Até que enfim consegui ir ver a
exposição do Tim-Tim que está na Gulbenkian. Uma exposição bastante completa e
bem apresentada, mas é mais sobre Hergé e a sua dedicação à banda desenhada do
que propriamente ao seu herói. Para alguém como eu, fã incondicional do
Tim-Tim, não acrescentou muito.
Quando nasci, o meu herói já
andava lá por casa. A revista O Papagaio apareceu em 1935 e a minha irmã
também. A nossa tia e madrinha, irmã do meu pai, trabalhava na renascença e
tratou de fazer uma assinatura, a que tinha direito, em nome da primeira
sobrinha. Todas as semanas recebíamos pelo correio a revista que o funcionário
dos CTT anunciava gritando “Pacagaio” o que nos fazia rir, mas corríamos a ir
buscar a revista que nos deliciava. A primeira aventura de Tim-Tim publicada
foi Tim-Tim no Congo que no Papagaio foi apresentada como Tim-Tim em Angola. A
primeira aventura deste herói foi Tim-Tim no País dos Sovietes, mas Hergé
deixou da editar por achar que era demasiado crítica e, portanto, já estava
fora de contexto. Ainda não sabia ler e era minha mãe que me lia as filacteras
e eu fazia-a voltar atrás quando algo não era para mim muito perceptível. Aos 6
anos entrei na primária e julgo que foi a vontade de ler sozinho as suas
aventuras que me fez aprender a ler bastante depressa. Ficámos com as
encadernações anuais da revista papagaio (11 volumes) que muito triste me
deixou quando acabou. Todas as aventuras foram mais tarde redesenhadas e
modernizadas por Hergê e passei a comprar os álbuns editados pela Casterman na
sua versão brasileira. Muito mais tarde apareceu a revista Tim-Tim editada pela
Bertrand. Era semanal e até em Angola a recebia enviada “religiosamente” por um
tio da minha mulher, que líamos primeiro só depois a passando para o nosso
filho. Infelizmente essa revista também acabou. Ficámos com cerca de 29 volumes
que mandei encadernar e que ainda existem em casa do meu rapaz. Tudo o que saiu
respeitante ao Tim-Tim eu adquiri ou me foi oferecido, inclusive alguns estudos
apresentados por “experts” em Banda desenhada. O Tim-Tim era um herói infantil,
mas muito lida também por adultos que viram nela não só aventuras infantis, mas
também algo do íntimo de Hergé. Este foi por muitos acusado como anti-semita,
misógino, etc. Chegaram a acusá-lo de alguma aproximação ao partido nazi. Penso
que isso se deveu ao facto de querer continuar a trabalhar sem ser boicotado.
Para mim, Tim-Tim ficou sempre o meu herói preferido. Para quem quiser ficar a
saber muito do Tim-Tim, e seu “pai” Hergé, vale a pena visitar a exposição.
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