sábado, 31 de dezembro de 2016

A Morte Do Herói Português


(Sobre o livro de Valentino Viegas)

A minha actividade diária de natação, na piscina da Junta de Freguesia de Benfica, tem sido profícua em novos conhecimentos. Desde um professor, músico, cantor, escritor, poeta, Francisco Machado de seu nome e um simpático apicultor que muito me tem ensinado sobre a vida das, como ele, simpáticas abelhinhas, a um ex-funcionário da RTP que cresceu e viveu muitos anos em Marrocos, muitos têm sido os encontros com diversas personalidades que só têm enriquecido os meus conhecimentos. Ultimamente, devido a uma alusão que fiz à beleza das praias de Goa, quando por lá passei há mais de cinquenta e muitos anos, vim a conhecer um goês de nascimento, hoje Professor e Doutor em História, que fez a guerra colonial em Angola, com o posto de Furriel miliciano, por nessa data ainda não ter terminado o curso dos liceus. Como militar de carreira, fiz várias comissões no ultramar, tendo numa delas (1963/65), sido colocado em Nambuangongo, talvez o pior sítio onde fosse possível colocar um militar de Intendência. Devido ao meu espírito demasiado aventureiro aliado ao meu “vício” da caça, não me limitei a passar o tempo dentro do arame farpado e, muitas vezes, acompanhei as tropas operacionais nas suas deslocações, pelo que vivi a guerra de Angola bem por dentro com tudo de mau que teve, mas também com muito de bom que as más situações nos deram de vivência e formação de carácter. Dado tudo isto, eu e Valentino Viegas, assim se chama o nosso Doutor, depressa chegámos a um entendimento enraizado naquela nossa vivência. Foi assim que eu vim a saber que tinha escrito um livro, entre outros, sobre o tema da guerra em África intitulado “A Morte Do Herói Português”, cuja leitura terminei agora e sobre o qual vou tentar escrever algumas palavras. Muito já se escreveu sobre a guerra dita do ultramar e eu próprio também me senti quase na obrigação de o fazer. Muito se disse e infelizmente nem tudo corresponde à realidade. Escritores consagrados, levados talvez pelo seu profissionalismo de ficcionistas, acabaram por escrever textos demasiado floreados, com episódios que, a nós militares, viventes da guerra por dentro, nos aparecem logo como relatos fictícios.
O interessante de Valentino Viegas é que o seu texto nos salta aos olhos logo como verdadeiro e, nós que por lá andámos, acabamos por reviver todas as cenas como se estivéssemos a vivê-las agora. Quer as cenas de guerra, quer as de vivência nos aquartelamentos, aparecem-nos descritas com uma realidade e humanidade impressionantes. Valentino Viegas escreve com uma fluência natural, sem grandes rendilhados nem frases literárias, mas ao mesmo tempo com uma escrita erudita para a qual muito deve ter contribuído a sua posterior formação. Dá-nos, pois, Valentino Viegas, um retracto da nossa gente simples que foi obrigada a partir para um continente inóspito, que nada lhes dizia, sem um queixume, convencidos, pelo regime que aqui viviam, que iam lutar pelo todo da nossa Pátria. Esse retracto mostra-nos, não só o seu comportamento em combate, mas também as influências psicológicas que sofreram pelo afastamento das suas terras e famílias. Chamo a atenção para o capítulo onde se refere a história da Joana, uma criança que foi adoptada pelo militar que lhe matou os pais, episódio excepcionalmente bem escrito e com grande carga psicológica. De realçar o pensamento do autor, quando confrontado com a morte, ao colocar em dúvida os desígnios de Deus, ao perguntar-lhe: “Mas porquê? Porquê?”. Um ateu, como eu, não teria esse problema, agora um crente a quem ensinaram que deveria temer um Deus Todo Poderoso, que tudo pode e tudo comanda, mas que põe e dispõe das vidas de cada um a seu belo prazer, é realmente de causar muitas dúvidas. Valentino Viegas foi condecorado com uma Cruz de Guerra.
O autor não pôde deixar de fazer referência a outra guerra por ele vivida, a invasão de Goa pela União Indiana, e dedica a este evento um capítulo onde descreve a invasão, a sua origem e as suas consequências.
É, pois, uma edição de Livros Horizonte que recomendo para que não se perca o que foi a vivência, à época, dos jovens portugueses que fizeram aquela e outras guerras que não deviam ter acontecido.


sábado, 17 de dezembro de 2016

25 de Dezembro



Em Roma proliferavam, em reuniões subterrâneas, umas profecias atribuídas a um tal Chrestus, do qual falara o historiador judeu Flávio Josefo. Os ouvintes e seguidores das ideias desse profeta, eram principalmente escravos e romanos das classes mais baixas, uma vez que os senhores do império tinham como normas as provenientes dos seus deuses e era nos templos, aos mesmos dedicados, que faziam as suas preces e promoviam rituais. Claro que as regras desses deuses eram estabelecidas mais à medida destes senhores e bastante permissivas com o seu modo de vida em consonância com os seus bacanais e diversões perversas, tais como espectáculos de morte no circo, quer com animais quer com seres humanos. O tal Chrestus, que pregava na palestina, defendia o ascetismo, o despojo de bens materiais em favor dos desprotegidos, a não violência, a prática do bem e a compensação de todas essas virtudes seria uma vida para além da morte cheia de venturas nos céus junto dos deuses. Depressa os seguidores destes princípios se tornaram uma seita religiosa. As suas reuniões eram normalmente secretas e recatadas em catacumbas ou locais não divulgados a não seguidores. Mais tarde, quando essa seita já se tornara uma religião designada por cristã, uma vez que Chrestus se transformou em Cristo, mas isso já é outra história que não cabe aqui, pois dá pano para mangas, Constantino (272 a 337 DC), imperador de Roma a partir de 306, estava farto de problemas que algumas revoltas de escravos causavam ao império e da diversidade de deuses que tudo permitiam aos seus seguidores, tendo conhecimento das ideias professadas por aqueles a que já chamavam cristãos, resolveu fazer com que essa fosse a religião a adoptada por Roma para apaziguar os ânimos. Interessava-lhe mais uma religião que advogava a pobreza, a não violência, sem compensações materiais e apenas compensações celestes. No concílio de Niceia (325) reuniu os vários chefes religiosos já existentes, e aí estabeleceram os primeiros princípios por que se deveriam reger as igrejas e os seus seguidores. A maioria dos Romanos esteve-se nas tintas e, continuou a adorar os seus próprios deuses e, segundo dizem, até o próprio imperador seguindo aquela máxima, faz o que eu digo não faças o que eu faço, dizia-se cristão, mas continuava a adorar os deuses antigos muito mais pacholas e alegres. Só mais tarde em 379, o imperador Teodósio tornou a religião cristã como obrigatória e religião oficial de Roma. Esta religião baseou-se em quatro dos muitos evangelhos que apareceram escritos, mas como eram os únicos que endeusavam o seu personagem principal, Jesus dito o Cristo sinónimo de ungido, foram aqueles declarados verdadeiros tornando-se todos os outros, e foram muitos, apócrifos e ordenada a sua destruição (gostava de saber porque foram escritos tantos e tão divergentes). Esta religião, dita cristã, foi depois espalhada pelo mundo ocidental pelo império romano e depois totalmente imposta pela força na Idade Média. Ai de quem a contestasse, bem era frito e supliciado pelos inquisidores.
Todo este arrazoado histórico, talvez cheio de erros, dado que não sou historiador e apenas vou apanhando umas coisas por aí, serve como intróito para o estabelecimento da data 25 de Dezembro, como nascimento de Jesus qualquer coisa, pois Cristo não era nome.
Esta data foi adoptada como nascimento de Jesus pelo Papa Libério (352 a 366). Portanto, no concílio de Niceia Jesus ainda não tinha data de nascimento.
Na antiguidade, os cultos chamados pagãos, festejavam muito a produtividade, dado que eram a Terra e o Sol os “humos” das culturas necessárias à vida. E assim, todos os deuses solares e redentores tais como, Mitra, Baal, Baco e alguns outros antes e depois, eram festejados no solstício de Inverno, dia em que a luz ganhava às trevas, pois a partir daí o dia começa a ganhar à noite. Era em 25 de Dezembro que estas festas pagãs se realizavam. A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) tinha todo o interesse em transformar essa data numa festa católica para ir substituindo as comemorações pagãs. Uma vez que esses deuses anteriores eram deuses solares que se representavam com uma auréola irradiante na cabeça, quer Jesus quer os santos passaram também a serem assim representados. Aliás, a ICAR copiou muita coisa de outros deuses, inúmeros nasceram de virgens a 25 de Dezembro, foram anunciados por pássaros, tal como Hórus, por um corvo, eram apresentados com animais, tais como carneiros, morreram supliciados em madeiros, ressuscitaram ao terceiro dia (aqui a ICAR enganou-se escrevendo isso, na prática foi para aí dia e meio). Mitra foi o deus mais copiado e cuja vida tem mais semelhanças com a vida de Jesus. Temos, portanto, uma festa natalícia cuja data foi marcada pelo papado e a partir daí começou o ano um da era de Cristo. E até este ano foi mal calculado. Só em 1582, o papa Gregório XIII, decidiu substituir o calendário da era de César, por um calendário Cristão. Chamou um matemático, o frade Dionisius, o Exíguo, parece que a estatura não era compatível com a sabedoria, e ordenou-lhe que determinasse o nascimento de Jesus. O nosso bom frade fez contas baseando-se em factos descritos nos evangelhos e calculou que estariam 1582 anos depois do nascimento de Cristo. Feitas as contas depois para trás parece que se chegou à conclusão que o bom do fradinho meteu água em quatro anos pois Herodes já teria morrido nesse ano um. Enfim, mais ano menos ano tanto faz.
Transformou-se esta data na festa da família, cada vez mais desvirtuada pelo mercantilismo aproveitador destas efemérides.
Vamos, pois, comemorar os 2016 anos do “nascimento” de Jesus e aproveitem dado que nem todos o podem fazer.



