A
arvéloa, também conhecida por arvela ou lavandisca é um pequeno e esperto
passarinho que, antigamente só se encontravam pelos campos. Lembro-me de, muito
pequeno, quer no Cacém, onde vivia, quer na Malveira onde passava férias,
armado de fisga pendurada no bolso dos calções sempre pronta a actuar tal um
“cowboy” de arma à cintura, e montes de ratoeiras (costelas ou costilos) à volta, acompanhado
pelo filho mais novo do Sr. António capador, flagelo de porcos, porcas e outros
bicharocos, que perdiam as faculdades reprodutoras ás suas mãos mas,
continuando, lá andava eu pelos campos, caçando os incautos passarinhos e, uma
das grandes artes, era caçar uma ou mais arvéloas, dado que eram consideradas
os pássaros mais difíceis de se deixarem apanhar, quer pelas ratoeiras, de
desconfiadas que eram, quer pelas fisgas, não se deixamdo aproximar ao ponto de
poderem serem apontadas. Era necessária muita arte e manha para se conseguir e,
se por acaso isso acontecia, era uma vitória tal, que durante dias, servia de
tema para nos vangloriarmos de tal façanha. Nesse tempo, os rapazes costumavam
dizer: “Quem apanha uma arvela é mais esperto do que ela”.
Pois
bem, hoje aqui na cidade dei por uma arvéloa, no seu passo corrido com a sua
cauda abanando para baixo e para cima, passeando tranquilamente no passeio
empedrado, à minha frente tal qual um manso pombo ou um pardal citadino.
Lembrando-me dos tempos de garoto, corri o olhar pelas redondezas á procura do
seu par, dado que estes pássaros andam sempre aos casais. E, lá estava o
companheiro, ou companheira a uns bons
metros de distância. Deram um peque voo, passando com àvontade em frente aos
carros, indo pousar num grande relvado com algumas oliveiras. Já as tinha visto
por aí nos jardins, só que num passeio a uns 50 ou 60 centímetros dos meus pés
foi a primeira vez.
Actualmente,
Lisboa apresenta uma fauna muito diversificada com imensos animais que no meio
do bulício, se sentem mais protegidos aqui do que no campo por ninguém lhes dar
caça. Até já aves não originárias do país, por cá deambulam tais como alguns
psitacídeos que já chilreiam por todo o lado. Inclusivé, alguns falcões, como o
vulgar peneireiro, fazem ninho nos alegretes das janelas nos vasos de flores.
E
pronto, os pequenos Motacilídeos serviram hoje de tema a mais um “post” e
avivaram recordações de infância feliz. Obrigado arvéloa citadina…