Hoje vou tentar dizer qualquer coisa sobre este tema. O
Facebook é um leve entretenimento, mas tem a vantagem de permitir trocar umas
opiniões. Ultimamente, talvez pela minha maior aproximação à Associação dos
Pupilos do Exército, ou melhor, aproximado ando eu há muito, mas talvez esteja,
por isso, mais próximo dos Pupilos, tenho contactado mais com as ex-alunas que
o frequentaram nos cursos superiores e, hoje, já casadas e mães, frequentam
também a APE. Constato, com agrado, que estas moças, e digo moças pois poderiam
ser minhas filhas, são altamente simpáticas, abertas de mentalidade e
imensamente participativas nos problemas da nossa Associação. Trocamos e-mails
e também opiniões através do Facebook. Hoje, um dos temas com uma delas foi a
Astrologia.
Não sendo uma ciência, apesar de muitos a considerarem como
tal, tem montes de seguidores que lhe criaram regras e normas, numa tentativa
de mentalizar os apreciadores para a leitura do que se estabelece para os
diversos signos como se os indivíduos nascidos naqueles períodos, tivessem
caraterísticas “ sui generis” que os assemelhem. Muitos acreditam naquilo
totalmente, outros não acreditando, pelo sim pelo não, consultam os horóscopos
com regularidade. Todos, mesmo os não acreditadores, vão ler nas revistas o que o seu signo preconiza,
como a possibilidade de poder vir a fazer um bom negócio, arranjar emprego, ou
fazer as pazes com um amante desavindo. Eu, um céptico, também lá vou, embora
não acreditando numa única palavra (parvoeira não?).
Um dos livros que tenho na minha sala, mais como livro de
consulta do que propriamente obra de leitura constante, é a obra excepcional do
excelente astrofísico Stephen Hawkings, “O Universo Numa Casca de Noz”. A
propósito da Astrologia, diz:
…
“A humanidade desde
sempre quis controlar o futuro, ou pelo menos prevê-lo. É por isso que a
astrologia é tão popular. A astrologia afirma de que o que se passa na Terra
está relacionado com o movimento dos planetas nos céus. Ora aqui está uma
hipótese cientificamente testável – ou que, pelo menos, o seria se os
astrólogos se atrevessem a fazer previsões bem definidas, susceptíveis de serem
testadas. Sensatamente, porém, exprimem-se de forma tão vaga que acertam
sempre, qualquer que seja o desfecho. É impossível provar a falsidade de
informações como “as suas relações pessoais poderão tornar-se intensas” ou “surgir-lhe-á
uma oportunidade de sucesso financeiro”.
Mas a principal razão
pela qual a maior parte dos cientistas não acreditam em astrologia não tem a
ver com provas científicas, ou a falta delas, mas sim com o facto de a
astrologia não ser compatível com outras teorias já submetidas ao teste da
experiência. Quando Copérnico e Galileu descobriram que os planetas descrevem
órbitas em torno do sol, e não da terra, e Newton descobriu as leis que regem
os seus movimentos, a astrologia tornou-se extremamente implausível. Por que teriam
as posições dos outros planetas, relativamente ao céu estrelado, qualquer
influência sobre as macromoléculas que, neste planeta inferior, se
auto-intitulam vida inteligente? Mas é
precisamente nisto que a astrologia quer que acreditemos.
…
Quem sou eu para pôr em causa afirmações deste
extraordinário cérebro. Além do mais, as posições dos astros quando nasceu um Carneiro
em mil seiscentos e troca o passo, não têm nada a ver com as posições quando eu
nasci em 1937. O universo continua em expansão e as órbitas vão-se alterando.
Conclusão; já nada é o que era.
Mas a astrologia não faz mal a ninguém, e até pode ser
benéfica, pois se eu tiver lido, no meu horóscopo que “a sua força de vontade
poderá levá-lo a estabelecer um grande negócio”, talvez me influencie a abordar
algo com mais determinação e confiança.
Pena não aparecer nenhum a dizer-me que me vai sair o
euromilhões.