sábado, 8 de junho de 2013

Conflito de gerações, medo ou irreverência?


Todos os dias, estando em Lisboa, vou nadar à piscina da Junta de Freguesia de Benfica. Vou a pé, de saco às costas, faço exercício físico e volto a casa mais bem-disposto. Ando nisto vai para três anos. Neste espaço de tempo e, acabei de escrever uma calinada porque tempo não tem espaço, direi antes, por todo este tempo, já fiz conhecimento com muitos dos companheiros que, como eu, gostam também de fazer o seu exercício físico. Eu sou dos mais velhos, mas aparecem lá de todas as idades. Todos nos cumprimentamos mesmo que sejamos desconhecidos. O “Bom dia” á chegada e o “Até à próxima” à saída, não custa nada a dizer e fica bem a todos. Enquanto nos despimos ou vestimos e até enquanto tomamos banho de chuveiro, vamos dizendo as nossas piadas e contando umas anedotas e, muitas vezes as conversas ficam bastante interessantes pelos temas versados.
Vem tudo isto para contar o seguinte episódio: Um destes dias, ao entrar, disse bom dia a três jovens, talvez na casa dos 16 aos 18, que já se encontravam equipados para irem nadar. Apenas um me respondeu e muito sumidamente, como se dizer-me bom dia lhe metesse medo ou se lhe caíssem os parentes na lama por cumprimentar um desconhecido. Regressámos findos os três quartos de hora de exercício e os rapazotes continuaram conversando entre eles animadamente. Após o banho e vestirem-se, saíram sem dizer água-vai. Ainda gritei bem alto “ Bom dia”, mas qual-quê, nem um foi capaz de me responder.
Uma das coisas que os meus pais me ensinaram, e depois todos os meus mestres, professores e militares dos Pupilos do Exército, onde estudei, foi que devíamos ser afáveis e educados para toda a gente, cumprimentando, agradecendo e pedindo as coisas por favor. Mais tarde tive oportunidade de leccionar, quer no Colégio Militar quer em instituições militares por onde passei e, aos meus alunos transmiti sempre que a educação cívica não fica mal a ninguém ao contrário da má educação que só afasta as pessoas e classifica muito mal quem a pratica.
O que será que leva a juventude a proceder assim? Não sou psicólogo nem sociólogo para os poder classificar, mas dá-me a sensação que agem assim por medo. E este medo é o da aproximação. Talvez não se queiram aproximar por depois não serem capazes de estabelecer ligações com pessoas estranhas ao seu meio e com conhecimentos e gostos diferentes. Será? Mas também poderá ser por irreverência. Os mais velhos estão fora do seu mundo e eles não querem que se metam nele… será?
Outra coisa que reparei foi que os rapazes não se despiram ao pé de nós. Ali todo o mundo anda nu à frente uns dos outros e ninguém tem vergonha de mostrar as “desgraças”. Para mim o nu nunca me fez confusão, nascemos nus, andamos nus em pequenos e só nos tapamos quando tomamos consciência do sexo. A educação judaico-cristã tornou o sexo impuro e, a partir daí escondemos os órgãos sexuais sendo considerado pecado mostrá-los despudoradamente. Talvez a educação num colégio interno me tenha varrido essa ideia da cabeça. Mas, os homens juntos não têm pudor e as mulheres também não (às vezes). Estes rapazes tomaram duche e ensaboaram-se de fato de banho vestido e despiram-no de toalha enrolada à cintura fazendo uma autêntica dança do ventre para conseguirem retirar o fato. Tornou-se caricato. Fiquei a matutar naquilo. Porquê? Medo das comparações? Educação  demasiado clássica? Se foi por isso não se compreende o não “Bom dia” a ninguém. Olha! Estou-me nas tintas. A má educação só fica mal a quem a pratica.

Pelo menos o episódio já teve o mérito de me ter feito encontrar assunto para escrever no “blog”, coisa que não fazia já há uns tempos.

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