domingo, 5 de dezembro de 2021

Tim-Tim

 

Até que enfim consegui ir ver a exposição do Tim-Tim que está na Gulbenkian. Uma exposição bastante completa e bem apresentada, mas é mais sobre Hergé e a sua dedicação à banda desenhada do que propriamente ao seu herói. Para alguém como eu, fã incondicional do Tim-Tim, não acrescentou muito.

Quando nasci, o meu herói já andava lá por casa. A revista O Papagaio apareceu em 1935 e a minha irmã também. A nossa tia e madrinha, irmã do meu pai, trabalhava na renascença e tratou de fazer uma assinatura, a que tinha direito, em nome da primeira sobrinha. Todas as semanas recebíamos pelo correio a revista que o funcionário dos CTT anunciava gritando “Pacagaio” o que nos fazia rir, mas corríamos a ir buscar a revista que nos deliciava. A primeira aventura de Tim-Tim publicada foi Tim-Tim no Congo que no Papagaio foi apresentada como Tim-Tim em Angola. A primeira aventura deste herói foi Tim-Tim no País dos Sovietes, mas Hergé deixou da editar por achar que era demasiado crítica e, portanto, já estava fora de contexto. Ainda não sabia ler e era minha mãe que me lia as filacteras e eu fazia-a voltar atrás quando algo não era para mim muito perceptível. Aos 6 anos entrei na primária e julgo que foi a vontade de ler sozinho as suas aventuras que me fez aprender a ler bastante depressa. Ficámos com as encadernações anuais da revista papagaio (11 volumes) que muito triste me deixou quando acabou. Todas as aventuras foram mais tarde redesenhadas e modernizadas por Hergê e passei a comprar os álbuns editados pela Casterman na sua versão brasileira. Muito mais tarde apareceu a revista Tim-Tim editada pela Bertrand. Era semanal e até em Angola a recebia enviada “religiosamente” por um tio da minha mulher, que líamos primeiro só depois a passando para o nosso filho. Infelizmente essa revista também acabou. Ficámos com cerca de 29 volumes que mandei encadernar e que ainda existem em casa do meu rapaz. Tudo o que saiu respeitante ao Tim-Tim eu adquiri ou me foi oferecido, inclusive alguns estudos apresentados por “experts” em Banda desenhada. O Tim-Tim era um herói infantil, mas muito lida também por adultos que viram nela não só aventuras infantis, mas também algo do íntimo de Hergé. Este foi por muitos acusado como anti-semita, misógino, etc. Chegaram a acusá-lo de alguma aproximação ao partido nazi. Penso que isso se deveu ao facto de querer continuar a trabalhar sem ser boicotado. Para mim, Tim-Tim ficou sempre o meu herói preferido. Para quem quiser ficar a saber muito do Tim-Tim, e seu “pai” Hergé, vale a pena visitar a exposição.

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