sábado, 12 de maio de 2018

Uma tarte de cascas de batata.



Ao lerem este título, os meus amigos leitores destes pobres artigos aqui do meu blog e que não sejam muito cinéfilos, devem dizer: “Este tipo pirou de vez”.
Normalmente, quando me apetece ir ao cinema, não perco muito tempo com a escolha do filme a ver. Vou a Net, ligo para o “site” do Corte Inglês (fica-me relativamente perto, tem 15 salas e não pago parque), leio as sinopses e vejo os “traillers”. Esta 6ª feira 11 de Maio, ao fazê-lo, deparei-me com um título a que achei uma certa graça. Guernsey – Sociedade Literária da Tarte de Cascas de Batata”. Curioso, fui ler a sinopse e pareceu-me que o argumento teria algo de interessante. Os outros filmes ou já os tinha visto, ou não me disseram nada de especial. Fomos, pois, eu e a mulher, ver o filme em questão e, digo-vos que não me arrependi por várias razões:  
  
1. É cinematografia inglesa.
2.  É sobre livros.
3.  É sobre relações humanas.
4. É sobre sentimentos.

Não sendo nenhuma obra de arte ou um filme excepcional, deixa no espectador a ideia de que vale a pena ajudar pessoas a ultrapassarem sentimentos reprimidos, exorcizando os seus fantasmas através da doação total daquilo que têm de melhor, amor e compreensão.
Começa por eu nem sequer saber da existência de uma ilha britânica, na mancha, junto à costa de França e que esse território tinha sido ocupado pelo exército alemão durante a 2ª guerra mundial. Mas vamos ao resumo da história:
No pós-guerra em Londres (1946) uma escritora/jornalista, Juliet Ashton, não muito famosa, mas que acabara de ter algum sucesso com o seu primeiro livro, recebe uma carta de um agricultor de Guernsey, chamado Dawsey Adams, na qual lhe revela que tem um livro que lhe pertence ou outrora lhe pertenceu por conter uma dedicatória que lhe é dirigida pelo autor. Curiosa, inicia uma série de correspondência com Dawsey e com várias pessoas da ilha que lhe revelam fazerem parte de uma sociedade literária, que no fim é um grupo que se reúne a miúde para lerem livros em conjunto. O nome nasce devido a um episódio passado durante a ocupação ao serem apanhados em incumprimento da hora de recolher, por terem estado reunidos a comer um porco assado que sonegaram à rapacidade das tropas alemãs, acabam por justificar que estavam apenas a ler numa sociedade. Tendo-lhes sido perguntado que sociedade era essa, um dos intervenientes, que tinha feito e levado uma tarte de apenas com cascas de batata (pouco mais havia para comer), mostra-a e tenta dá-la a provar aos militares. Estes recusam e acabam por deixar seguir o grupo. Pelos vários depoimentos que vai obtendo, Juliet começa a interessar-se e a pensar que aquela história poderia muito bem ser o argumento do seu próximo livro. De tal maneira se deixa envolver pelo assunto que resolve visitar aquela ilha deixando para trás os seus anteriores planos com muita pena do seu editor e do seu riquíssimo namorado americano.
Na sua permanência na ilha desenvolve uma relação de amizade com toda a comunidade, principalmente com os membros da Sociedade Literária da Tarte de Cascas de Batata. Mas dentro dessa sociedade há fantasmas nas mentes de alguns por casos passados durante a ocupação, que as pessoas há muito escondem, mas que a pouco e pouco vão revelando.
Tudo o que Juliet ali vive, entra de tal modo na sua vontade de ajuda que a leva a constituir laços de grande amizade com todos os intervenientes e até de amor que a pouco e pouco começa a sentir por Dawsey, mas ao qual tenta não ligar em demasia. Mas tudo isso vai modificar a sua vida. Na ilha conhece pessoas boas, pessoas más, alguma inveja e também traição. E mais não digo para não tirar o interesse a quem queira ver o filme. Digo-vos que dei por bem empregue o tempo que levei a vê-lo.
O elenco não é muito conhecido, dado a nossa grande tendência para os filmes americanos, mas todos excelentes actores, principalmente a protagonista, Lily James, que nos transmite uma simplicidade de carácter com uma profusão dos mais belos sentimentos. A realização é de Mike Newell que já nos tinha dado filmes como “Quatro Casamentos e Um Funeral", "Harry Potter e o Cálice de Fogo", "O Amor em Tempos de Cólera", "Grandes Esperanças", etc.
Vão ao cinema ou aproveitem-no mesmo em TV quando aparecer. Vão gostar.