sábado, 28 de janeiro de 2023

A Casa de Bernarda Alba.

 

 

A instância de meu filho fui ao teatro da Comuna ver A Casa de Bernarda Alba. Confesso que se não tivesse lido o resumo da peça não teria percebido nada daquilo. Uma arena razoavelmente grande, com cadeiras à volta onde os espectadores se sentavam, tendo atrás de nós e a nossa volta muitas portas abertas, em paredes negras, com luzes difusas no interior. De uma das portas sai um actor vestido de branco, de bengala, falando. Era Bernarda Alba. Aparecem depois as 5 filhas, também representadas por cinco homens, descalços de calções e camisa branca. Vem depois um actor negro, também descalço, era a filha mais velha, fruto de uma primeira união de Alba, de seu nome Angústia. Outro actor, vestido de branco, calçado, representava a criada, pessoa que por fazer já parte da casa, se permitia a muitas considerações e conselhos. Outro actor, esse bastante mais velho, representava a mãe de alba, por contraste menos conservadora do que a filha.  Como é sabido, o autor, Garcia Lorca, foi um activista poeta defensor da liberdade e fuzilado pelas tropas franquistas com dois tiros na cabeça e um no traseiro por ser homossexual. Nesta obra ele retracta a forma como as famílias mantinham as suas filhas, praticamente em cativeiro e longe dos homens. Apenas Angústia namorava um rapaz, de janela, que era um conquistador galanteador. O drama desenrola-se precisamente pelo confronto entre as irmãs estando a mais nova, já mais evoluída, secretamente apaixonada pelo noivo de sua irmã. O espectáculo tem bastante movimento já que os actores correm de uns lados a outros com movimentos quase que acrobáticos. No final a filha mais nova acaba fazendo sexo com o seu apaixonado e aparece nua da cintura para baixo pelo que se vê o actor de pilinha pendurada. Depois de várias acusações da parte de todos acaba despindo-se totalmente e suicida-se enforcando-se na cena final, aliás bastante bem encenada.

Já cá fora, eu e meu filho, comentando o espectáculo falávamos que o facto de ser representado só por homens, punha em realce o espírito machista das mulheres da época.

Enfim, não é teatro que me encante, mas… vê-se…