sábado, 10 de outubro de 2020

Todas as coisas maravilhosas

Fui ver o Ivo Canelas ao estúdio da Praça da Ribeira num monólogo com o nome supra. Bem, não se poderá chamar um monólogo dado que o actor põe o público a interferir. Distribui uns papeis com um número e uma frase e pede para que quando disser esse número o espectador diga a frase em voz bem audível, o que em alguns não foi o caso. Também, durante a sua actuação, chama uns espectadores que terão de desempenhar pequenos papeis. A peça é da autoria de um dramaturgo inglês chamado Duncan McMillan, mas notam-se pequenas adaptações. O tema é um pouco mórbido/depressivo, mas o rapaz compensa com alguma vivacidade e muito movimento, amenizando bastante a coisa.
Um rapaz começa, aos sete anos, uma lista de várias coisas que considera serem as mais maravilhosas. Essa lista destina-se a sua mãe depressiva com tendências suicidas. Ele tenta chegar a um milhão de coisas para preencher a lista. Entretanto, vai contando episódios da sua vida em que descreve um pai pouco presente e alheado, mas ele tenta não pensar que esse afastamento sentimental seja culpado do problema da mãe. Entretanto, o actor, vai dizendo os números e os espectadores vão dizendo as frases anteriormente entregues. Apesar do esforço do rapaz, que, entretanto, se casa, mas que, com a sua preocupação em tentar fazer com que a mãe encontre na vida algo a que se agarrar, acaba por não ser nem fazer a companheira feliz. A lista é entregue à mãe e ao pai, mas a dúvida que sequer tenha sido lida permanece, e acaba por não produzir o efeito desejado. A mãe põe termo à vida. Um pouco deprimente, mas o actor vai bem e torna a peça bastante mais leve do que o tema levaria a crer.
O estúdio é grande com cadeiras à volta em rectângulo, a duas filas e com espaço entre elas. Bastantes medidas de desinfecção e o próprio actor, a meio, vai desinfectando locais, materiais e bancos usados durante a representação.
Não é nenhuma obra-prima, mas vê-se com agrado e mereceu grande ovação final. De notar que alguns espectadores chamados a intervir se portaram bastante bem contribuindo para tornar a representação mais “soft”.
Ivo Canelas, antes do início, e enquanto distribui as frases, espalha simpatia e dirige a todos palavras que agradam.
Quanto a mim ficou a sensação de que poderia ser um pouco mais curto, mas…
Valeu a pena.

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