quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Iliteracia, ignorância e incultura



Iliteracia = incapacidade para perceber ou interpretar o que é lido. Não, isto não tenho. Leio bem, depressa e não me escapa nada.  Ignorância = Estado de quem ignora. Bem! Não percebo nada de Física Nuclear, de culinária, altas matemáticas (já não passo da fórmula resolvente das equações do 2º grau), de puericultura e da cultura da batata. Sou ignorante. Incultura = Estado de inculto. Cultura é conhecimento. Falta de cultura é falta de conhecimento. Sou inculto. Nunca li a Ilíada, o Homero que me perdoe (pelo menos sei quem foi o autor). Há tanta coisa que não conheço, como por exemplo a forma como se reproduzem os protozoários, etc.
Costumo dizer; aquilo que não sei dava para fazer uma enciclopédia. Diria muito mais, umas três enciclopédias, mas gostava de saber e até procuro saber, só que a idade já não ajuda e as bases também faltam.
Isto vem a propósito daquelas pessoas que tudo sabem e sobre tudo opinam com uma prosápia tremenda, dizendo normalmente uma súcia de disparates, mas absolutamente convencidos que são os maiores e mais sabedores. Mesmo quando apanhados em incorrecções, nunca dão o braço a torcer e acabam sempre justificando a asneira com maior asneira. Ninguém é obrigado a saber tudo e saber tudo é completamente impossível a qualquer ser humano. Normalmente um indivíduo é considerado culto, quando consegue abarcar vários assuntos e falar sobre eles com um certo à-vontade, mas não tendo a veleidade do conhecimento total.
Quem não sabe cala-se e ouve. Para a próxima já sabe mais.
Não há nada pior que discutir um assunto com alguém teimoso que, não sabendo nada de nada, se arma em sabedor insistindo na asneira. Recordo sempre aquela velha anedota da senhora que quando lhe perguntaram se conhecia Chopin, respondeu que conhecia muito bem pois viajava com ela todas as manhãs no autocarro das 9. Não custava nada ter dito simplesmente não. Mas hoje, as pessoas querem parecer cultas e ricas, quando muitas vezes não passam de ignorantes e pobres. Parecer culto fica bem e passar por rico ainda melhor. Claro que acabam por ser desmascarados e a realidade fica bem pior.

Hoje, uma grande percentagem dos portugueses é iliterata, não porque não saiba ler, mas pela incapacidade de perceber aquilo que lê. A maioria é incapaz de preencher um formulário sem ajuda, porque lê-o mas não o interpreta. Os jovens, no secundário, têm dificuldades em resolver problemas por má interpretação dos enunciados. Não se consegue raciocinar sobre um problema se não o compreendermos aquilo que se pretende com a pergunta. Enfim, continuamos a querer um ensino obrigatório de 12 anos quando a maioria deveria sair ao fim de 9 e já é muito porque anda por ali a mastigar sem nada aprender e a gastar do erário. Aprendam pois bem português e saibam interpretar textos. Aprendam matemática porque essa está em tudo e serve para resolver quase tudo. Depois leiam muito e metam o nariz em tudo. Quando não souberem algo procurem vir a saber. É para isso que servem os dicionários e as enciclopédias. Hoje até têm a Net que, apesar de lá ter muita porcaria, também ensina muita coisa. E sejam humildes, quando não souberem não armem em espertos sabedores. Acabam por mostrar a vossa ignorância o que é bem pior. Ah! E façam mais, não mandem calar aqueles que falam do que sabem, pois só mostram que querem continuar a ser ignorantes.