segunda-feira, 15 de maio de 2017

“The singer not the song” (A Esperança Nunca Morre)



Em 1961 foi realizado um filme pelo britânico Roy Ward Baker, filmado em Espanha. As cenas são passadas numa pequena cidade "mexicana", dominada por um bandido, Anacleto Komachi (Dirk Bogarde). Um padre recém-chegado, Michael Keogh (Jonh Mills), é o enviado por Roma numa tentativa de, através da fé religiosa, acabar com os roubos e as mortes. Pela sua maneira de lidar com as pessoas, pela sua fé, pelas prédicas e pelas conversas que mantém com o bandido, acaba por ser admirado por este, mas não modifica o seu ateísmo. O bandido no fim é baleado e, na hora da morte, o padre apressa-se a dar-lhe a extrema-unção ao mesmo tempo que lhe pede que se arrependa de todo o mal que infligiu aos habitantes daquela terra. O bandido acaba por se afirmar arrependido. Quando o padre se afasta, o bandido às portas da morte, sorri e profere a seguinte frase: “The singer not the song”.
Recordei este filme a propósito do nosso Papa, Francisco I. Por aquilo que diz, pelo que vai desmistificando, pela sua maneira de falar e tratar as pessoas leva-me a gostar bastante deste homem. Ao aconselhar o clero a não ostracizar as mães solteiras, os homossexuais, as não baptizadas, as não casadas perante Deus, etc. verifica-se que é sua pretensão que essas minorias não se afastem da igreja e não sejam marginalizadas. Ao contrário da grande maioria dos padres, que ameaçam os crentes com um inferno totalmente dantesco, com chamas e trevas, Francisco diz que não há chamas no inferno e qualquer dia acaba com ele tal como alguns anteriores já acabaram com o Limbo e o Purgatório. Penso que a ideia deste Papa é expulsar os receios dos crentes sobre o inferno e a pouco e pouco levá-los a entender que se deve ser bom e solidário com os mais necessitados e praticar o bem, não para receber benesses divinas, mas apenas porque a nossa consciência o deve ditar. É muito fácil praticar montes de malvadezes, ir a um padre mostrar arrependimento, receber uma penitencia e ficar limpo e em paz para logo a seguir continuar no mesmo caminho por que outra confissão limpará tudo de novo. O bem deve estar dentro de todos nós por ser esse o caminho certo quer para crentes quer para ateus.

Este Papa, não me fará crente, mas dele direi “The singer not the song”