Estou zangado com o meu computador. Quem lhe mandou deixar actualizar o “word” para o (des)acordo ortográfico? Numa altura que até o Brasil já o suspendeu, Angola e Moçambique nunca o adoptaram e nós, teimosamente, continuamos com ele?
Bah! Estou danado. O corrector ortográfico dá um jeitão. A língua portuguesa é difícil e propensa a que se cometam muitos erros na escrita. Trocar alguns gês por jotas, dois esses por cês, o r antes ou depois do e, etc., é muito comum. Claro que há erros de palmatória que procuro não cometer, tais como escrever e dizer póssamos e fáçamos em vez de possamos e façamos, escrever com hífen as segundas pessoas do singular dos pretérito perfeito (ex: deixas-te em vez de deixaste), etc. Este último erro até é muito aborrecido porque o corrector não dá com ele, ambas as palavras existem, só que em tempos diferentes. Eu posso dizer “fazes favor deixas-te disso” ou “ tu deixaste de fazer isso”. O te depois do tracinho é um pronome pessoal/obliquo/ átono, como agora a gramática ensina. No tempo verbal deixaste, o pronome pessoal pode estar antes ou depois, é tu e pode estar subentendido (ex: “tu deixaste a torneira aberta” ou “ deixaste tu, a torneira aberta?” ou simplesmente “deixaste a torneira aberta”.
Muito bem, são erros que o corrector não detecta e passam muitas vezes, ficando o escrevinhador um pouco mal visto, mas agora, o pior, são os avisos do corrector para as palavras escritas da forma anterior ao (des)acordo. Podemos tomar como exemplo as que escrevi anteriormente, corrector e detecta, lá vem o sublinhado a confundir o pobre do escrevente. Mas eu vingo-me! Clico no acrescentar ao dicionário e pronto, lá enganei o “Word”. Para a próxima já não me chateia.
O Vasco de Graça Moura, no CCB, parece que mandou repor o “Word” anterior, com o dicionário na versão antes do (des)acordo. Eu também podia fazê-lo, mas dá muito mais gozo emendar o corrector.
Muitos dos meus amigos também não vão nesse aborto de mau acordo. Já basta os tipos que trabalham no estado e os pobres dos professores. Alguma vez o Reino Unido fez um acordo ortográfico? E os espanhóis? Os americanos que escrevam o inglês como quiserem e os sul-americanos que tratem a língua e ortografia espanhola como lhes apeteça. Os países de onde a língua é originária estão-se nas tintas. Nós, continuamos pobremente, a sujeitarmo-nos às maiorias. Ainda um dia destes verei portugueses a dizerem para a mulher “Senhora, dispa-se que eu quero lhe usar”. Frase muito ouvida na última versão da telenovela Gabriela. Brrrrr!
Entretanto continuo a borrifar-me para o (des)acordo.
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