Hoje não me apetece escrever. Não tenho motivo, não tenho paciência, não tenho nada. O nada às vezes é óptimo. Dá para preguiçar, ler, pensar, passear e para dormir. Estou sem sono não durmo, estou sem paciência não escrevo, estou com preguiça não passeio. Enfim, um cérebro totalmente desocupada e apanhado pela ausência ou “enchimento” de coisa nenhuma. Vou ao computador e vejo as msgs a entrar, uma duas, três, ena tantas… Já ando nisto há muito, as msgs são conhecidas e algumas repetidas. Parece-me até impossível como é que tanta gente ainda não as conhece. Pelo número de vezes que já aqui entraram custa a crer que tipos que, como eu, que já cultivam este “vício” desde há muito, nunca as tenham recebido. Talvez andem esquecidos ou gostem tanto delas que não são capazes de as apagar sem as reencaminhar. Lá me aparece uma ou outra inédita para mim. Repasso aquela a que acho graça ou que tenha algum conteúdo sério. A outra não merece repassar. Dei comigo a olhar o monitor e a não ver nada. Sacudi a cabeça e abri um word. Nada me abre a mente, mas já que tenho o word aberto vou escrevendo isto. Que não é nada. Já que não tenho nada, escrevo sobre o nada. O que se pode escrever sobre o nada? Acho que nada. Está bem, pronto! Vou tentar. O nada é apenas uma palavra e as palavras podem ter vários significados;
- Que fazes hoje? - Acho que nada. - Que faz o peixe? - Nada.
Às vezes substitui interjeições fortes; - Nada! (p….) Aleijaste-me! Outras vezes: - Vais sair? – Qual nada! – Foste para a cama com ela? – Fui. – E então? – Nada!
De qualquer maneira e seja qual for o contexto, o nada é quase sempre igual a zero.
A propósito do zero! Aí está uma forma de escrever algo sobre algo que é nada. Será?
- Quanto dinheiro tens? – Zero. Aqui está! Dinheiro zero = a nada. – Quanto dinheiro tens? – 10 Euros. Aqui está um zero que afinal já não é o mesmo que nada. Quem inventou o zero? Parece que foram os árabes. Ou terão sido os hindus?
Fomos à NET:
“ … aproximadamente no ano 500, textos gregos usavam o ômicron, que é a primeira letra palavra grega oudem (“nada”). Anteriormente, o ômicron, restringia a representar o número 70, seu valor no arranjo alfabético regular.
Talvez o uso sistemático mais antigo de um símbolo para zero num sistema de valor relativo se encontre na matemática dos maias das Américas Central e do Sul. O símbolo maia do zero era usado para indicar a ausência de quaisquer unidades das várias ordens do sistema de base vinte modificado. Esse sistema era muito mais usado, provavelmente, para registrar o tempo em calendários do que para propósitos computacionais.
É possível que o mais antigo símbolo hindu para zero tenha sido o ponto negrito, que aparece no manuscrito Bakhshali, cujo conteúdo talvez remonte do século III ou IV d.C., embora alguns historiadores o localize até no século XII. Qualquer associação do pequeno círculo dos hindus, mais comuns, com o símbolo usado pelos gregos seria apenas uma conjectura.
Como a mais antiga forma do símbolo hindu era comumente usado em inscrições e manuscritos para assinalar um espaço em branco, era chamado sunya, significando “lacuna” ou “vazio”. Essa palavra entrou para o árabe como sifr, que significa “vago”. Ela foi transliterada para o latim como zephirum ou zephyrum por volta do ano 1200, mantendo-se seu som mas não seu sentido. Mudanças sucessivas dessas formas, passando inclusive por zeuero, zepiro e cifre, levaram as nossas palavras “cifra” e “zero”. O significado duplo da palavra “cifra” hoje - tanto pode se referir ao símbolo do zero como a qualquer dígito - não ocorria no original hindu.“
Parece pois que o “nada” preocupou muitas mentes antes da minha. Gostava era mesmo de saber como é que os romanos faziam divisões. E como é que os grandes matemáticos gregos, antes de 500, se safaram sem o zero?
E com isto ainda fiquei mais vazio. Estou a zero. Não resolvi nada e nada disse. Também não me importo. O que estava mesmo era a dissertar sobre o nada…