quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A tristeza do Mundo em que vivemos e a continuação da vida.



Este mundo está a deixar-me triste e zangado. A fúria exacerbadamente capitalista centrada na exploração, a todo o custo, do petróleo, “construiu” a chamada “primavera árabe” para afastar do poder os ditadores, que mantendo governos laicos, conseguiam conduzir os seus países na senda do progresso e estabilidade. Onde havia paz hoje há guerra e destruição. Cidades consideradas património mundial, como Alepo por exemplo, aparecem-nos nas imagens como montes de ruínas sem qualquer consideração pela cultura que desde há séculos nos maravilhavam com testemunhos de civilizações passadas. Milhares de pessoas, despojadas de bens e habitação, tornam-se refugiados, fugindo atravessando fronteiras, em busca de local onde possam sobreviver, deixando para trás as suas terras, as suas tradições e os seus mortos. O meu país está a morrer também a uma velocidade assombrosa. Governados por liberais encapuçados de social-democratas, vamos cada vez mais enfeudando-nos a uma Europa, mal construída, que trata mal os que pouco têm em detrimento dos abastados. O desemprego é tremendo, a fuga de capitais e inteligência é constante. Vemos os pobres ladrões serem condenados por pequenos crimes que, muitas vezes, cometem para poderem sustentar as famílias, quando o grande capital se consegue livrar da justiça por enormes crimes económicos cometidos apenas pela ganância do lucro desmedido ou para aumentarem o seu poder que esmaga e oprime os que pouco têm. A classe média vai-se extinguindo sugada pelos governantes que poupando o grande capital que os sustenta a vai tornando cada vez mais pobre com o excesso de impostos e de cortes nos rendimentos. O crime aumenta. As notícias mostram-nos horrores. Pais metem filhos em água a ferver, matando-os ou violando-os. Cônjuges matam-se uns aos outros por interesses materiais ou por ciúmes exacerbados. Os jovens, abandonando a escola, formam gangues que, desprovidos de escrúpulos, roubam, saqueiam, violam, atacam, sem qualquer medo de uma justiça, que baseada nos direitos do cidadão, os protege e liberta sem os recuperar. As autoridades, cada vez mais desprovidas de força, acabam por se tornarem demasiado complacentes com medo da tal justiça benévola demais com os criminosos, mas demasiado severa para com os que, tentando cumprir o seu dever, se vêm forçados a tomar atitudes às vezes mais duras e tomadas no fervor de lutas. Os governantes maltratam os professores e educadores sendo demasiado complacentes para com os alunos, normalmente maus alunos e indisciplinados. Pois é, não vejo soluções para este país enquanto nos governarmos com esta “democracia”. Enquanto não formos capazes de mudar este regime e construir outro baseado na seriedade, competência e vontade de fazer progredir este país, sem que os governantes só pensem no poder partidário e no seu próprio enriquecimento a todo o custo, não poderemos crescer como povo voltado para valores da cultura e nobreza de sentimentos, para construirmos uma sociedade justa, solidária e virada para o progresso sem veleidades de obtenção de lucros fáceis. Viver com dignidade, justiça, protecção social, estudo, cultura e trabalho seria o desejável. Todos vamos ter o mesmo fim, ninguém é eterno e se houver trabalho, protecção social, justiça e ensino capaz, não será necessária a preocupação de amealhar para deixarmos a quem nos sobrevive. Quem fica continuará a vida como nós a vivemos. Para ajudar a esta triste “festa”, o clima maltratado pelos humanos, manifesta-se provocando cada vez mais cataclismos. Furacões devastam regiões. Chuvas torrenciais destroem culturas, infraestruturas e matam. Tsunamis arrasam, destroem e ceifam vidas. Enfim, tudo isto me deixa triste mas não acabado.
Com tudo isto, apesar de os tolerar e aceitar, cada vez compreendo menos os crentes. Como acreditar na existência de um deus omnipotente, omnisciente, omnipresente e bom? Como acreditar num deus protector de cada um de nós mas que permite tudo isto? Um deus a quem se pedem favores para nós e os nossos mas a quem nada pedimos para os outros? Enfim, medos da humanidade que sempre atemorizou os homens com o “mistério” da morte e a tentativa de perpetuação para além dela.
Como a idade já não me permite, nem a democracia deixa, meter-me em políticas que levem à criação do tal estado no qual gostaria de viver, volto-me para mim próprio continuando a fazer aquilo de que gosto. Com a informática vou tendo oportunidade de criar e melhorar sistemas que implementei. Melhoro, troco, estudo e construo. O computador serve-me também como meio complementar de comunicação entre mim, os meus amigos e familiares. A leitura continua a ser o meu descanso de alma (que é coisa que não existe mas é um lugar-comum) e aprendizagem da vida. Leio tudo o que me parece bom e que me possa aumentar o conhecimento. Um amigo emprestou-me um bom livro que “devorei” em poucos dias “A Verdadeira História da Terra” de Chistopher Lloyd, um relato histórico-científico desde o “Big Bang” até aos nossos dias. Um manancial de cultura e conhecimento. Descobri na minha estante, entre os livros herdados de um tio da minha mulher, um livro que me passou despercebido e que estava entre os não ainda lidos; “Deuses, Túmulos e Sábios” o romance da arqueologia, escrito em 1959 por um alemão, C. W. Ceram. Outro receptáculo de história e conhecimento de como o homem, através das descobertas arqueológicas, foi entendendo e conhecendo o mundo em que vive.
Termino este meu escrito ainda triste pelo mundo que me rodeia, mas acompanhado por aquilo que me aumenta o conhecimento através do que vou lendo, por aquilo que ainda vou construindo, trabalhando e pela companhia e contacto com os meus amigos e família. Conversar e discutir, no bom sentido, ainda é um grande prazer.

Vamos vivendo…