domingo, 30 de março de 2014

ASTROLOGIA

Hoje vou tentar dizer qualquer coisa sobre este tema. O Facebook é um leve entretenimento, mas tem a vantagem de permitir trocar umas opiniões. Ultimamente, talvez pela minha maior aproximação à Associação dos Pupilos do Exército, ou melhor, aproximado ando eu há muito, mas talvez esteja, por isso, mais próximo dos Pupilos, tenho contactado mais com as ex-alunas que o frequentaram nos cursos superiores e, hoje, já casadas e mães, frequentam também a APE. Constato, com agrado, que estas moças, e digo moças pois poderiam ser minhas filhas, são altamente simpáticas, abertas de mentalidade e imensamente participativas nos problemas da nossa Associação. Trocamos e-mails e também opiniões através do Facebook. Hoje, um dos temas com uma delas foi a Astrologia.
Não sendo uma ciência, apesar de muitos a considerarem como tal, tem montes de seguidores que lhe criaram regras e normas, numa tentativa de mentalizar os apreciadores para a leitura do que se estabelece para os diversos signos como se os indivíduos nascidos naqueles períodos, tivessem caraterísticas “ sui generis” que os assemelhem. Muitos acreditam naquilo totalmente, outros não acreditando, pelo sim pelo não, consultam os horóscopos com regularidade. Todos, mesmo os não acreditadores, vão ler  nas revistas o que o seu signo preconiza, como a possibilidade de poder vir a fazer um bom negócio, arranjar emprego, ou fazer as pazes com um amante desavindo. Eu, um céptico, também lá vou, embora não acreditando numa única palavra (parvoeira não?).
Um dos livros que tenho na minha sala, mais como livro de consulta do que propriamente obra de leitura constante, é a obra excepcional do excelente astrofísico Stephen Hawkings, “O Universo Numa Casca de Noz”. A propósito da Astrologia, diz:
 …
A humanidade desde sempre quis controlar o futuro, ou pelo menos prevê-lo. É por isso que a astrologia é tão popular. A astrologia afirma de que o que se passa na Terra está relacionado com o movimento dos planetas nos céus. Ora aqui está uma hipótese cientificamente testável – ou que, pelo menos, o seria se os astrólogos se atrevessem a fazer previsões bem definidas, susceptíveis de serem testadas. Sensatamente, porém, exprimem-se de forma tão vaga que acertam sempre, qualquer que seja o desfecho. É impossível provar a falsidade de informações como “as suas relações pessoais poderão tornar-se intensas” ou “surgir-lhe-á uma oportunidade de sucesso financeiro”.
Mas a principal razão pela qual a maior parte dos cientistas não acreditam em astrologia não tem a ver com provas científicas, ou a falta delas, mas sim com o facto de a astrologia não ser compatível com outras teorias já submetidas ao teste da experiência. Quando Copérnico e Galileu descobriram que os planetas descrevem órbitas em torno do sol, e não da terra, e Newton descobriu as leis que regem os seus movimentos, a astrologia tornou-se extremamente implausível. Por que teriam as posições dos outros planetas, relativamente ao céu estrelado, qualquer influência sobre as macromoléculas que, neste planeta inferior, se auto-intitulam  vida inteligente? Mas é precisamente nisto que a astrologia quer que acreditemos.
Quem sou eu para pôr em causa afirmações deste extraordinário cérebro. Além do mais, as posições dos astros quando nasceu um Carneiro em mil seiscentos e troca o passo, não têm nada a ver com as posições quando eu nasci em 1937. O universo continua em expansão e as órbitas vão-se alterando. Conclusão; já nada é o que era.
Mas a astrologia não faz mal a ninguém, e até pode ser benéfica, pois se eu tiver lido, no meu horóscopo que “a sua força de vontade poderá levá-lo a estabelecer um grande negócio”, talvez me influencie a abordar algo com mais determinação e confiança.
Pena não aparecer nenhum a dizer-me que me vai sair o euromilhões.



1 comentário:

  1. Talvez pelos astros em si continuarem a ser um mistério ou mesmo uma verdade que acreditamos existir, mas cuja compreensão está tão ou mais distante do que eles próprios, do nosso entendimento, a possibilidade de podermos acreditar, pelo menos, na sua influência sobre as nossas vidas, é um desafio promissor para a nossa ânsia de podermos acreditar em algo, principalmente se essa possibilidade nos puder entusiasmar a nossa sede de termos boas previsões para o nosso futuro próximo ou longínquo...
    Eu também passo por lá, de quando em vez, por essas previsões, embora como tu, convictamente, não acredite na sua eficácia, mas é como dizia o outro, é certo que não existem bruxas, mas que as há... há!...
    Fica disto tudo o encantamento que o infinito "inconhecimento" sobre astros e galáxias nos incute e de estarmos então numa espécie de estado frustracional que deriva da nossa infinita ignorância sobre coisas que nos ultrapassam, como poderia dizer a nossa surpreendente Presidente da Assembleia da República... É que acreditar ajuda muito na ausência de uma verdadeira compreensão das coisas...

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