sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O (des)acordo, o “Word” e o corrector.

Estou zangado com o meu computador. Quem lhe mandou deixar actualizar o “word” para o (des)acordo ortográfico? Numa altura que até o Brasil já o suspendeu, Angola e Moçambique nunca o adoptaram e nós, teimosamente, continuamos com ele?
Bah! Estou danado. O corrector ortográfico dá um jeitão. A língua portuguesa é difícil e propensa a que se cometam muitos erros na escrita. Trocar alguns gês por jotas, dois esses por cês, o r antes ou depois do e, etc., é muito comum. Claro que há erros de palmatória que procuro não cometer, tais como escrever e dizer póssamos e fáçamos em vez de possamos e façamos, escrever com hífen as segundas pessoas do singular dos pretérito perfeito (ex: deixas-te em vez de deixaste), etc. Este último erro até é muito aborrecido porque o corrector não dá com ele, ambas as palavras existem, só que em tempos diferentes. Eu posso dizer “fazes favor deixas-te disso” ou “ tu deixaste de fazer isso”. O te depois do tracinho é um pronome pessoal/obliquo/ átono, como agora a gramática ensina. No tempo verbal deixaste, o pronome pessoal pode estar antes ou depois, é tu e pode estar subentendido (ex: “tu deixaste a torneira aberta” ou “ deixaste tu, a torneira aberta?” ou simplesmente “deixaste a torneira aberta”.
Muito bem, são erros que o corrector não detecta e passam muitas vezes, ficando o escrevinhador um pouco mal visto, mas agora, o pior, são os avisos do corrector para as palavras escritas da forma anterior ao (des)acordo. Podemos tomar como exemplo as que escrevi anteriormente, corrector e detecta, lá vem o sublinhado a confundir o pobre do escrevente. Mas eu vingo-me! Clico no acrescentar ao dicionário e pronto, lá enganei o “Word”. Para a próxima já não me chateia.
O Vasco de Graça Moura, no CCB, parece que mandou repor o “Word” anterior, com o dicionário na versão antes do (des)acordo. Eu também podia fazê-lo, mas dá muito mais gozo emendar o corrector.
Muitos dos meus amigos também não vão nesse aborto de mau acordo. Já basta os tipos que trabalham no estado e os pobres dos professores. Alguma vez o Reino Unido fez um acordo ortográfico? E os espanhóis? Os americanos que escrevam o inglês como quiserem e os sul-americanos que tratem a língua e ortografia espanhola como lhes apeteça. Os países de onde a língua é originária estão-se nas tintas. Nós, continuamos pobremente, a sujeitarmo-nos às maiorias. Ainda um dia destes verei portugueses a dizerem para a mulher “Senhora, dispa-se que eu quero lhe usar”. Frase muito ouvida na última versão da telenovela Gabriela. Brrrrr!
Entretanto continuo a borrifar-me para o (des)acordo.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Sobre o que escrever?


Já há muito que nada escrevia para publicar neste "blog". O estado de espírito não tem sido o melhor e a inspiração não aparece. Mas, gosto de escrever e sinto essa necessidade. Penso que escrever é uma forma de comunicação e eu sinto-me um comunicador, mesmo que aquilo que comunique não seja nada de transcendente ou aproveitável. Sou o que se poderá chamar de um conversador, mesmo que sem interlocutor. É isso, gosto de conversar seja naquilo que for. Não é obrigatório conversar sobre temas difíceis ou demasiado intelectualizados. O que importa mesmo é passar momentos óptimos interagindo com os outros. Claro que temos sempre tendência em arrastar as nossas conversas para os temas que mais nos empolgam. É um defeito, mas quem os não tem? O meu então é perigosíssimo, porque adoro uma boa discussão sobre religiões. Sempre me interessei sobremaneira pelo tema. O que levará os homens a necessitarem de uma religião para conseguirem viver consigo próprios? O porquê da necessidade de deuses para complementarem a nossa vida, é para mim um mistério. Vivi até aos dezasseis anos completamente agarrado à religião católica. Sou baptizado, comungado, crismado e casado por essa igreja. Claro que no casamento já me tinha desligado dela, mas a mulher e a família viam nisso uma necessidade e que diferença me fazia a mim? Poderia ter casado por qualquer das igrejas existentes desde que isso fosse da vontade da minha futura mulher. O facto de me ter tornado ateu não criou em mim qualquer animosidade pelos crentes embora não os compreenda. Aliás, não os compreender não é bem. Compreendo que isso os complemente ou que lhes dê alento para conseguirem viver com mais ânimo. Só que não vejo essa necessidade. A vontade própria não chegará? Acreditar em deuses protectores ou redentores é muito difícil para a minha mentalidade. Preciso disso?
Dizem os crentes que deus os ajuda a decidir e traçar rumos para vida que lhes falta viver. Não sinto isso. Com deuses ou sem eles, os factos acontecem e nem sempre nos são favoráveis. Será que, quando o são, foi um deus que os trouxe ao nosso encontro? E quando não são? Foi algum deus que se zangou por não termos vivido segundo os seus preceitos? Mas esses preceitos, os dos deuses, foram estipulados por homens. Será que esses foram iluminados divinamente? Ou souberam aproveitar muito bem os medos humanos e obrigar os homens a seguirem preceitos que lhes serviram para os dominar? É um tema difícil e perigoso. Principalmente perigoso por muitos dos crentes não terem capacidade para aceitarem os que não o são. Muitas vezes um ateu é visto como um anticristo e conotado com o demónio.
Um ateu é aquele, que contrariamente aos crentes, aceita todas as religiões por não acreditar em nenhuma. Todos os outros só aceitam a sua como verdadeira rejeitando todas as outras como não válidas. Se todos pensam assim, logo nenhuma é válida. Tenho montes de amigos crentes e até sei que isso os ajuda a viver. Ainda bem. Sentem-se protegidos. Só que; nos terramotos as igrejas desmoronam-se sobre os crentes e enviam-nos para junto do deus deles, os doidos maléficos desatam aos tiros e enviam também as criancinhas para junto do “criador” e os políticos fazem as guerras e enviam os diversos sacerdotes para os campos de batalha para consolarem os seus apaniguados e ajudá-los a subir para junto dos “divinos chefes” e incutirem aos que não morrem, que a guerra deles é a correcta e, como tal, aceite por deus.
Sempre me interessei por religiões e gosto do tema levando-me a ler muita coisa sobre isso. Acabo por saber mais de algumas religiões do que os próprios seguidores. Mas é um tema polémico e vamos ficar por aqui. Mesmo assim muitos dirão: “Lá está o chato a bater na mesma tecla”. Um amigo até queria que eu desse um curso sobre religiões. Eu? Nem me meto nisso!
Afinal, consegui escrever algo. Ainda bem!