, a sua mulher ficará guardada pelo escravo Sósia, nós, como deuses, temos a capacidade de nos metamorfosearmos. Poderá certamente tomar a forma de Anfitrião e eu de Sósia. Assim poderá substituir Anfitrião na cama de Alcmena simulando uma licença. Eu, na pele de Sósia, ficarei de guarda para que ninguém o incomode.
— Olha que boa ideia Hermes. Vamos esperar um tempo para que a pretensa licença de Anfitrião não levante suspeitas. Vou ser paciente, mas mal posso esperar. Sabes que tenho tido inúmeras terrenas, mas esta é especial, aquela beleza interfere com os meus divinos nervos. Esperemos então.
Passara-se um mês desde a partida de Anfitrião quando uma escrava de Alcmena apareceu correndo.
— Senhora, o senhor seu marido acabou de passar o portão principal.
Alcmena alvoroçada correu a receber o seu marido de braços abertos.
— Senhor meu marido não o esperava tão depressa, ainda bem que pode vir até mim.
Zeus (Anfitrião) beijou-a demoradamente e informou que tinha havido umas tréguas e por isso tinha obtido uma licença.
— Minha querida, estou ansioso dos teus carinhos. Prepara-me um banho e espera no nosso leito que irei correndo cair-te nos braços.
Alcmena gostou da fala do marido. Normalmente não se mostrava tão carinhoso e nem sempre tomava banho. Desta vez, estranhamente, estava atencioso e higiénico. Alcmena foi para o seu quarto e preparou-se para receber o seu homem.
Anfitrião (Zeus) chegou envolto num roupão de seda e carinhosamente abraçou Alcmena começando a despir-lhe a roupa interior ao mesmo tempo que lhe beijava o pescoço e o alvo colo. Alcmena estava encantada com esta nova atitude amorosa de seu marido e, enlevada, deixou-se acariciar sentindo todo o erotismo que o marido lhe estava a provocar. Tiveram horas de um amor intenso e Alcmena pela primeira vez conseguira orgasmos sucessivos. Nos dias e noites que se seguiram, as sessões de sexo continuaram intensas e explosivas. Infelizmente Zeus (Anfitrião) teve que “regressar” para a guerra. A Alcmena nunca lhe custou tanto a separação.
Zeus chamou Hermes e regressaram ao Olimpo.
— Hermes, que fizeste ao escravo Sósia?
— Chefe, meu Deus e meu pai. Pu-lo a dormir. Certamente hoje estará um bocado confuso, mas não se lembrará de nada.
— Ainda bem que fiz de ti o deus da magia e da divinação, não foras tu com essa miraculosa ideia e eu não tinha tido este curto período de amor intenso. Alcmena irá ter um filho meu e esse será um dos melhores semideuses. Será um terreno, mas com imensos poderes. Anfitrião vai orgulhar-se desse filho.
… Entretanto na Terra.
Anfitrião voltou da guerra e a vida voltou ao normal. Alcmena estranhou o seu marido. Que se passara durante a licença? O seu homem, já não tinha aquele ar tão carinhoso e o seu amor já não era tão intenso e explosivo. Algo se passara de estranho, mas Alcmena não o confrontou.
O parto correu normalmente. O bebé era lindo e forte. Desenvolveu-se a olhos vistos. Um dia a sua escrava privativa apareceu a gritar que duas serpentes estavam no berço sobre o corpo da criança.
Alcmena e Anfitrião correram temendo o pior. Chegados ao quarto pararam estupefactos, Herácles (Hércules) sentado sobre o berço, segurava uma serpente em cada mão presas pelo pescoço. Tinha estrangulado as duas.
O rapaz cresceu e fez-se homem. Era dotado de uma força poderosa. Casou e acabou por matar a sua mulher e os seus três filhos num acesso de loucura provocado por Hera, mãe de Perseu e também filho de Zeus. Hera nunca perdoou a Zeus ter dado sempre primazia a Hércules em detrimento de Perseu. Hércules foi instado por seu primo Teseu a visitar o oráculo de Elfos para limpar a sua honra. Como penitência teve que realizar doze trabalhos que lhe foram impostos. Realizou-os todos.
Anfitrião acabou por saber da traição de Zeus, mas este lá amenizou a coisa convencendo-o que para ele era uma honra que a sua bela esposa tivesse sido escolhida pelo Deus dos Deuses, e que ter tido um filho como Herácles (Hércules) era uma bênção. Anfitrião convenceu-se e nem contou a sua esposa esta visita do Deus.
Enfim, gosto de receber os meus amigos e recebo-os bem, mas quando me chamam de Anfitrião, não gosto lá muito…