sábado, 12 de novembro de 2016

O Pedinte Esfomeado



Nos meus passeios aqui pelos meus domínios, vou muitas vezes para as hortas em frente ao Colombo. É talvez uma forma de matar saudades do campo onde fui criado e muito aprendi. Vejo casais, ambos a trabalharem, elas de fatos-macaco, alguns até muito sofisticados, eles a cavarem, de luvas, o que revela já uma classe não campesina, mas que tem a sua horta de onde colhe bons frescos e tenta tratar dela sem estragar as mãos para não aparecer no escritório com aspecto de lavrador. Faço uma flexão, direito ao Colombo, onde entro, mudando completamente de ambiente, este já mais sofisticado e citadino, onde montes de gente se desloca de um lado para o outro, fazendo algumas compras ou até não comprando nada. Também nada compro, pois, só o faço quando vou com essa intenção e, nessa altura nada vejo por apenas caminhar direito à loja de destino, comprar e andar. Depois de ver o ambiente e apreciar algumas raparigas bem vestidas, ou seja, às vezes pouco vestidas, mas bem, saio do Centro e sigo pelo passeio passando pelo muro do Hospital da Luz. Junto a este muro está sempre sentado num banquinho, um homem com aspecto de sem-abrigo, com um alguidarinho de plástico na frente e um cartaz onde se pode ler “Estou com fome”. O homem deve ser um esfomeado, pois perto do meio-dia levanta-se pegando na tralha e indo embora. Volta pelas 15H e continua com fome. À hora que deixa o local e depois à hora que volta, dá toda a ideia que vai almoçar, talvez fazendo uma sesta para depois aguentar mais uns tempos até às 8. Penso que o indivíduo ou come pouco ou faz depressa as digestões. Assim que se senta, monta a banca e lá está o cartaz “Estou com fome”. Se come pouco é porque não precisa de mais, ou então é somítico. Não deve ser por falta de dinheiro. Já tenho andado por ali com a pachorra de passar várias vezes e fazer um pequeno cômputo dos seus proventos. Muitas senhoras, que já são “habitués” e o conhecem bem, quase todos os dias lhe deixam o seu óbolo e os passantes aleatórios também vão deixando. Este senhor faz-me lembrar um invisual que tocava violino, muito mal, e todos os dias ia comer uma carcaça, sem nada dentro, ao café onde eu tomava a bica ali para a rua dos Lusíadas quando eu trabalhava na Regina. Pois o Sr. João, assim se chamava o pedinte, entrava, trocava o dinheiro conseguido por notas e comia o tal pão simples que o dono do café não lhe cobrava. Quando se ia embora, eu e o dono da casa ficávamos comentando o porquê do homem não comer nada dentro do pão. Foi então que fiquei a saber que ele o fazia para não ter que pagar o valor da sandes, que lhe seria naturalmente cobrado. Assim, comendo só o pão, ficava de borla. Dizia-me então o Sr. que o “Ti João” era um unhas de fome pois fazia por dia uma boa maquia que trocava ali de manhã, quando vinha da baixa e de tarde quando ficava ali pela zona. Não lembro agora quanto, mas lembro que fiz contas na altura e aquilo dava um bom ordenado ao fim do mês. O homem tocava tão mal que deviam pagar-lhe bem só para não o ouvirem e o “Stradivárius” era já uma rabeca ranhosa com um som de fazer arrepiar os cabelos. Mas, voltando ao nosso pedinte, tenho verificado também que não trabalha aos fins de semana. Não deve precisar. Pelas minhas contas e pelas moedas que vejo colocadas no alguidar, o Sr. deve fazer um bom ordenado. Ah! O “pobre” tem uma coisa boa. Está sempre calado, não precisando de pedir. O cartaz faz isso por ele. Vou muitas vezes dali a pensar que seria uma boa ideia deixar crescer barba e cabelo, vestir calças rotas, ténis velhos e sujos a condizer, pegar no meu banco da caça de espera, e passar ali uns dias, ao solinho, descansando e pensando, para depois produzir uns escritos já em casa e bem instalado. Talvez consiga duplicar a minha pensão. Seria bom.

