sábado, 7 de julho de 2018

A Livraria (filme)



Escolhi o filme por um site de cinema. No meio de uma série de filmes, uns de acção (estou farto disso), outros de comédia (falta-me a paciência), outros tipo dramalhão de fazer chorar as pedras da calçada (já não há pachorra), acabei por me concentrar num argumento que me pareceu ser algo de sério e que me despertou interesse por ter algo a ver comigo, livros. A Livraria é um filme de mulheres que retracta mulheres. Mulheres que sabem o que querem da vida e lutam por isso. Infelizmente nem todos os quereres estão livres de invejas e de más intenções. É um filme relatado em ritmo lento e em ambiente sóbrio, algo tristonho, em que o clima carrega um pouco o ambiente, mas por outro lado descontrai pelo sossego.
O tema é baseado no livro do mesmo nome de autoria de uma escritora britânica Penelope Fitzgerald. A realização é de uma Catalã já consagrada, Isabel Coixet. A produção é alemã, reino unido e espanhola.
Uma mulher, ainda nova, mas viúva de guerra há dezasseis anos, Florence (Emily Mortimer, excelente papel), tem o sonho de abrir uma livraria numa casa velha de uma localidade meio perdida na costa britânica. Esta vontade, algo temerária, pois naquela terra pouco ou nada se lê, vai contundir com as pretensões da mulher rica lá da terra, casada com um general reformado, que se arma em, e acaba por ser, a figura máxima do burgo a quem todos prestam vassalagem. Uma atitude daquelas poderá colocar em causa a sua supremacia e, assim, move todas as suas influências para boicotar o empreendimento, contrapondo que aquela velha residência, desabitada há tantos anos, seria muito melhor aproveitada como um centro cultural e de artes. Esta atitude da detentora do poder, leva tudo e todos, incluindo o banqueiro que de início  apoia a iniciativa, contra a vontade de Florence em levar os habitantes ao hábito da leitura.
Florence, a nossa personagem central, alheia a tudo isso, continua com o seu ideal e, apoiada pelo único habitante que lê, um misantropo que nunca sai e vive numa velha casa, tipo castelo, consegue fazer prosperar o seu negócio e levar as pessoas a lerem e a comprarem livros, mostrando e provando que estes abrem as mentalidades e dão força e coragem aos leitores. Florence acaba por dar emprego em “part time” a uma rapariga adolescente, que mais tarde percebemos ser a relatora da história, a quem se começa a dedicar. Mas, a inveja dos poderosos é forte e Florence, lutadora com os seus ideais, mas incapaz de criar guerras e fazer frente a opositores, vê-se obrigada a abandonar o seu ideal, apesar da ajuda do seu apoiante, Edmund Brundish, por quem começa a sentir uma certa atracção. O final é esperado e surge sem sobressaltos tal como começa o filme…
O seu aliado, tenta lutar a seu favor, mas um estúpido enfarte faz parar a iniciativa. Florence renuncia à luta, mas a sua jovem seguidora, não tão adepta das boas vontades, dá uma inesperada finalidade ao problema.
O filme acaba como começou, em sossego e sem conflitos. O espectador habituado que está à violência e aos finais em que o bem vence o mal pela força, fica um pouco expectante, mas sereno e descansado.
De salientar as excelentes interpretações de Emily Mortimer no papel de Florence, Honor Kneafsey, a sua pequena ajudante¸ James Lance num papel algo caricato como adulador, mas efeminado e o sóbrio e “very british” Bill Nighy como Mr. Brundish. Patricia Clarkson dá-nos uma óptima opositora, irritante na sua soberba, mas sempre elegante na sua aparência.
Valeu a pena.

Sem comentários:

Enviar um comentário