segunda-feira, 27 de março de 2023

O Fazer anos.

 


Fazer anos não é mais do que passar de um ano para o outro. Ontem tinha 86 e hoje já tenho 86 e um dia, mas o certo é que quando me perguntarem a idade vou dizer que tenho 86 até que mais um ano passe. O certo é que tudo é relativo. Ao fim de um mês ter 86 e 1/12 de 87, é o mesmo do que ter menos 11/12 de 87. Confuso? Nada disso. É pura aritmética. O tempo vai passando e o importante é andarmos por cá com gosto e alegria. Mas para isso é necessário saúde ou controle da mesma, o que é o meu caso. Não se pode dizer que tenha saúde, mas pode-se dizer que a vou controlando com perseverança. Faço os possíveis por ter boa disposição, o que é difícil em permanência. Circunstâncias da vida fazem muitas vezes com que a boa disposição se vá. Nessa altura teremos de interiorizar e perguntarmos a nós próprios, perdoem-me a tautologia, se vale a pena deixarmo-nos abater ou deitarmos o mau humor para trás das costas. Normalmente é o que faço e não me arrependo. Lembrei-me agora que a parte de trás das costas é o peito. Fica a má disposição à nossa frente e ainda bem porque assim estamos sempre a pensar como nos livrarmos dela. Portanto, meus amigos, vão caminhando com o mau humor à vossa frente e empurrem-no direitos a um precipício, mas cuidado não dêem um passo a mais, deixem só que a má disposição se precipite e não caiam atrás dela, seria a morte e eu quero ainda fazer muitos avos de vários anos. Bem hajam.

sábado, 25 de março de 2023

A Baleia

 


Ontem 6ª feira fui o cinema ver A Baleia e dei o meu tempo por bem empregado. Uma excelente interpretação num filme que no fim é quase uma peça de teatro. Todo centrado dentro de um apartamento, Brendon Fraser, dirigido por Darren Aronofsky, apresenta-nos um caso de obesidade mórbida causada por traumas da vida.

Um professor de literatura, casado, com uma filha, deixa o lar quando a miúda tem 8 anos por uma paixão louca por um seu aluno. Completamente apaixonado passa a viver essa paixão deixando par trás tudo e todos, só que o rapaz e seu amante morre, dá-se a entender que se suicida, e com o desgosto o nosso protagonista entrega-se à comida e engorda até aos 270 kg que o tornam num ser quase vegetal não conseguindo locomover-se mais do que cama cadeira/cadeira cama. Ajudado por uma enfermeira, curiosamente filha adoptiva dos pais do seu amante falecido, que se nos mostra como a única pessoa que tem por ele uma relação Amor/amizade. Muito arrependido de ter abandonado a filha, pede à ex-mulher que a mesma venha visitá-lo. A rapariga aparece completamente contra o pai, raiando as fronteiras da maldade, que o confronta com o facto de ele ter abandonado a família por o amor de um homem. Temos também um rapaz que bate à porta, daqueles tipo vendedor de Deus que acaba por se confessar já estar fora da sua igreja, mas que continua querer ser salvador de almas conturbadas. Perto do fim, que não vou revelar, aparece também a sua ex-mulher com as suas acusações acusando a filha de muita maldade e acusando a nossa “baleia” de querer ver o lado bom da rapariga.

Estávamos habituados a ver Brendon Fraser em filmes de acção, veja-se a série da “Múmia” e aparece-nos agora como um ser disforme, numa caracterização fenomenal que também merecia um óscar. Filme pesado, de partir um pouco a cabeça, mas que merece ser visto.