terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Folhas caídas


Quem gostar de filmes de movimento e acção não vá ver. Aki Kaurismäki mostra-nos uma Finlândia completamente diferente daquilo que temos lido sobre este país. Filmado com uma simplicidade incrível em ambientes de emprego/desemprego, um homem e uma mulher encontram-se e desencontram-se devido a uma série de circunstâncias naturais, e possíveis. Um número de telefone perdido, um atropelamento inopinado e o nosso casal vai-se perdendo no meio de um ambiente triste e sem qualquer conforto. O abuso do álcool por um e o pequeno roubo num supermercado de artigos fora de prazo, cujo lugar é o lixo e não o aproveitamento, causam despedimentos. A única parte lúdica do filme são os encontros num café de Karaoke que ambos frequentam e onde acabam por se conhecer. Olhares e poucas palavras servem para criar alguma empatia, mas depressa separada por acontecimentos furtuitos. Uma filmografia ligeiramente chapliana, em que a câmara raramente se desloca, em ambientes frios e com poucos diálogos, um homem e uma mulher reencontram-se e seguem juntos numa imagem de costas que se vai afastando, ele coxo e de bengala e ela segurando uma cadela a que profeticamente chama “Chaplin”.
A música é uma mistura de canções antigas, música clássica e alguma moderna, que pela sua alternância consegue colocar nos ambientes, um pouco frios, algum calor. Uma nota para as notícias na rádio, quase sempre que a ligam, que fala da guerra na Ucrânia com censura ao Sr. Putin.
 Eu gostei. Estranhamente, uma sala das mais pequenas do Corte Inglés, estava quase cheia.
 

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