domingo, 6 de novembro de 2016

A Danação de Fausto


Normalmente, depois de chegar da natação, aproveito as minhas manhãs para vir até ao computador ver os mails, os postes do Facebook e ler algumas noticias. Aproveito também para ligar ao canal Mezzo e assim vou estando entretido com fundos musicais do meu agrado. Hoje, domingo, ao ligar o Mezzo, deparei com o início da ópera “La Damnation de Fausto” de Hector Berlioz. O surpreendente é que apresentava uma encenação totalmente modernista, com projecções computorizadas e cenários envidraçados com armações de latão, fazendo lembrar gaiolas por um lado livres, mas por outro inacessíveis onde raparigas seminuas dançavam de forma erótica e os rapazes, também em reduzidos trajes, tentavam aceder aos seus chamamentos, apenas conseguindo tocar os vidros. Comecei por estranhar, mas aos poucos fui ficando pregado à TV fascinado pelo que ia vendo. Entretanto, num enorme ecrã acima, milhões de espermatozóides travavam a sua luta contra a distância a percorrer na tentativa da criação de uma nova vida. Surrealista sem dúvida.
A história de Fausto tem vindo a ser contada de variadíssimas formas, todas elas baseadas na vida do alemão Dr. Johannes George Faust que foi, médico, alquimista, mago e cientista que viveu entre 1480 e 1540. Dizia-se que punha a ciência e a alquimia à frente de todos os desejos e a sua morte foi considerada como sobrenatural e diabólica. Ficou célebre o poema trágico, em duas partes, de Johann Wolfgang von Goethe.
Baseadas neste poema foram compostas duas excelentes obras musicais da autoria de Charles Gounod e Hector Berlioz. Esta última, apresentada na sua verdadeira versão em 1849, uma ópera também possível para “ballet”, tem tido várias encenações. A que vi no Mezzo, encenada na ópera da Bastilha em Paris, é completamente apocalíptica. O encenador Alvis Hermanis transformou Fausto em cientista deste século, concretamente em Stephen Hawking.
O encenador concebeu a ideia de levar Fausto para Marte, mas sem volta. Foi essa a sua condenação. Ao final da história de Fausto, demasiado extravagante, foi-lhe dado completamente a volta, e Fausto assim, já não desce aos infernos acompanhado de Mefistófeles com melodias satânicas e cantos diabólicos.
Nesta versão vemos Jonas Kaufmann, tenor alemão no papel de Fausto e Bryne Terfel, barítono galês, no papel de Mefistófles. Não identifiquei a cantora que interpreta Margarida. Kaufmann é um tenor de uma voz muito clara, um tenor spinto e Terfel um baixo-barítono muito certo, com uma voz muito agradável e límpida.
Relembro que Fausto, coloca o conhecimento acima de todas as coisas a ponto de entregar a alma ao Diabo em benefício do saber total. Mas o amor a tudo dá a volta e apaixonado por Margarida, tenta convencer Mefistófeles a devolver-lhe a alma. O Ser diabólico não lhe concede o desejo e Fausto acaba por descer aos infernos redimindo a alma de Margarida que alcança o reino dos céus.
Na encenação que agora vi, Fausto é enviado para Marte de onde não regressará. Será, talvez, o reinício da vida, mas noutro planeta. Interessante. A música, além de uma arte sublime, é ao mesmo tempo intemporal e, sobre qualquer delas, seja de que época for, conseguem-se contar as mesmas histórias de forma variada não fugindo à sua essência. Um bom espectáculo que merecia ser visto numa boa sala. Limitei-me à minha sala de estar e já foi muito bom. Para ficarem com um “cheirinho” desta excelente ópera aqui vos deixo um link da marcha Húngara com a orquestra dirigida pelo grande maestro indiano Zubin Mehta:

https://www.youtube.com/watch?v=qhQZn2MWhR8

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Papa Francisco


Lembro-me do padre que dava religião e moral, no Pilão, antes do padre Rui, não lembro agora o nome, talvez Gomes (?), fazer descrições terríveis do inferno. Eram tão aterradoras que Dante, certamente, ficaria arrepiado ao “ouvi-las”. Dizia ele que no inferno só havia trevas e chamas e a minha cabeça pagou caro ter-lhe chamado a atenção que ao pé das chamas não poderia haver trevas. O ponteiro, com a parte grossa virada para a frente, quebrou-se na minha pobre “tola” com grande vigor. Intimamente chamei-lhe aqueles “nomes” que normalmente usávamos para tal gente. Vem esta evocação a propósito das recentes declarações do Papa Francisco de que não há chamas no inferno e que as figuras de Adão e Eva descritas no Génesis, não são reais. Sendo totalmente contra à classe sacerdotal, sejam os de alá, deus, Jesus ou quaisquer outros, admiro a coragem deste padre que, contra a ortodoxia da igreja, vem desmistificar certos dogmas que até aqui eram, pela hierarquia das igrejas, considerados imutáveis.
Só quem não leu a bíblia, com olhos de ver, é que consegue acreditar em tais patranhas. Qualquer cérebro, mesmo de funcionamento mediano, “vê” a incongruência da coisa. Mas, o que me admira no meio de tudo isto, são certos indivíduos, que deveriam ser inteligentes, pela educação recebida, que se abespinham todos contra o Papa Francisco, por fazer tais declarações. Vejam-se as opiniões expressas no Facebook.
Tais opiniões fazem-me lembrar os tempos da idade média, em que a igreja proibia, excomungando, e às vezes “fritando”, todos os que se armavam em exegetas e opinavam sobre o conteúdo do chamado livro “sagrado”. Naquele tempo a Hermenêutica não era ciência que pudesse sair da área da igreja. Ainda bem que, felizmente, aparecem indivíduos como este Papa, para que as nossas criancinhas não sejam educadas a acreditarem em parvoeiras tais como, céu, inferno, purgatório, limbo e outras que tais, como mulheres a engravidarem aos 90 anos e tipos a viverem até os 900, outros a fazerem parar o sol e alguns a terem a coragem de imolar os próprios filhos, em louvor do seu deus. Haja esclarecimento e decência.


