domingo, 24 de janeiro de 2016

Direita! Esquerda volver!


Confesso que ainda não percebi bem o que se passa em Portugal em termos de Direita e Esquerda. Penso que os portugueses ainda não se livraram do Salazarismo nem do comunismo.
Mesmo aqueles que nasceram depois do 25 A, ou que eram muito pequenos, ouvem dos pais que naquele tempo é que era bom porque havia ordem e respeito. Ora, ordem e respeito é aquilo que há nos cemitérios. Outros misturam socialismo com comunismo e este é igual a: União Soviética, Lenine, Trotsky, Stalin e gulags.
Comunistas? Brrrrr; Ai que me tiram tudo; Ai que comem criancinhas ao pequeno-almoço; Ai que mandam os dissidentes para a Sibéria; Ai que nos obrigam a andar todos de ganga ordinária; Ai Jesus que nos acuda de tal desgraça…
Estes, que assim pensam, esquecem que estamos no século XXI e em democracia.
O pior de tudo isto é que vejo tipos que se intitulam de direita e esquecem a sua ascendência humilde que lutou arduamente para lhes dar uma educação que os guindou aos lugares que hoje ocupam, muitos deles até, correndo riscos de serem apanhados e torturados pela polícia política pela ânsia que tiveram de liberdade. Passei a minha juventude nos Pupilos do Exército, onde o meu Pai me meteu para que eu tivesse a melhor educação possível e não andasse cá por fora a fazer asneiras para as quais era um pouco propenso. Lembro-me muito bem que os maiores maldizentes da alimentação que nos era servida serem, na sua maioria, os que em casa só comiam sopa e batatas cozidas por não haver dinheiro para mais. Sempre comi o que me deram e diga-se que até com bastante apetite e na minha casa nunca se comeu mal. O meu Pai era civil e ganhava bastante bem para na época poder pagar os 500$00 da mensalidade e os 6000$00 de enxoval. Isto em 1948.
Hoje, coronel reformado vejo-me aflito para viver com uma pensão que não leva aumentos desde as calendas gregas e ainda foi sujeita a cortes e impostos elevadíssimos. Mas tenho a consciência que até sou um privilegiado ao pé daqueles que ganham ordenados e reformas miseráveis.
A rapaziada acha muito bem que se viva com 500 €, mas vivem com mais de 5000 € e ainda querem muito mais. Isto para não falar das grandes fortunas que por aí grassam. Por isso são de direita. Por isso defendem salários baixos, precariedade de emprego, possibilidade de despedimentos ao critério do patrão, privatização de todas as empresas estatais, tudo privado, nada no estado. São racistas e xenófobos porque raças diferentes têm costumes diferentes e estragam-lhes o conjunto. Africanos devem voltar para a África, estrangeiros para a terra deles e ciganos são para matar à nascença. Lutam contra o direito ao aborto, mas as suas mulheres fazem-nos em boas clínicas. As outras que tenham filhos, mesmo que não tenham dinheiro para os sustentar nem possibilidades para os criarem condignamente. Por isso são contra os que são de esquerda porque esses são pobres, mal vestidos e mal cheirosos.
Mas esquecem que ser de esquerda é ter sensibilidade, é ter consciência de ver que é necessário apoiar o povo, dando-lhe educação, trabalho, pão, habitação, cultura, paz, harmonia, justiça e saúde. Que todos têm direitos que não devem ser usurpados, que é preciso receber condignamente os que nos procuram dando-lhes apoio mas também castigo se não viverem segundo padrões da legalidade. Mas ser de esquerda também é limitar a ganância e fazer com que aqueles que conseguem grandes fortunas, muitas vezes sabe-se lá como, sejam obrigados a contribuir para o estado com impostos elevados e, isso sim é social-democracia.

Portanto, não tenham medo da esquerda porque essa não vos vai tirar os BMW para ficarem com eles e darem-vos os Fiat 500. A esquerda só é feia porque a maioria é pobre, mas não é pobre de espírito. Lavem-lhes a cara, eduquem-nos e vistam-lhes “smokings”. Vão ver que também conseguem ficar bonitos.