sábado, 21 de julho de 2018

As Arvéloas de Lisboa

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        Descansem, pacientes leitores destas minhas lucubrações bloguistas, que não lhes vou falar das “arvéloas” que povoam diversos lugares de Lisboa e são procuradas pelos pobres e abandonados “machos” que deambulam á procura de “conforto” passageiro. Nada disso, vou mesmo tentar dizer algo sobre os elegantes e pequenos passarocos com esse nome.
A arvéloa, também conhecida por arvela ou lavandisca é um pequeno e esperto passarinho que, antigamente só se encontravam pelos campos. Lembro-me de, muito pequeno, quer no Cacém, onde vivia, quer na Malveira onde passava férias, armado de fisga pendurada no bolso dos calções sempre pronta a actuar tal um “cowboy” de arma à cintura, e montes de ratoeiras  (costelas ou costilos) à volta, acompanhado pelo filho mais novo do Sr. António capador, flagelo de porcos, porcas e outros bicharocos, que perdiam as faculdades reprodutoras ás suas mãos mas, continuando, lá andava eu pelos campos, caçando os incautos passarinhos e, uma das grandes artes, era caçar uma ou mais arvéloas, dado que eram consideradas os pássaros mais difíceis de se deixarem apanhar, quer pelas ratoeiras, de desconfiadas que eram, quer pelas fisgas, não se deixamdo aproximar ao ponto de poderem serem apontadas. Era necessária muita arte e manha para se conseguir e, se por acaso isso acontecia, era uma vitória tal, que durante dias, servia de tema para nos vangloriarmos de tal façanha. Nesse tempo, os rapazes costumavam dizer: “Quem apanha uma arvela é mais esperto do que ela”.
Pois bem, hoje aqui na cidade dei por uma arvéloa, no seu passo corrido com a sua cauda abanando para baixo e para cima, passeando tranquilamente no passeio empedrado, à minha frente tal qual um manso pombo ou um pardal citadino. Lembrando-me dos tempos de garoto, corri o olhar pelas redondezas á procura do seu par, dado que estes pássaros andam sempre aos casais. E, lá estava o companheiro, ou companheira  a uns bons metros de distância. Deram um peque voo, passando com àvontade em frente aos carros, indo pousar num grande relvado com algumas oliveiras. Já as tinha visto por aí nos jardins, só que num passeio a uns 50 ou 60 centímetros dos meus pés foi a primeira vez.
Actualmente, Lisboa apresenta uma fauna muito diversificada com imensos animais que no meio do bulício, se sentem mais protegidos aqui do que no campo por ninguém lhes dar caça. Até já aves não originárias do país, por cá deambulam tais como alguns psitacídeos que já chilreiam por todo o lado. Inclusivé, alguns falcões, como o vulgar peneireiro, fazem ninho nos alegretes das janelas nos vasos de flores.
E pronto, os pequenos Motacilídeos serviram hoje de tema a mais um “post” e avivaram recordações de infância feliz. Obrigado arvéloa citadina…
                                                           

1 comentário:

  1. Há coisas curiosas! Normalmente venho ler as suas agradáveis descrições sobre os mais variados assuntos, muitas vezes, como hoje, sobre filmes que viu e tão bem descreve! Hoje, a seguir à tragédia russa posta em romance, que deu filme, segui e encontrei a recordação de infância que revive na narrativa da arvéloa! Interessante, conhecendo eu tal ave pelo nome de alvéloa,conhecimento que adquiri já em tempos de colégio,,pequeno pássaro conirrostro, lembrei-me, também, dos tempos de vareta e arco, lá pelos caminho da aldeia, que, muitas vezes nos levavam ao encontro dessas bonitas avesinhas que nós chamávamos de boieiras, pois que gostavam de andar atrás dos arados a apanhar os vermes descobertos pela lavra; Vai daí fui consultar o dicionário, qual o meu espanto quando encontro "boieira" para o mesmo pássaro! Afinal o povo é que faz a língua! Abraço do Jaime Moura

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