Em Roma proliferavam, em reuniões subterrâneas, umas
profecias atribuídas a um tal Chrestus, do qual falara o historiador judeu
Flávio Josefo. Os ouvintes e seguidores das ideias desse profeta, eram
principalmente escravos e romanos das classes mais baixas, uma vez que os
senhores do império tinham como normas as provenientes dos seus deuses e era
nos templos, aos mesmos dedicados, que faziam as suas preces e promoviam
rituais. Claro que as regras desses deuses eram estabelecidas mais à medida
destes senhores e bastante permissivas com o seu modo de vida em consonância
com os seus bacanais e diversões perversas, tais como espectáculos de morte no
circo, quer com animais quer com seres humanos. O tal Chrestus, que pregava na
palestina, defendia o ascetismo, o despojo de bens materiais em favor dos
desprotegidos, a não violência, a prática do bem e a compensação de todas essas
virtudes seria uma vida para além da morte cheia de venturas nos céus junto dos
deuses. Depressa os seguidores destes princípios se tornaram uma seita religiosa.
As suas reuniões eram normalmente secretas e recatadas em catacumbas ou locais
não divulgados a não seguidores. Mais tarde, quando essa seita já se tornara
uma religião designada por cristã, uma vez que Chrestus se transformou em
Cristo, mas isso já é outra história que não cabe aqui, pois dá pano para
mangas, Constantino (272 a 337 DC), imperador de Roma a partir de 306, estava
farto de problemas que algumas revoltas de escravos causavam ao império e da diversidade
de deuses que tudo permitiam aos seus seguidores, tendo conhecimento das ideias
professadas por aqueles a que já chamavam cristãos, resolveu fazer com que essa
fosse a religião a adoptada por Roma para apaziguar os ânimos. Interessava-lhe
mais uma religião que advogava a pobreza, a não violência, sem compensações
materiais e apenas compensações celestes. No concílio de Niceia (325) reuniu os
vários chefes religiosos já existentes, e aí estabeleceram os primeiros
princípios por que se deveriam reger as igrejas e os seus seguidores. A maioria
dos Romanos esteve-se nas tintas e, continuou a adorar os seus próprios deuses
e, segundo dizem, até o próprio imperador seguindo aquela máxima, faz o que eu
digo não faças o que eu faço, dizia-se cristão, mas continuava a adorar os
deuses antigos muito mais pacholas e alegres. Só mais tarde em 379, o imperador
Teodósio tornou a religião cristã como obrigatória e religião oficial de Roma.
Esta religião baseou-se em quatro dos muitos evangelhos que apareceram
escritos, mas como eram os únicos que endeusavam o seu personagem principal,
Jesus dito o Cristo sinónimo de ungido, foram aqueles declarados verdadeiros
tornando-se todos os outros, e foram muitos, apócrifos e ordenada a sua
destruição (gostava de saber porque foram escritos tantos e tão divergentes).
Esta religião, dita cristã, foi depois espalhada pelo mundo ocidental pelo
império romano e depois totalmente imposta pela força na Idade Média. Ai de
quem a contestasse, bem era frito e supliciado pelos inquisidores.
Todo este arrazoado histórico, talvez cheio de erros, dado
que não sou historiador e apenas vou apanhando umas coisas por aí, serve como
intróito para o estabelecimento da data 25 de Dezembro, como nascimento de
Jesus qualquer coisa, pois Cristo não era nome.
Esta data foi adoptada como nascimento de Jesus pelo Papa
Libério (352 a 366). Portanto, no concílio de Niceia Jesus ainda não tinha data
de nascimento.
Na antiguidade, os cultos chamados pagãos, festejavam muito a
produtividade, dado que eram a Terra e o Sol os “humos” das culturas
necessárias à vida. E assim, todos os deuses solares e redentores tais como,
Mitra, Baal, Baco e alguns outros antes e depois, eram festejados no solstício
de Inverno, dia em que a luz ganhava às trevas, pois a partir daí o dia começa
a ganhar à noite. Era em 25 de Dezembro que estas festas pagãs se realizavam. A
Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) tinha todo o interesse em transformar
essa data numa festa católica para ir substituindo as comemorações pagãs. Uma
vez que esses deuses anteriores eram deuses solares que se representavam com
uma auréola irradiante na cabeça, quer Jesus quer os santos passaram também a
serem assim representados. Aliás, a ICAR copiou muita coisa de outros deuses,
inúmeros nasceram de virgens a 25 de Dezembro, foram anunciados por pássaros,
tal como Hórus, por um corvo, eram apresentados com animais, tais como
carneiros, morreram supliciados em madeiros, ressuscitaram ao terceiro dia
(aqui a ICAR enganou-se escrevendo isso, na prática foi para aí dia e meio).
Mitra foi o deus mais copiado e cuja vida tem mais semelhanças com a vida de
Jesus. Temos, portanto, uma festa natalícia cuja data foi marcada pelo papado e
a partir daí começou o ano um da era de Cristo. E até este ano foi mal calculado.
Só em 1582, o papa Gregório XIII, decidiu substituir o calendário da era de
César, por um calendário Cristão. Chamou um matemático, o frade Dionisius, o
Exíguo, parece que a estatura não era compatível com a sabedoria, e ordenou-lhe
que determinasse o nascimento de Jesus. O nosso bom frade fez contas
baseando-se em factos descritos nos evangelhos e calculou que estariam 1582
anos depois do nascimento de Cristo. Feitas as contas depois para trás parece
que se chegou à conclusão que o bom do fradinho meteu água em quatro anos pois
Herodes já teria morrido nesse ano um. Enfim, mais ano menos ano tanto faz.
Transformou-se esta data na festa da família, cada vez mais
desvirtuada pelo mercantilismo aproveitador destas efemérides.
Vamos, pois, comemorar os 2016 anos do “nascimento” de Jesus
e aproveitem dado que nem todos o podem fazer.
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