sábado, 15 de abril de 2017

O bichinho da informática


Quando era capitão, pouco antes da minha primeira mobilização para Angola, um amigo que tinha sido admitido na IBM, trouxe-me uma série de testes que tinha feito para a sua admissão. Esses testes eram uma espécie de problemas antigos da 4ª classe e tinham de resolver-se 60 numa hora, o que dava mais ou menos um minuto para cada um. Não era fácil. Esses testes incluíam também uma série de problemas de lógica com séries de figuras para escolhermos qual a que estaria logicamente na posição seguinte. Resolvi aquilo mesmo ali ao pé dele e tive um valor próximo dos 85%. Para entrar era necessário um mínimo de 60%. O meu amigo ficou entusiasmado e começou a catequizar-me para fazer um curso, daqueles para clientes, lá na IBM. A coisa agradou-me e, através da firma onde o meu Pai era contabilista, inscrevi-me e lá fui fazer o curso. Felizmente estava colocado numa situação que me permitia um horário livre. Fiz então um curso chamado de Desenho e Análise, que se destinava a dar a clientes muitas noções de introdução aos computadores, noções base de várias programações, Cobol, Fortran, RPG e o famigerado Assembler. Fazíamos depois os terríveis organogramas e a organização de ficheiros. Temos de lembrar-nos que ainda estávamos nos sistemas 3600 a trabalhar com cartões perfurados. Como gostava da coisa fiquei em 2º lugar num curso de 40 e fui sondado para ficar na IBM. Dado ser militar de carreira obviamente recusei e pouco depois fui para Angola. Muito mais tarde, já Major e prestes a ser Tenente Coronel, fui para a Guarda Fiscal onde se estava a pensar dar os primeiros passos para a informatização. Aí, já na situação de Chefe do Serviço de Finanças, foi nomeado um Major do corpo da Guarda para chefe do Núcleo de Informática, que foi fazer vários cursos e se revelou um elemento excepcional. Foram feitos vários programas para a actividade operacional, até que o Major me veio falar para a possível informatização de toda a situação administrativa. Vieram ao de cima os conhecimentos adquiridos na IBM e, em conjunto com o núcleo de informática, desenhei e elaborei toda a análise para contabilidade, orçamentação, cativação de verbas, conta de gerência, etc. Após isso visitei todas as unidades e dei instrução para a utilização dos terminais.
Ao fim de um ano tudo era feito por computador totalmente “on line” e em rede para toda a GF. Começaram a aparecer os primeiros PC’s e o sistema MS Dos e, rapidamente me meti neles. Ao sair da GF pedi para passar à reserva e empreguei-me numa firma de transportes e, num computador com uma capacidade que estava à distância do meu actual telemóvel como da Terra à Lua, apenas 40 megabytes, montei e executei toda a contabilidade e a gestão de frotas. Uns dois anos depois fui contratado pela Fábrica de Chocolates Regina, para Director Administrativo. Aí, o computador geral já era o 360 e havia por lá dois rapazes bons programadores em Cobol.   A contabilidade foi programada por uma firma exterior e já continha contabilidade analítica, mas não fazia ainda a gestão de custos dos produtos. Estava em voga uma espécie do actual Excel, o QuatroPró, e com ele informatizei toda a formatação de custos de produtos ligando-os à contabilidade analítica. Apareceu então o Windows com associação aos; Excel, Word, Powerpoint e Access. Em conversa com o Major da GF, ficáramos amigos, o bichinho do Access foi entrando e, mais ou menos como autodidacta e umas ajudas, lá fui aprendendo a construir e programar bases de dados. Na altura já era sócio do Clube Português de Tiro a Chumbo em Monsanto e, quando fui convidado para Director Tesoureiro, elaborei Bases de Dados para gestão de sócios com cobrança de quotas e também para gestão da venda de senhas de tiro para as várias modalidades bem como para a gestão de contas bancárias, registo de correspondência, gestão do armeiro, armazéns de pratos, etc.
A actual Base de Dados da Associação dos Pupilos do Exército foi elaborada (a custo zero) à semelhança da gestão de sócios do Clube de Tiro e funciona desde 2009 tendo sido apoiada e alterada sempre que necessário. Muito trabalhinho me tem dado.

Está agora na altura de colocar esta ou outra base de dados a trabalhar na Net, com todas as funcionalidades que isso permite, até por que os meus 80 anos não me vão dar muito tempo para continuar a gerir aquela BD de forma útil. Estamos a pensar nisso e a ponderar formas e custos. Como sempre estarei aqui para ajudar e apoiar. Veremos o que daqui sairá.