terça-feira, 26 de julho de 2016

A Vingança dos Deuses



Como sabem eu sou ateu e, como ateu, tento desmistificar todas as religiões. Mas, aceito-as. Quando digo aceitar é não ostracizar quem as segue e as professa mas, no entanto, não desisto de apresentar os argumentos que penso serem suficientemente evidentes para as colocar no lugar que elas devem ter, isto é, crenças arreigadas pela interferência familiar na infância, depois “enformadas” nos cérebros pelas catequeses ou madraças. A ideia de deus nasce da ignorância. Tudo o que era desconhecido era atribuído a poderes sobrenaturais e aí nasceram miríades de deuses com as diferenças entre eles tal qual as diferenças dos povos que os imaginavam. Deus é um produto da imaginação dos homens. Sem homens não havia deus. Durante os milhares de anos em que não havia homens deus não existia. Aliás, mesmo existindo homens, se estes não tivessem pensamento, deus não existiria também. Os diferentes deuses criados pelo homem sempre se combateram como o homem sempre se combateu. Deus serviu para que algumas elites conseguissem o poder, criando, “mandamentos” que atemorizassem os homens que, tendo consciência da morte, achavam que se deveriam perpetuar para além dela. Essas elites transformaram-se em “igrejas” e estas criaram os seus sacerdotes que até aos nossos dias vão mantendo o poder de “salvar” ou condenar almas aproveitando os medos e superstições. Para atemorizarem os incautos, os deuses foram-se tornando cada vez mais despóticos e cruéis, condenando e eliminando com cataclismos terríveis quem fugisse às suas leis. Quando os homens começaram a “fugir” a esse deus colérico, os sacerdotes tentaram encontrar formas de que os seus deuses mandassem à terra os seus “filhos” que, como deuses enviados, seriam redentores de todos os pecados humanos, pregando uma “salvação” na vida eterna. Assim surgiram ao longo dos tempos, formas antropomórficas de deuses, tais como Hércules, Mitra, Krishna, Jesus, etc… Todos esses deuses “viveram” pouco tempo e todos eles “morreram” de forma violenta. Todos tiveram uma história idêntica, nascendo de “virgens”, no solstício de inverno, pregando o bem, renegando o mal e advogando a pobreza pois assim davam aso a que os seus sacerdotes e, os governantes a quem apoiavam, pudessem usufruir da riqueza que os outros criavam e depois desprezavam. Esses deuses, não passaram de semi-deuses. Parto a cabeça a pensar como é possível aceitar um deus, ser omnisciente, omnipotente e omnipresente, que “faça” um filho numa terrena, para vir em seu nome, tentar fazer o que ele não foi capaz. E depois o que vemos nós? Que fez esse deus homem? Aliás o que faz agora como espírito santo cheio de bondade? O homem continua ignorante, bélico, prepotente e estúpido, mas vai morrer na mesma e por mais que se entregue nas “mãos” de deus não encontrará nada onde se perpetuar. Por mais manifestações antropofágicas nas igrejas, comendo o corpo de deus e bebendo o seu sangue, nunca conseguirá atingir um limbo quanto mais um paraíso. Pó e apenas pó se tornará.
Tudo isto vem a propósito dos recentes atentados que grassam por essa Europa fora. Aproveitam as diferenças religiosas para tentarem justificar estas matanças. Não o façam porque é um erro tremendo. Todos os que praticam estes actos têm apenas motivações políticas ou de vingança pelo que lhes foi infligido pela ganância. É a ganância de poder e bens materiais que leva os povos a guerrearem os outros. Evangelizar? Democratizar? Pois sim! Leiam livros de história, vejam o que foi perpetrado pelos homens desculpando-se com a propagação da fé. Vejam o que os religiosos fizeram, castrando corpos e mentes para conseguirem apaniguados.

Não falem em “guerras” santas. Limitem-se a falar de conquista e de vingança. Os deuses sempre foram muito vingativos.

terça-feira, 12 de julho de 2016

O Castelo



(Gostaria de ser Kafka para poder escrever sobre Kafka)

Já li tanto e afinal tenho lido tão pouco. Fugi sempre de ler Kafka pela fama que o autor tinha de ser demasiado complexo e difícil. Resolvi ler o Castelo e digo-vos que afinal as opiniões estavam certas. O livro é difícil e difícil é escrever algo sobre ele.
Este livro, sendo de uma escrita corrente e descomplicada em termos de cursividade, é duma complexidade tremenda em termos de conteúdo. Um homem, considerado estrangeiro, por ser de fora, chega a uma terra com uma carta de chamada para exercer a profissão de agrimensor.
K, é esse o seu nome apenas, repare-se na inicial, ao chegar, prepara-se para se dirigir ao castelo, origem da carta que tem no bolso. A partir daqui é colocado perante várias dificuldades de atingir o seu objectivo apesar dos esforços que vai despendendo. Prosseguindo na sua vã tentativa de atingir o Castelo (o poder), vai conhecendo vários habitantes da aldeia que, por um lado, o vão admirando pela sua determinação de lutar contra o poder instituído, mas por outro lado, lhe vão criando imensos problemas, criticando-o por vir destabilizar a forma, acomodada, como viviam sob aquele poder, que respeitavam e até defendiam. Trata-se pois, de poder, do povo sob o mesmo, mas que até o defende por dele depender, e da oposição minoritária, que vai lutando contra tudo e contra todos tentando desmontá-lo, mas que só encontra entraves e desconfiança. Mesmo os poucos aliados que vai conseguindo, por um lado admirando-o pela sua coragem, por outro, criticando-o pela ousadia da sua tentativa que os destabiliza, acabam por o abandonar. O estranho da narrativa, é que toda ela se processa numa dialéctica nada adequada aos personagens, gente pobre de baixas profissões, mas rica e inteligente como se de intelectuais se tratasse. O Castelo, muralha intransponível e inacessível, com os seus senhores, que “despacham”, não em gabinetes como seria de esperar, mas numa pousada “Pousada dos Senhores”, em quartos, com os seus criados, secretários e servidores, todos eles, conhecidos pelos nomes, mas tão distantes e descaracterizados que muitos não os reconhecem, não se relacionam com quase ninguém abaixo da sua condição com excepção de algumas raparigas da aldeia com quem vão mantendo algumas relações, completamente dessentimentalizadas.
A forma como as personagens se relacionam e se entrecruzam, cria um sentimento de repulsa ao leitor a todo o ambiente, percebendo-se que a luta de K. é inglória e que ele próprio se vai acomodando com aquilo que o deixam ser e não com aquilo que quer ser. Enfim, a eterna luta contra um fascismo emergente numa Europa inter-guerras. Uma tentativa do homem contemporâneo em luta pela liberdade e contra os impérios. A influência da literatura de Kafka tem-se estendido a vários autores e em várias épocas. Lembro um, japonês, que admiro bastante, Haruki Murakami no seu “Kafka, à Beira-Mar” sobre o qual escrevi há pouco tempo. Bastante notória é também a influência de Kafka no seu romance “O Admirável País das Maravilhas e O Fim do Mundo”.


quarta-feira, 15 de junho de 2016

Sexo na praia


Pois é. Sexo é uma coisa boa. E tão boa é que todos os animais o praticam. Não sei como seria na pré-história. Será que os homens o praticavam em conjunto? Ter sexo em privacidade é bom. Podemos dar largas à imaginação e até portarmo-nos como a bicharada. O homem, como ser inteligente, juntou o sexo ao erotismo e à lubricidade. Fazer sexo ao ar livre é uma libertação e ao mesmo tempo uma aventura. Hoje em dia é perigoso. Há por aí muito tarado que anda à procura dos incautos, não só para vislumbrar, como também para participar se tiver oportunidade. As frustrações que a vida impõe fazem com que nem todos tenham oportunidade para ter sexo livre e consentido. Mas, umas escapadelas dentro da mata ou atrás das dunas da praia dão uma sensação de coisa proibida e, portanto, mais apetecida. A educação judaico cristã, devido ao medo de que o poder das mulheres se tornasse demasiado, fez do sexo um pecado e um tabu, colocando nas fêmeas o odioso, porque elas eram a tentação. Mas os homens, que não resistiam a essa tentação, nunca eram os culpados. As igrejas, principalmente as das religiões do livro, puseram no sexo o estigma do pecado, mas para mulheres e crianças. As crianças nascem do sexo, mas não devem saber que é assim, para só “pecarem” quanto mais tarde melhor. Só que as crianças de hoje estão-se nas tintas para isso e chegaram à conclusão que têm tanto direito como os adultos. Cada vez começam a sua vida sexual mais cedo. Antigamente nós também o desejávamos e só não o fazíamos, e alguns fizeram-no, por medo. Só que hoje o medo deixou de existir e a rapaziada dá largas aos seus gostos eróticos sem obrigação de casamentos forçados e outras parvoíces do género. A grande gaita é que atrás do sexo vem procriação e a maioria dos jovens não pode, nem deve tratar de criancinhas sem ter como os sustentar e educar. Cabe, portanto, aos adultos, em vez de reprimir, informar dos perigos e como os evitar. Nem sequer hoje vale a pena reprimir instintos. Não sei se uma criancinha de seis anos, distraída na praia com os seus brinquedos, deu pelo sexo que a mãe estava praticando com o “namorado, amante, companheiro” ou com o homem com quem vivia. Mas, houve um energúmeno, certamente frustrado ou abichanado, que resolveu fazer um vídeo da cena e ganhar dinheiro com ele. E aí foi um ai jesus, coitadinha da criancinha que teve de assistir a cena tão vil. Certamente a criancinha não terá dado por nada e, se deu, até terá gostado que a sua mãe e o namorado estivessem tão bem e tão carinhosos um com o outro. Tira-se agora uma filha à mãe, talvez por decisão de um juiz que muito gostaria de ter coragem para fazer amor na praia com alguém de quem gostasse. Temos agora várias frustrações: a mãe arrependida do que fez, a criança por se ver afastada da mãe e o padrasto por, num momento de gozo e prazer, ter provocado tudo isto. Pergunto: Não teria sido melhor não chatear e deixado correr o marfim?
Fosse eu juiz e quem ia parar ao chilindró era o maquiavélico “cineasta” amador frustrado.
Ao Juiz que tirou a criança à mãe mandava-o ir para a praia e que se fosse forn**** para outra comarca. Agora podem chamar-me nomes que eu não me importo…


