Mais uma noite de cinema. Comecei
por procurar o filme a ver. Não me apareceu nada que me despertasse muito
interesse. Apenas um me alertou um pouco por se tratar de uma história baseada
num caso verídico.
Muitos filmes que retratam a vida
e a forma de pensar de minorias étnicas, não são normalmente vistos do interior
dessas minorias para fora, mas sim através de elementos da comunidade da
ocupação e opressão que, entrando junto dessas minorias, acabam percebendo-os e
condoendo-se da forma de vida a que os ocupantes os obrigam. Temos exemplo do
filme “Dança com Lobos” de e com Kevin Costner e outros anteriores como
“Cochise” (A Flecha Quebrada) de Delmer Davies com James Stuart e Jeff Chandler
no papel do chefe índio.
No caso em apreço, Susanna White realiza
um filme sobre Catherine Weldon (Jessica
Chastain), uma mulher, viúva, ainda jovem
que, sendo pintora e influenciada por vários quadros que viu sobre o Oeste
selvagem, resolve viajar para conhecer e pintar o célebre chefe índio da tribo
Sioux, Sitting Bull. Estava-se em 1890 e uma mulher sozinha para aquela região
da América era um procedimento impensável e até muito mal visto pela comunidade
incrivelmente pudica e religiosa, além de que Touro Sentado era considerado o
responsável pelo facto inédito de ter conseguido a união de várias tribos que
infligiram aos americanos uma das maiores derrotas da sua história na célebre
batalha de Litle Big Horn em que o 7ª de Cavalaria, comandado pelo Coronel
Custer é completamente dizimado até ao último homem. Por outro lado, Sitting
Bull estava a ser tomado como responsável, pelo movimento que se estava a
verificar na comunidade índia a que chamavam A Dança dos Fantasmas.
Catherine passa tormentos, mas
consegue chegar junto de Touro sentado, apesar da oposição do Coronel
responsável pela tentativa “democrática” de implementar o tratado de loteamento
de terras em que o governo reduzia a metade o território índio, prometendo, em
compensação, a atribuição de terras a famílias que as quisessem cultivar (uma
forma de dividir para reinar). A própria população branca da cidade é ostensivamente
hostil a Catherine chegando inclusivamente à agressão física. Resistindo a tudo
isto a nossa heroína consegue não só o célebre retrato, mas também acabar por
se envolver no processo político levando Sitting Bull a não aceitar o tratado trazendo
atrás de si toda a população índia. Ora isto é precisamente o que General,
encarregado do processo do Tratado, quer para ter o pé de atacar a comunidade
índia que é perseguida e massacrada em Wounded Knee, um dos capítulos mais
vergonhosos da história americana.
Entretanto, Sitting Bull, sabendo
que iria ser preso, tenta afastar Catherine que, por sua vez é atacada pelos
militares da escolta, ficando inerte na neve sem sentidos.
Mas, o sobrinho do chefe índio,
com uma carabina de longo alcance, fere de morte o seu tio livrando-o da
ignomínia do cativeiro.
Claro que, à boa maneira
americana, o filme não segue exactamente os factos históricos, não se coibindo
até de mostrar, de forma algo velada, o interesse sentimental entre os dois
protagonistas, ou não fosse a realização de uma mulher.
Catherine regressa a New York
tornando-se uma defensora das minorias. Um dos quatro quadros de Sitting Bull
pintados por Catherine Weldon encontra-se exposto na Sociedade Histórica do
Dakota do Norte.
De qualquer modo, uma boa
película que se vê com interesse e em que as paisagens, as gentes e as formas,
nos são mostradas como autênticas pinturas, mas, infelizmente, com uma péssima
banda sonora.
Numa das deambulações do Chefe
índio e da pintora pelas sua terras, o índio faz-lhe notar que ela não deve ir
à sua frente por uma mulher não se poder adiantar a um Chefe; ela pergunta-lhe:
“Tenho de ir atrás?” ao que o índio responde: “Não, basta ir a meu lado. Atrás
pareceria minha prisioneira”. Mais tarde chama-lhe “ Mulher que segue à
frente”.
Não sendo uma obra prima,
compensou o tempo de espectáculo.
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