domingo, 22 de dezembro de 2013

Reflexões


Percorro as ruas do meu bairro, mãos nos bolsos, pensamento na porcaria da vida, tentando encontrar uma razão para a existência, não a vejo, não a sinto, realizações já passaram, ficaram apenas algumas situações de utilidade, de ajuda à família, aos amigos, vontade de fazer algo, transmitir algo e não encontro o quê. As folhas mortas nos passeios levam-me a pensar em pássaros depenados. Olho as árvores e vejo-as nuas, semi-despidas, sem graça.  É o inverno, é isso, hoje é o dia 21 de Dezembro. Lembro que a partir daqui o sol vai ganhar à noite e começar a crescer em relação à escuridão. Os antigos festejavam este dia como o dia da deusa da fertilidade. Era o solstício, mais tarde substituído pelo Natal para mudar um costume pagão para outro cristão. Fertilidade… sinónimo de crescimento, progresso, renovação, aquilo que não vejo para o meu país, para  a minha vida, para a do meu filho. Pergunto-me o que terá este povo, que sendo, estoico, trabalhador e aventureiro, nunca foi governado pelos seus iguais, mas sempre por aqueles que se orientaram e se governaram a si próprios não garantindo aos seus pares aquilo que obtiveram para si. Pergunto-me o porquê dos seres humanos desejarem tanto a obtenção de bens materiais em excesso, quando era tão fácil viver com pouco, bastando alimentação, saúde, habitação e educação. Com isso poderíamos trabalhar e obter recursos para distribuir por todos. Claro que isto é utópico pois quem recebe sem trabalhar depressa se habitua e nada fará para contribuir para os outros. Mas os chineses dizem: “ se um homem tiver fome, não lhe dês um peixe, ensina-o a pescar”. Podíamos pois dedicar os nossos esforços a ensinar os outros a “pescar”. Quem não quisesse aprender teria de se sujeitar às profissões mais difíceis e menos remuneradas. Construímos uma sociedade de consumo, conseguimos bens que não nos faziam falta nenhuma, deitámos fora objectos necessários e úteis, só para os trocarmos por outros mais modernos, mais bonitos, com melhor “design”. Pois, mas duram menos do que os outros, já foram concebidos com um prazo de duração mínimo para que se deitem fora e se comprem novos,. porque o capitalismo criou o consumismo e assim é que tem de ser para que as pessoas enriqueçam e possam depois comprar mais coisas de que não necessitam, mas é bom viver bem, mostrar aos amigos a piscina, o “jacuzzi” o BMW o Mercedes e desses bens falar nas festas e reuniões com aqueles que são apenas aproveitadores daquilo que os outros têm e se encostam, fazendo-se passar por aquilo que nunca conseguiram ser mas gostariam. Vão-se esgotando os recursos do planeta, vão se criando pobres e miseráveis vivendo em regiões inóspitas que os matam de fome, sede e doenças e nada fazemos para lhes mudar a vida, antes pelo contrário, sugamos-lhe os recursos que eles não conseguem explorar, não lhes pagando o suficiente para lhes mudar as vidas.
Páro, aproveitando para afagar um cachorro que pacientemente espera o dono(a) à porta do supermercado e penso que bom seria sermos como os outros animais, que não precisam de explorar os seus iguais, limitando-se a seguir os ditames da natureza que sabe muito bem controlar o meio ambiente.
Vou para casa, o natal aproxima-se, temos de jantar com a família e distribuir prendas aos putos que não lhes vão ligar, por calças e camisolas não substituírem as consolas e “Ipod´s” que gostariam de ter para também mostrarem na escola que são ricos, modernos e estúpidos.

Será que me vou aguentar? Vou tentar…

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A Nudez


Os homens, mesmo sem o admitirem, quando se cruzam nus ou até nas casas de banho públicas, têm sempre tendência em dar uma mirada para as áreas que normalmente não andam à mostra. Deve vir talvez da antiguidade esta tendência de olhar o armamento do outro, pois poderia tornar-se um contendor e poderem vir a terçar armas. Estas miradas são normalmente rápidas e disfarçadas não vá o outro, ou os outros, tomarem isso como qualquer forma de apreciação menos máscula. O certo é que, mesmo que o neguem, a maioria o faz.
Eu, talvez por educação familiar e também por ter estudado num internato, os Pupilos do Exército, sempre lidei muito bem com a nudez. Em minha casa a nudez não era problema. Não eramos praticantes de nudismo nem nos passeávamos nus pela casa fora, mas se por acaso acontecia cruzarmo-nos em pelo, não tínhamos qualquer problema com isso. No Pilão, claro está, salvo raras excepções, eu não conheci nenhuma, também ninguém era pudico a ponto de não se despir perante os outros. Na piscina, onde nado quase todos os dias, aparece de tudo. Desde aqueles que já vêm de casa com o fato de banho vestido e que tomam duche com ele, até aos que quase se escondem para trocar a cueca pelo calção de banho e também os completamente despudorados que se passeiam mostrando e alardeando todos os atributos. O certo é que quase todos dão as tais miradas talvez para fazerem comparações de “armamento”. Umas vezes ficarão basto satisfeitos outras tristes. Comparações para quê? Sempre se disse que os homens não se medem aos palmos e muito menos a centímetros. Aliás os centímetros não têm qualquer influência, pois o que é preciso é que os ditos centímetros, sejam alegres, brincalhões, eficazes e muito cumpridores como dizia o espanhol. A propósito, lembro sempre aquela anedota do tipo que vai “às sortes” e na Inspecção não se quer despir porque tem vergonha. O médico presidente da junta, chama o alferes médico dizendo-lhe:
“ Você, que é quase da idade daquela mancebo, vá lá falar com ele e diga-lhe que tem de se despir, pois se não o fizer é dado como refratário e vai ter problemas” O jovem médico vai lá e pergunta-lhe:
“Então pá despe-te lá, não tenhas vergonha, somos todos homens, não há razão para tal.”
O rapaz lá acaba convencido e despe-se. O médico olha para ele e diz:
“Coitado. tens razão. Não tens “pilinha”. Responde o moço:
Não, não Senhor Dr. Está enganado. Eu não tenho é a perna esquerda”.

Ora aqui está um, que bem gostaria de trocar aquele “mastro” do tamanho de uma perna, por uma perna verdadeira e um artefacto mais maneiroso mesmo de poucos centímetros.
Acho pois que a nudez não deve ser problema. Não me lembro de ter nascido vestido e hão-de me despir para me lavarem quando for para a cremação. Aliás o Adão e a Eva andavam nus e não se importavam nada com isso até darem a dentada no tal fruto proibido, não sei porquê, a maçã até é um bom fruto e faz muito bem, e só depois tiveram vergonha, também não sei de quê, porque se andavam antes porque não depois.

A educação judaico-cristã foi a culpada da associação da nudez ao sexo, considerando este pecado, também não sei porquê quando o sexo é uma coisa tão boa, tão salutar e natural. E assim nascem os costumes bem estúpidos, como por exemplo em certas comunidades dos Estados Unidos, onde a maioria dos pais, a partir de certa idade, já não beijam nem abraçam os filhos, por os contactos poderem vir a ser tomados como possíveis atitudes de cariz sexual. Nada mais ridículo que ver um pai a apertar a mão a um filho. Não há pachorra para tanta estupidez. Eu até curto muito a nudez, principalmente a feminina quando os corpos são esculturais. Devia era ter ido para escultor. Não há mesmo pachorra…