segunda-feira, 13 de junho de 2016

O meu gosto pela música


Normalmente almoço acompanhado, mas de quando em vez faço-o sozinho. Quando assim acontece, aproveito para ligar ao canal Mezzo e acompanhar o repasto com as boas melodias que ali se transmitem.
O canal Mezzo apresenta, muitas vezes, obras tocadas no teatro  Mariinsky, o célebre teatro de São Petsburgo, assim nomeado em homenagem a Maria de Hesse-Darmstadt, Imperatriz Maria Alexandrovna, esposa do Czar Alexandre II. Há um busto da Imperatriz no foyer da entrada principal. Isto da internet é um bilhete de viagem a qualquer lugar.
O maestro Valery Griegiev, amigo pessoal de Putin, foi, e não sei se ainda é, durante muitos anos o seu maestro principal.
Um dos exercícios a que me dedico, é fechar os olhos, e tentar identificar pelo som, os diversos instrumentos que vão actuando. Hoje, ao escutar vários concertos para piano de Sergei Prokofiev, errei várias vezes. Fico danado. Confundir um clarinete com um oboé é coisa imperdoável a quem gosta de música, mas às vezes acontece. Penso que é um problema da idade. O meu filho, 26 anos mais novo do que eu, tem uma memória auditiva que me espanta. Quando não estou certo do nome de qualquer obra musical, ele acerta quase sempre. Claro que tudo isto não passa de manias de velho. Obviamente que não há ninguém capaz de fixar todas as obras, clássicas e não clássicas, que se compuseram e outras que por aí vão aparecendo, mas eu vou tentando.
Nestes concertos transmitidos pela TV, uma das coisas que me espanta, é o conhecimento que o realizador tem que ter, de música, para poder mostrar, em tempo oportuno, o instrumento ou naipe de instrumentos que estão tocando. Das duas uma, ou vão buscar realizadores maestros, ou os tipos têm a seu lado assessores, que em tempo oportuno, lhes indicam qual a câmara que têm de colocar em transmissão. Não me parece um exercício simples, o certo é que vão mostrando aquilo que realmente está acontecendo o que revela uma excelente coordenação.
E agora vou interromper porque vai dar, do teatro “Scalla”, a Missa de Requiem de Verdi, e isso não se pode perder. Sou ateu, mas uma coisa que eu agradeço às religiões são as inúmeras obras de arte que estas influenciaram nos autores artistas, quer na pintura quer na música. Esta obra é uma delas. Já volto...

O requiem acabou. Música fantástica. Entre este e o de Mozart fico indeciso. Talvez o de Mozart seja mais empolgante. Segundo o filme de Milos Foreman, foi António Salieri que ajudou Mozart, no seu leito de morte, a acabar o seu requiem, o que parece não ter sido assim. Foi a própria mulher de Mozart que acabou a obra com ajuda de alunos do marido. António Salieri foi um bom compositor. No filme é mostrado um antagonismo quase feroz para com Mozart. Julgo que nem isso foi verdadeiro. Bem, mas foi o de Verdi que estive a ouvir e não lhe fica atrás. Uns corais fantásticos e uma música vigorosa. Se foi destinada a um defunto, (Alessandro Manzoni) esse não a ouviu, mas os vivos só têm a agradecer. Acabei por deixar arrefecer o almoço e tive de o meter no microondas. Tomei café a seguir como se tivesse saído da sala de concertos em Milão. Talvez Verdi não tenha sido considerado um génio como Mozart ou Bach, mas foi um virtuoso cheio de talento. Para mim foi génio.

sábado, 4 de junho de 2016

Um blog deprimido



Hoje fui visitar o meu blog. Nunca tinha visto um blog tão zangado: ꟷ Que andas a fazer? Não me ligas há montes de tempo. -- Fiquei realmente um pouco constrangido. Um blog chateado com o seu mentor é algo estranho. Mas compreende-se. Ter um blog e não o alimentar deixa qualquer blog depressivo. Mas isto de ter blogues não é fácil. Temos de ter a mente livre e leve para o relacionamento. Se estamos ocupados, pesados, tristes, depressivos ou exacerbados com diversos assuntos, acabamos por nos esquecer daquele blog amigo a quem confiamos as nossas mentes e devaneios. Depois os dias vão passando, vamos ocupando o tempo com outras coisas e o pobre blog lá vai ficando esquecido. Tenho agora uma dívida para com ele. Vou ter de encontrar assunto para o alimentar e contentar. Mas o quê? A política já nada me diz, apesar de agora andar melhor. O António conseguiu uma coisa que eu há muito desejava. Unir os partidos que pugnam realmente pelo cidadão acima do capital. Quando, antes das últimas eleições eu e o meu filho conjecturávamos sobre o que ia suceder após, e ele se mostrava algo desiludido por se prever a nova vitória, mesmo sem maioria, eu dizia-lhe: ꟷ Deixa, pode ser que o PS se una à esquerda. ꟷ Pois. Retorquía ele. ꟷ Parece que não conheces o PS, nunca se uniu à esquerda e esteve sempre mais ao lado da direita. ꟷ Desta vez não vai ser assim. ꟷ Insistia eu. ꟷ  Confio no Costa, vai de certeza arranjar uma alternativa para não permitir a continuação deste desgoverno que nos está a empobrecer. E foi, felizmente. Agora aguardemos, mas tenhamos esperança. E lá acabei eu por falar em política, assunto que cada vez mais me desmotiva. Também ando um pouco afastado das leituras. Ando a ler Kafka, “O Castelo”, mas muito devagar, o que não é meu costume. A leitura não é fácil e deixa-me um pouco deprimido. É uma narrativa, que parece simples, mas tem muito que se lhe diga. A luta de um cidadão contra as normas impostas pelo poder, parecendo simples, é muito complexa e, cria no leitor um desconforto e aversão, não só ao poder, como também a todos aqueles que a ele vivem agarrados e que dele usufruem e criam um clima de oposição aos que se lhe tentam impor por direito de liberdade. Assim, vou fazendo uns intervalos para que a minha mente se livre do clima de hostilidade que vou criando para com aquela sociedade. Quando mais calmo, volto à leitura, mas devagar. De tudo isto o meu blog não tem culpa. Só que é ele que vai ficando abandonado. É ainda o meu “Pilão” que me vai ocupando o tempo. Tratar e manter a base de dados dos sócios, escrever algo para o boletim da Associação, comparecer em alguns dos eventos programados, reunir com a direcção, passar pela sede e apoiar o nosso funcionário.
Bem, como mais nada tenho e já que escrevi este “lamento”, vou coloca-lo no blog. Pode ser que ele me aceite e me vá perdoando a inépcia.


