Em 1961 foi realizado um filme
pelo britânico Roy Ward
Baker, filmado em Espanha. As cenas são passadas numa pequena
cidade "mexicana", dominada por um bandido, Anacleto
Komachi (Dirk Bogarde). Um padre recém-chegado, Michael Keogh (Jonh Mills), é o
enviado por Roma numa tentativa de, através da fé religiosa, acabar com os
roubos e as mortes. Pela sua maneira de lidar com as pessoas, pela sua fé,
pelas prédicas e pelas conversas que mantém com o bandido, acaba por ser
admirado por este, mas não modifica o seu ateísmo. O bandido no fim é baleado e, na hora da morte, o padre apressa-se a dar-lhe a extrema-unção ao
mesmo tempo que lhe pede que se arrependa de todo o mal que infligiu aos
habitantes daquela terra. O bandido acaba por se afirmar arrependido. Quando o
padre se afasta, o bandido às portas da morte, sorri e profere a seguinte
frase: “The singer not the song”.
Recordei este filme a propósito
do nosso Papa, Francisco I. Por aquilo que diz, pelo que vai desmistificando,
pela sua maneira de falar e tratar as pessoas leva-me a gostar bastante deste
homem. Ao aconselhar o clero a não ostracizar as mães solteiras, os homossexuais,
as não baptizadas, as não casadas perante Deus, etc. verifica-se que é sua
pretensão que essas minorias não se afastem da igreja e não sejam marginalizadas.
Ao contrário da grande maioria dos padres, que ameaçam os crentes com um inferno
totalmente dantesco, com chamas e trevas, Francisco diz que não há chamas no
inferno e qualquer dia acaba com ele tal como alguns anteriores já acabaram com
o Limbo e o Purgatório. Penso que a ideia deste Papa é expulsar os receios dos
crentes sobre o inferno e a pouco e pouco levá-los a entender que se deve ser
bom e solidário com os mais necessitados e praticar o bem, não para receber
benesses divinas, mas apenas porque a nossa consciência o deve ditar. É muito
fácil praticar montes de malvadezes, ir a um padre mostrar arrependimento,
receber uma penitencia e ficar limpo e em paz para logo a seguir continuar no
mesmo caminho por que outra confissão limpará tudo de novo. O bem deve estar
dentro de todos nós por ser esse o caminho certo quer para crentes quer para
ateus.
Este Papa, não me fará crente,
mas dele direi “The singer not the song”