Estive a ouvir, na rádio, Júlio Machado Vaz a falar sobre
sexo na rubrica “O Amor É…” Antigamente falar de sexo era pecado. Fazer sexo
também era, a não ser que fosse entre um casal heterossexual e tinham de estar
unidos por matrimónio católico e, mesmo assim, só podia ser com intuitos
procriativos. O prazer estava negado aos humanos, ou seja, à mulher, porque os
homens podiam tê-lo à vontade. Falar de sexo era tabu e quando o faziam era
como se falassem com o demo. Sexo oral (que raio de nome) era pecado mortal (ainda
o é nos USA) e quem o praticasse tinha aberto o caminho das profundas dos infernos.
Tudo isto conduziu a um obscurantismo total do sexo. A maioria das mulheres
partiam para o casamento sem saber o que isso era. Até as mães tinham vergonha
de falar disso com as filhas. A maioria dos homens chegava ao casamento e tinha
obrigação de fazer sexo com a mulher, quisesse ela ou não. E ai de quem se
recusasse. Daí partiram montes de casamentos desgraçados com mulheres sem
chegarem a saber o que era um orgasmo. Para a maioria, sexo era obrigação
devida ao marido. Eles, por sua vez, procuravam fora, normalmente recorrendo à
prostituição, aquilo que não encontravam, nem podiam encontrar, no casamento. E
ai da mulher que na cama com o marido se mostrasse demasiado ousada, ia parar
de novo a casa da mãe conotada como leviana ou ninfomaníaca. Perder a
virgindade antes do casamento era ficar com a marca de prostituta. Pobre
daquela que fosse na conversa do namorado e acabasse por não casar. Nunca mais
casaria. Mulher usada já não servia para casamento.
Tudo isto devido à educação judaico-cristã, ou melhor, mais
à cristã, porque os judeus seguiam a bíblia, e essa nunca mandou casar ninguém,
antes pelo contrário, até aconselhava a bigamia e o adultério. “Se a tua mulher
não te der filhos deita-te com a tua serva”. Está lá escrito, mas escrito só
para os homens. Mulheres continuavam a ser escravas do lar em todos os sentidos
e parideiras.
Felizmente hoje, na grande maioria dos casos, tudo mudou.
Fala-se de sexo em todo o lado e abertamente. Fala-se na TV, os pais falam com
os filhos, os filmes para maiores de
doze anos mostram sexo quase explícito e o sexo pratica-se em liberdade total.
Há médicos psiquiatras e psicólogos especialistas em sexologia. Há conselheiros
sexólogos para casais com problemas e os queiram resolver. Os costumes mudaram
e ainda bem.
As raparigas mandaram a virgindade às couves e agora, aos 16
anos, ou até antes, todas experimentam para saberem com o que contam aquando do
casamento ou vivência em comum. Os homens já se estão nas tintas para isso. Se
antes se casava com viúvas e divorciadas, porque não agora casarem-se com as
não virgens? Valha-nos a liberdade.
Hoje o sexo é livre. Sexo oral todos praticam. Os casais,
entre quatro paredes, não têm tabus, e fora delas, às vezes, também. As mães
industriam as filhas sobre sexo mas não as coíbem. Basta ensinar-lhes que devem
praticá-lo apenas quando gostarem realmente de alguém e que o façam
seguramente. É preciso cuidado com as doenças sexualmente transmissíveis. Os
crentes chamam-lhes castigos de deus. Eu chamo-lhes apenas erros de deus.
Antigamente homossexualidade era perversão, doença, malignidade. Hoje é
liberdade. Cada um ama quem quer. As famílias já não consideram proscritos os
seus membros homossexuais. Os pais não deixam de amar um filho pelas suas
escolhas. Poderá haver desgosto, mas não
há abandono nem proscrição. Quais os melhores tempos? Os de agora ou os de
antigamente?
Ninguém tem que ter na testa a marca das suas preferências,
nem tem que falar delas ou mostrá-las. Mas se as coisas vierem a lume não têm
que o esconder ou envergonhar-se. Sejam normais e vivam a vida como gostam. Já
o grande poeta Ary dos Santos dizia: “Os homossexuais são homens e portam-se
como tal. As “bichas” é que não. Mas essas não são homens”.
Se querem ser infelizes sigam a bíblia. Se querem ser
felizes façam sexo. Muito. Sem tabus. Da forma que gostarem mais. Com quem
quiserem. O sexo é o repouso do guerreiro. O Dr. Júlio Machado Vaz sabe do que
fala.