domingo, 6 de março de 2016

Ainda o futebol


Se fosse crente diria: “Meu Deus, porque é que o futebol não é só visto por pessoas educadas, inteligentes e clarividentes?”
Isto a propósito do jogo de ontem entre o Sporting e o Benfica em alvalade. O Sporting jogou mais que o adversário, mas perdeu. E perdeu porque como diz o brasileiro “Futibol é bola nas rede”. E é mesmo, o Benfica não jogando mais, foi mais eficiente e o Sporting, com mais oportunidades, não teve eficiência. E não me venham com “Ah pois, mas rematou aos postes e à trave, etc…” As traves e os postes, assim como o guarda-redes, fazem parte do jogo e umas vezes defendem outras não. “Ah, mas aquele avançado foi travado em falta e o árbitro não assinalou… “. Pois coitados, só os nossos são bons e os outros umas pestes capazes de matar e esfolar…
Estou farto de dizer que isto não tem nada a ver com desporto. Pierre de Coubertin pintaria a sua cara de preto de tão envergonhado que ficaria ao ver como hoje as massas se portam no tal futebol que para mim não é desporto, mas sim confronto entre empresas que ganham e desperdiçam milhões a pagar a artistas, quando pelo mundo fora grassa a fome a e a miséria.
Artistas esses que enfermam muitas vezes do mesmo mal, isto é, mentes mal formadas que, pasme-se, até pedem aos seus deuses que lhes traga a vitória e os defenda dos azares e castigue o “desgraçado” adversário com a derrota e todos os males.
Foi confrangedor ver no final do jogo aquela jornalista, fazendo apenas o seu trabalho, querendo ouvir opiniões e ser confrontada com indivíduos frustrados, mesquinhos e ordinários que, a coberto do anonimato, ao passarem, nos mimosearam com frases vernáculas que qualquer carroceiro do século XIX não diria, com medo de ofender a alimária que à sua frente puxava o veículo garantindo assim o seu modo de vida.
Como é possível? Quase todos nós temos simpatias clubísticas. Quase todos nós gostamos de assistir a um jogo, bem jogado. É bonito ver a evolução e construção de jogadas quando efectuadas com talento e mestria. Mas também nos ficará bem, quando o nosso clube perde ou os jogadores não finalizam como deviam, criticarmos os nossos sem apontarmos culpas para os outros. Infelizmente não é assim. O povo, frustrado pela porcaria de vida que tem, vai para os jogos extravasar toda a sua fúria e deita cá para fora todo o rancor e raiva voltando-se apenas contra os adversários e o árbitro.
Muitas vezes a culpa é dos dirigentes, que durante a semana bolsam barbaridades causando clivagens que as claques continuam nos campos.
É triste. Amigos zangam-se, casais, pais e filhos dividem-se.

Agora vou para o “Facebook” ler as alarvidades escritas por pessoas que tinham obrigação de ter mentes sãs. Vai ser giro, ao menos divirto-me com a tristeza…

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Maria Clara

Excerto do meu livro "O Sem Abrigo", ainda em fase de ultimação.

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Maria Clara deixou o autocarro e dirigiu-se ao Centro Comercial. Ainda bem que a sua amiga Manuela lhe arranjara aquele emprego. Não ganhava muito mas sempre era alguma coisa que, em conjunto com a pensão do marido, dava para viverem os três com os mínimos aceitáveis. Onde estaria o Alberto? Desde que encontrara o bilhete na mesa-de-cabeceira, nada mais soube dele. Sentia-se mal por ter contribuído para a sua fuga. De que viveria? Teria arranjado alguém? Os filhos sentiam saudades e ela dava-lhes esperanças de que o pai voltaria.
 – Vão ver que qualquer dia aparece por aí. O vosso pai é empreendedor e de certeza vai conseguir obter aquilo que pretende para poder voltar.
O que dizia saía da boca para fora mas sem grande convicção. Sabia que a vergonha de não ser capaz de prover às necessidades da família tinha sido a causa do seu afastamento. Sentia saudades do seu homem, mas os tempos estavam maus e não iria ser fácil para ele encontrar soluções. Se não conseguisse nunca mais voltaria. Sabia como ele era capaz dos maiores sacrifícios para manter as suas decisões. De qualquer modo esperaria por ele. Era o seu homem. O facto de se ter ausentado sem carteira nem documentos preocupava-a. De certeza tinha mudado de identidade para não ser encontrado. Sobre as suas dúvidas não falou com os filhos.
Chegou à loja antes da hora. Desligou o alarme e abriu a porta. Começou a preparar tudo para a abertura. No meio da manhã a sua amiga apareceu;
 – Então Maria Clara, como vai o negócio?
– Olha, amiga, para os tempos que correm isto até não está mal. Vendi dois conjuntos de saia e blusa, duas malas e um lenço de pescoço. Se continuar assim enriqueces num instante e vais passar férias para as Caraíbas.
– Pois. Faço isso quando arranjar um homem que mereça a minha companhia. Pelo que sei deles, amanhã não será a véspera desse dia.
Maria Clara tinha pela amiga grande consideração. Divorciada, conseguira com os parcos recursos que amealhara e alguma ajuda da mãe, arrendar aquela loja. Assim que se livrou do marido, que era um grande calão e pensara viver à custa dela, deu a volta por cima e emancipou-se totalmente. Desinibida, bonita, elegante e culta, era requestada por imensos homens, mas Manuela não se deslumbrava. Saía de vez em quando com algum que lhe agradava, mantinha um romance durante uns tempos e largava-os quando as coisas começavam a entrar na rotina. Era a forma, dizia ela, de ter homem sem compromissos. Maria Clara gostaria de ter feitio para isso, mas os filhos e a esperança de que o seu marido voltasse inibiam-na. Mais de uma vez esteve para aceitar o convite da amiga para saírem juntas e irem beber um copo a um bar, mas não era capaz. Limitava-se a ir com ela até um cinema e sempre às matines. Depois a amiga levava-a a casa no carro para junto dos filhos.
– Assim – dizia-lhe Manuela, – ainda vais para freira ou envelheces em menos de um fósforo e, quando deres por ti, estás velha e perdeste a tua vida à espera de um homem que fugiu das suas obrigações.
– Não digas isso, a grande culpa foi minha pois não o apoiei o suficiente e ainda por cima só lhe dei cabo da cabeça acusando-o de não ter sabido cuidar dos negócios. Ele não teve qualquer culpa. O mercado absorveu-o e liquidou-o. Sinto-me imensamente mal por não o ter apoiado mais e não lhe ter dado incentivos para aguentar. Agora não sei nada dele, se é vivo ou morto, onde está ou, estando vivo, se está bem ou mal.
− O Alberto, pelo que sei dele, é um tipo esperto, honesto e cumpridor. Foi-se embora para não vos sujeitar ao seu fracasso, mas tudo muda e nesta vida nada é definitivo, se surgir uma oportunidade ele agarrá-la-á e volta para vocês. Tem paciência. E, como parece que gostas muito dele, uma vez que lhe continuas fiel, espera e serás recompensada.
Manuela foi-se embora quase ao fechar da loja. Maria Clara preparou tudo para o dia seguinte. Fez as contas, meteu o dinheiro num envelope dentro da mala e saiu. Ainda no Centro depositou o dinheiro no cofre nocturno de uma das dependências bancárias. Em casa, os filhos já tinham preparado parte do jantar e estudavam nos seus quartos. Preparou o resto da refeição e chamou os filhos para a mesa. Viram televisão até às dez e mandou os pequenos para a cama. Maria Clara ficou um pouco mais mas deitou-se antes das onze. Já na cama pensava como seria bom ter o marido a seu lado.

