Farto das xaropadas “made in USA”
escolhi ontem um filme italiano que me “cheirou”. E parece que tive faro. Um filme
passado nos Dolomites nos Alpes italianos, paisagem agreste, mas impressionante,
com mudanças radicais do Verão para o Inverno.
Um filme do casal Belga Felix van
Groeningen - Charlotte Vandermeersch que mereceu um prémio do júri do
festival de Canes. Este filme relata a amizade vivida por dois rapazes desde os
11 anos até à idade adulta que, mesmo com algumas separações não se perde. Pietro,
um citadino de Torino ou Turim, vai passar férias a uma aldeia de montanha onde
conhece Bruno um tratador de vacas que a mãe vai mantendo com o fabrico de
queijos, pois o pai há muito que os deixou não sabendo por onde anda. O pai de Pietro,
um admirador da montanha, leva-o em grandes passeios criando-lhe um amor pela montanha
e pelas paisagens agrestes, mas maravilhosas, daquela região. Os dois rapazes
percorrem aquelas paragens e só se encontram no Verão. Já adolescentes
separam-se e só voltam a encontrar-se em adultos. É então que Pietro, já órfão de
pai, convida Bruno para uma tarefa quase ciclópica, construir uma casa na
montanha a partir de umas ruínas que o pai lhe deixara. Após a casa construída,
Pietro deixa Bruno viver lá e vai conhecer o Nepal dado que o pai lhe deixa um
diagrama com oito montanhas e um monte ao meio que quereria atingir. Bruno casa
com uma amiga comum e tem uma menina e Pietro conhece no Nepal uma professora
por quem se apaixona. Mas Pietro regressa à sua casa onde encontra Bruno já
separado, pois a sua mulher não aguentou aquela solidão e a falta de iniciativa
do marido para progredir noutra profissão mais estável do que a pobre produção de
queijos. Pietro tenta ajudar o amigo que recusa essa ajuda. Mais uma vez se
separam. Pietro volta a partir, mas volta sempre…
Agora vão ver o filme que vale a
pena. Um hino à amizade verdadeira que mesmo com grandes períodos de separação
nunca se perde.