sábado, 8 de abril de 2017

A Última Fronteira



Fui ver o filme do Sean Penn “The Last  Face”  que aqui foi traduzido como A Última Fronteira. Sean Penn, além de um excelente actor, entrou bem no mundo da realização. Conhecido pelas suas lutas pelos direitos humanos, este actor/realizador, mostra-nos um filme de amor num cenário de guerras desumanas em África, de rebeldes contra governos, numa ânsia de derrube dos mesmos, não para governarem pelos povos, mas antes pela obtenção de poder que lhes permitirão todos os desmandos para alcançarem riqueza e poder pessoal. Um médico cirurgião, espanhol, de uma ONG “Médicos do Mundo” Dr. Miguel Leon (Javier Bardem) atravessa constantemente fronteiras percorrendo campos de refugiados tentando tratar toda a espécie de doenças e feridos vítimas de rebeldes e governos, onde tudo falta, desde comida, água e medicamentos. Os ambientes são dantescos, em cenários de destruição e sangue. Conhece uma médica americana, Wren Petersen (Charlize Theron) que há muito não exerce, apenas dedicada a angariar fundos, para essas ONG, em festas e reuniões onde todos aplaudem, contribuem de lágrima no olho, mas no dia seguinte seguem as suas vidas de luxo, esquecendo rapidamente o que se passa fora das suas fronteiras e não os afecta. Ambos se apaixonam, mas o amor é quase impossível naquele ambiente que ele não larga e ela não aguenta. O filme é entrecortado com vários “flash back”, onde se mostra o seu encontro em várias situações anteriores e até posteriores, situação que na primeira parte do filme se torna um pouco desconexa, mas que, no decorrer se torna compreensível. O filme é um libelo acusatório às nações que, pelo petróleo e outras matérias primas, e também pela venda de armas, promovem as guerras armando grupos contra governos que depois nunca mais controlam. Um pequeno papel, também de um médico francês, foi dado ao conceituado actor “Jean Reno”. Os nossos protagonistas acabam por separar-se, voltando ele para a sua luta de tentativa de salvador de vidas e ela para os discursos de atenção à causa dos conflitos, não conseguindo ambos os seus objectivos por a luta ser inglória. Mais tarde, após um empolgante discurso e, já no seu camarim Wren recebe a notícia da morte de Miguel, num avião abatido algures na pobre África ao abandono devido às más colonizações que só a exploraram e não a formaram para poder ser governada pelos seus. As cenas de guerra e de encontros armados, não são muito exageradas, mas suficientes para ambientar o espectador. Não sendo nenhuma obra-prima, é um bom filme que se vê muito bem e nos deixa amargos constrangimentos.

sábado, 1 de abril de 2017

O Papa Francisco



As Igrejas não são mais do que seitas. Penso que uma seita também não é mais do que um grupo que se vai organizando por agregação de membros catequizados contra algo que consideram mau ou maléfico, tentando através de ordens (catecismos) impor a sua vontade. A Igreja católica constituiu-se na época de Constantino e teve no Concílio de Niceia as suas primeiras linhas estatutárias. Como todas as seitas, ela foi agregando cada vez mais correligionários, umas vezes pela palavra e muitas vezes pela força. Penso que deve ter sido mais ou menos como no tempo do Estado Novo “se queres ser funcionário público tens de ser Legionário”. Pregando uma moral que convinha aos Estados, era também uma forma de levar os povos para o sossego, que pensando na vida para além da morte, deixavam tranquilos os governantes. Como seita criada pelos estados manteve-se sempre ao lado destes, sejam eles ditatoriais ou democráticos, com poucas excepções. Devido a tal, muitas outras seitas apareceram com ideias, às vezes semelhantes, mas combatendo a organização clerical. Temos os exemplos da Maçonaria, Rosa Cruz, etc., e até algumas satânicas.
As seitas, bem organizadas, sempre tiveram chefes. Na   católica temos o Papa, na Maçonaria os grão-mestres, etc… falemos então dos papas. Estes foram quase senhores do Mundo. Na antiguidade o papa, sediado (não gosto da palavra pois cheira-me a feito de seda), direi, pois, implantado praticamente no centro da Europa, punha e dispunha sobre reis e governos, aceitando-os ou destituindo-os. Com o cisma, as reformas, etc., os reis foram-se impondo e libertando-se desse jugo, que era apenas “divino” e não político.
Tivemos papas bons e papas maus. Alguns, demasiados, foram déspotas, corruptos, desbragados, pedófilos, homossexuais, abusando da luxúria. Com a modernidade foram assentando tornando-se mais cautelosos. Houve também os muito crentes e os assim, assim.
Presentemente temos um Papa de quem eu gosto. Parece bom tipo e, apesar de ainda nada ter alterado, tem uma conversa mais aberta sobre certos dogmas difíceis de entrar em cabeças pensantes. Já houve um que acabou com o Limbo, outro que mandou o Purgatório às couves, outro que não gostava de preservativos e este que agora até defende as mulheres deixando o problema do aborto à consciência das mesmas e até já se armou em bombeiro apagando as chamas do inferno.
Agora, este Papa, decepcionou-me. Penso que o nosso Xico 1º não acredita em Fátima, não pode acreditar que uma terrena, a mãe de Jesus, se tenha armado em tordo e, voando por cima das azinheiras, se tenha dado ao trabalho de vir falar de segredos de alta política e estratégia, como a conversão da Rússia, a três crianças quase analfabetas, em que a mais velha era burra que nem um soco, além de mitómana compulsiva. Já em França, apareceu a “Bernardette”, que além de mitómana era atrasa mental. Como costumo dizer, por que é que a dita santa, não apareceu na faculdade de filosofia falando para uma turma do último ano acompanhada pelo catedrático? Pois, mas o certo é que o nosso Xico vem a Fátima quando eu pensava que não viria. Decepciono-me. Mais uma vez o povo vai ser enganado, quando para lá for à procura de milagres que só acontecem aos paraplégicos mentais. Milagre seria ir lá um tipo sem uma perna e voltar com as duas, mas isso…. Pois sim…
Olha, rapaz Xico, espero que tenhas discernimento suficiente para transmitires ao povo ideias políticas de como democraticamente se devem comportar para levar o poder a pugnar pelos seus direitos e deixes de criar nas suas cabeças ideias de entrega a poderes “divinos” que nada resolvem. Se fizeres isso, estás perdoado.