Recordava como ele era terno e amoroso para com ela, como faziam amor sem tabus ou quaisquer complexos. Um frémito percorreu-lhe o corpo e pegou num livro para tentar apagar as visões. Pouco depois adormecia com a luz acesa deixando cair o livro.
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Zora


Excerto do meu livro (não publicado) "Caçador Branco"


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Zora varria a varanda da casa. Já alindara tudo o que pudera, não havia um grão de pó em lado nenhum, Lavara os cortinados e pusera-lhes uns acessórios para lhes dar outra graça. Lavara os frigoríficos e arcas congeladoras, os quartos estavam limpos e arrumados, a roupa de Ricardo e Rogério lavada e engomada. Já não tinha mais para fazer e não sabia como ocupar o tempo. Pensava no seu homem. Como gostaria de ter ido com ele para a caça e viver todas aquelas aventuras. Sabia que um dia o perderia. Sabia que a mulher da vida dele era a outra, aquela branca linda e culta que cheirava a perfume. Não lhe queria mal, a moça gostava do mesmo homem que ela e tinha-o conhecido primeiro. Fora-se embora e deixara-o. Não se poderia queixar por agora Ricardo dormir com ela. Zora era suficientemente esperta para saber que o seu caçador branco não a amava, mas tê-lo na cama era bom demais e enquanto durasse ela tinha a sensação de que ele lhe pertencia. Como ela gostaria de ter conseguido sair dali e após a saída da missão ter ido estudar para a capital e quem sabe, talvez sair do país e conhecer outras terras e civilizações.
Recordava o pai que sempre tomara conta dela mesmo após a morte da mãe, a fula mais linda que tinha aparecido na sanzala vinda do norte e que não tinha resistido a um ataque de malária.
O pai ficara sempre com ela e tratara-a fazendo de pai e mãe. Recordava os pretendentes que quiseram levá-la para as suas palhotas mas nunca aceitara nenhum por ter voos mais altos que infelizmente não conseguiu concretizar. Quando aquele branco doido pela caça apareceu, o seu coração disse-lhe logo que era daquele que gostava e só daquele seria, mas o branco trazia mulher e a ela só coube o lugar de empregada da casa. Agora tinha-o mas não sabia por quanto tempo. Seria bom enquanto durasse. Esperava que o seu caçador se mantivesse por ali durante muitos anos. Voltar para junto do pai não era o que desejava, mas esse estava a ficar velhote e mais tarde ou mais cedo teria de cuidar dele.
O sinal do rádio a chamar veio acabar com os seus pensamentos. Zora dirigiu-se ao rádio e atendeu. Era Bwango.
– Olá cara linda. Daqui é o teu velho admirador. Como vai tudo por aí?
– Oi! Bwango! Está tudo bem? Continuas sempre o mesmo. Sabes de quem eu gosto. Deixa-te desses piropos.
– É pena menina. Fazes falta em minha casa.
– Deixa-te disso e diz-me como está Ricardo e todos os outros.
– As operações estão a correr bem, vão a caminho da região das palancas. Levaram Tembo com eles que bem contente ficou por poder caçar com o seu herói. Diz aí aos homens que vai tudo bem e que se o patrão se demorar por lá, quem vai fazer os pagamentos sou eu, pois foram as ordens que Ricardo deixou. Adeus cara linda. Vou dando notícias quando as houver.
– Adeus Bwango, cá fico à espera.
Zora deixou o rádio e foi até lá fora para falar aos homens. Deu-lhes as notícias e voltou para casa. Aquilo era esquisito. Não era costume Ricardo ausentar-se tantos dias e ir para tão longe e esta de ser o Bwango a comunicar também não era costume, algo se passava de estranho e ela não sabia o que era, mas o seu instinto não augurava nada de bom. Ricardo não costumava levar com ele rapazes novos e pouco experientes. A caça tinha os seus perigos.
Esta de Tembo os acompanhar era demasiado estranho. Foi até ao seu quarto e vestiu-se um pouco mais agasalhada e saiu de casa. A noite estava fresca lá fora. Zora encaminhou-se para a sanzala, já há uns dias que não via seu pai.
No regresso a casa, depois de ter deixado o pai, a noite tornou-se mais cálida. Zora sentou-se na varanda, na cadeira de baloiço do seu Ricardo, coisa que só fazia na sua ausência, pensava no pai que felizmente estava de saúde e ainda bem activo. Depois deixou transportar os pensamentos até ao seu amor e adormeceu. Um grito de uma hiena, demasiado próximo, fê-la acordar. Deixou a cadeira e foi até ao seu quarto depois de fechar portas e janelas, não com medo de que alguém entrasse, felizmente por ali nunca tinha havido o mais pequeno roubo ou qualquer outro crime, mas a bicharada poderia entrar e isso sim, poderia ser perigoso.
Já no seu quarto, na sua cama individual, despiu-se e lavou-se cuidadosamente antes de ir dormir contemplando-se, completamente nua, no grande espelho que Ricardo tinha posto na parede para ela se arranjar e poder ver-se de corpo inteiro. Continuava esbelta e de pele sedosa. Não seria por aí que o seu amado a deixaria.

