O meu amigo Langão não vai mais
conquistar as cadelitas aqui da aldeia. Um terrível vírus (seria?) paralisou-o
quase totalmente. A médica veterinária, depois de vários exames, não lhe
encontrou salvação. Durante dois dias, o vizinho que cuidava dele, a mulher e a
filha, tudo tentaram. Foi impossível. Não havia salvação e foi abatido. Custou
muito. Todos sofreram. Felizmente, quando morreu, já eu estava em Lisboa, mas o
desgosto apanhou-me lá. Agora, já por aqui, olho para o recinto onde os seus
companheiros por cá andam e parece-me que ainda o vejo sempre brincalhão e
prazenteiro, desengonçado na sua magreza, mas alegre e satisfeito por ter
encontrado tantos amigos que lhe proporcionaram estabilidade e modo de
sobrevivência, sem ter que assaltar capoeiras para matar a fome. Mas o Langão
já cá não está. Amanhã já não estará ao meu portão, como sempre fazia, latindo
de satisfação quando saía de casa para o nosso passeio matinal. Vou sentir-lhe
a falta. Irei com a Nina, a cadelinha sua companheira de “quarto” e, juntos,
lembraremos o nosso Langão que tanta companhia nos fez. Era só um animal, mas
deu-me a sua amizade sem nada pedir em troca, apenas querendo festas e
passeatas. Durante uns tempos, os meus passeios vão ser mais tristes mas terei
a Nina como companheira. Parece-me que também ela está triste. A saudade também
será canina. É em alturas, como esta, que relembro o meu Setter Irlandês que me
morreu nos braços, levado por uma terrível cirrose. Na época, não tive a
coragem para o mandar abater, sempre convencido que seria capaz de o recuperar.
Não fui e o meu amigo morreu com demasiado sofrimento. Tantos anos passados e
ainda o recordo. Muitos anos passarão e o Langão continuará ser recordado.
Adeus Langão, o teu céu será o meu pensamento.
O meu Amigo e ex-condiscípulo Barradas Barroso (Tiago), fez a este meu "post", o seguinte comentário:
ResponderEliminarO Langão
António Barroso (Tiago)
Não,
não era apenas um cão
vadio, pária, abandonado
- um sem abrigo –
De seu nome Langão,
tornou-se um bom amigo
que seguia sempre a meu lado,
com a alegria de quem se sente
sempre acarinhado.
De manhã, de cauda a abanar,
como se fosse um sinal,
lá estava ele, presente,
sem pressa, a esperar
o nosso passeio matinal.
E corria, corria pelo campo fora,
como se aquela hora,
na companhia de quem o estimava,
fosse uma graça dos deuses.
Por vezes,
desaparecia em corrida, de repente,
mas logo regressava
de cauda a abanar, língua pendente.
Morreu o Langão.
Dir-se-á que foi apenas um cão
mas porque tamanha saudade
me deixou?
Agora, de manhã, ainda vou
dar o meu passeio habitual,
mas falta-me aquela amizade
do Langão
- um sem abrigo –
Não,
não era apenas um cão,
era um amigo.
Parede – Portugal (03/10/2013)