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domingo, 7 de fevereiro de 2016

Índios e Squaws

Há uns dias encontrei um amigo que já não via há uns tempos e, tendo-o achado com um ar um pouco acabrunhado e esquisito, perguntei-lhe o que se passava, se andava doente, etc. Que não, não era assim nada de importante mas lá acabou por me confessar porque andava triste e deprimido: “Sabes pá… como eu era danado para a “brincadeira”, não me escapava uma, mas agora… isto está mau a cabeça pensa o resto não funciona e blá, blá, blá…”
Procurei acalmá-lo dizendo-lhe que isso agora já não era problema, existem muitas soluções, que fizesse como o Futre ou que procurasse ajuda e se a coisa não resultasse mesmo que comprasse uma cana de pesca, a proximidade do mar, pelo ar e pela vista, descansa o cérebro.
Depois de nos despedirmos, resolvi escrever uma brincadeira para o animar, pois o “rapaz” também costuma ter a paciência necessária para ler o meu blog. E saiu isto:


Índios, cowboys e Squaws

É sabido que a rapaziada quando começa a ter uns aninhos a mais do que a conta volta à juventude e até, muitas vezes, à meninice. Já com uns anitos bem bons ainda me apetece brincar e uma das brincadeiras de que mais gosto é das “coboiadas”. Brincadeiras de índios e “cowboys” só têm graça com as “Squaw” e “revólvers”. Pois! “Squaw” ainda tenho e felizmente danada para a brincadeira, mas o pior é o “revólver”. Já de modelo antigo, farto de dar tiros, está bastante gasto e começa a enferrujar. Uma vez que a brincadeira ainda me passa pela cabeça, resolvi pedir auxílio e lembrei-me do “Manitu”. Claro que esse, lá no seu trono celeste nada resolve e mandou-me pastar caracóis ou ir à pesca e deixar-me de pensamentos estúpidos, pois já tinha muito boa idade para estar em casa a ver filmes. Que ficasse por aí e já era bem bom. Ná! Não era comigo, nos filmes não se goza nada, participar na brincadeira é que é bom. Lembrei-me então do “feiticeiro curandeiro” e lá fui eu indagar do tipo se tinha alguma “mezinha” que reparasse “revólvers” antigos. Ainda bem que me lembrei dele. Depois de algumas perguntas sobre se usava outras soluções para o coração aguentar as “guerras”, lá me mostrou uns pós que reparavam o instrumento guerreiro. Há de tudo, pós azuis, rápidos e eficientes mas pouco duradouros, pós castanhos que reparam bem e até dão para “brincar” durante todo o fim-de-semana e outros, que não se prolongam tanto no tempo, são usados para grandes e duradoras brincadeiras. Foi um êxito. A partir daí farto-me de “brincar” e o “revólver” até parece um “Colt 45” da última geração. Até o agente 007, que entra sempre em grandes “coboiadas”, teria inveja se visse a minha “performance”. A minha “Squaw” coitada, que nunca sofreu de dores de cabeça, agora até já se queixa de tanta “brincadeira”. Não há dúvida, estes “curandeiros” de agora servem-se de “mezinhas” milagrosas para dar alegria aos “rapazes” mais antigos que, como eu, ainda gostam de brincar. Vivam pois os pós milagrosos que dão alegria de viver a “índios” e “Squaws” já velhotes mas em bom estado de conservação. “Brinquemos” pois com muita alegria e vivacidade porque parar é morrer.


Depois disto, espero que o meu amigo se deixe de súplicas divinas, porque segundo consta aquilo lá em cima é demasiado “conventual” e nada feito. Procure mas é o curandeiro e siga a opinião do Futre. Pós milagrosos resolvem a questão e ”prá frentex”. Passe lustro na “carabina” e brinque aos índios e cowboys que já nos resta pouco e brincar é que é bom. O saudoso Jorge Amado, no seu Livro “D.ª Flor e Seus Dois Maridos” lá dizia por intermédio do seu personagem Mundinho: “Flor, meu amorrr, vamos vadiá?”

domingo, 24 de janeiro de 2016

Direita! Esquerda volver!


Confesso que ainda não percebi bem o que se passa em Portugal em termos de Direita e Esquerda. Penso que os portugueses ainda não se livraram do Salazarismo nem do comunismo.
Mesmo aqueles que nasceram depois do 25 A, ou que eram muito pequenos, ouvem dos pais que naquele tempo é que era bom porque havia ordem e respeito. Ora, ordem e respeito é aquilo que há nos cemitérios. Outros misturam socialismo com comunismo e este é igual a: União Soviética, Lenine, Trotsky, Stalin e gulags.
Comunistas? Brrrrr; Ai que me tiram tudo; Ai que comem criancinhas ao pequeno-almoço; Ai que mandam os dissidentes para a Sibéria; Ai que nos obrigam a andar todos de ganga ordinária; Ai Jesus que nos acuda de tal desgraça…
Estes, que assim pensam, esquecem que estamos no século XXI e em democracia.
O pior de tudo isto é que vejo tipos que se intitulam de direita e esquecem a sua ascendência humilde que lutou arduamente para lhes dar uma educação que os guindou aos lugares que hoje ocupam, muitos deles até, correndo riscos de serem apanhados e torturados pela polícia política pela ânsia que tiveram de liberdade. Passei a minha juventude nos Pupilos do Exército, onde o meu Pai me meteu para que eu tivesse a melhor educação possível e não andasse cá por fora a fazer asneiras para as quais era um pouco propenso. Lembro-me muito bem que os maiores maldizentes da alimentação que nos era servida serem, na sua maioria, os que em casa só comiam sopa e batatas cozidas por não haver dinheiro para mais. Sempre comi o que me deram e diga-se que até com bastante apetite e na minha casa nunca se comeu mal. O meu Pai era civil e ganhava bastante bem para na época poder pagar os 500$00 da mensalidade e os 6000$00 de enxoval. Isto em 1948.
Hoje, coronel reformado vejo-me aflito para viver com uma pensão que não leva aumentos desde as calendas gregas e ainda foi sujeita a cortes e impostos elevadíssimos. Mas tenho a consciência que até sou um privilegiado ao pé daqueles que ganham ordenados e reformas miseráveis.
A rapaziada acha muito bem que se viva com 500 €, mas vivem com mais de 5000 € e ainda querem muito mais. Isto para não falar das grandes fortunas que por aí grassam. Por isso são de direita. Por isso defendem salários baixos, precariedade de emprego, possibilidade de despedimentos ao critério do patrão, privatização de todas as empresas estatais, tudo privado, nada no estado. São racistas e xenófobos porque raças diferentes têm costumes diferentes e estragam-lhes o conjunto. Africanos devem voltar para a África, estrangeiros para a terra deles e ciganos são para matar à nascença. Lutam contra o direito ao aborto, mas as suas mulheres fazem-nos em boas clínicas. As outras que tenham filhos, mesmo que não tenham dinheiro para os sustentar nem possibilidades para os criarem condignamente. Por isso são contra os que são de esquerda porque esses são pobres, mal vestidos e mal cheirosos.
Mas esquecem que ser de esquerda é ter sensibilidade, é ter consciência de ver que é necessário apoiar o povo, dando-lhe educação, trabalho, pão, habitação, cultura, paz, harmonia, justiça e saúde. Que todos têm direitos que não devem ser usurpados, que é preciso receber condignamente os que nos procuram dando-lhes apoio mas também castigo se não viverem segundo padrões da legalidade. Mas ser de esquerda também é limitar a ganância e fazer com que aqueles que conseguem grandes fortunas, muitas vezes sabe-se lá como, sejam obrigados a contribuir para o estado com impostos elevados e, isso sim é social-democracia.

Portanto, não tenham medo da esquerda porque essa não vos vai tirar os BMW para ficarem com eles e darem-vos os Fiat 500. A esquerda só é feia porque a maioria é pobre, mas não é pobre de espírito. Lavem-lhes a cara, eduquem-nos e vistam-lhes “smokings”. Vão ver que também conseguem ficar bonitos.