Ontem foi sexta-feira, o dia em que normalmente vou ao cinema. Olhando para o cartaz resolvi ir ver O Último Duelo do Ridley Scott. Não ia muito entusiasmado, mas acabei por ver um belíssimo filme. Uma história de traição e vingança passada na França do século IV em plena guerra dos cem anos. Scott apresenta um filme tecnicamente muito bem feito, com cenários impecáveis que nos transportam para a vida nos castelos em plena Idade Média, com o seus cavaleiros e damas excelentemente bem ataviados nas suas armaduras e vestidos sumptuosos, mas ao mesmo tempo num ambiente demasiado sórdido e de pouca limpeza que nos dá a ideia que debaixo daqueles adereços muita sujidade e maus cheiros devem abundar. A história é baseada num livro de Eric Jager que por sua vez relata factos reais.
Matt Damon é Jean de Carrouges,
um cavaleiro nobre que casa por interesse com Marguerite (Jodie Comer), mulher
muito bela por quem acaba por se apaixonar sendo correspondido e ficando a
viver no castelo da família juntamente com sua mãe, figura um pouco sinistra de
sogra que se sente segunda figura com a entrada de Marguerite. Este cavaleiro
combate o lado de Jacques Le Gris (Adam Driver) um escudeiro culto e de
rara inteligência, de bela figura muito falado entre as damas da corte, mas
cuja fama de mulherengo as afasta. A corte é na Normandia nos domínios do Conde
Pierre d’Alençon (Bem Affleck) protector de Le Gris e invejoso de
Carrouges. Le Gris cobiça Marguerite e acaba por violá-la numa altura em que
Carrouges está fora e a sogra a deixa só no Castelo deslocando-se com todos os
criados e aias. Heroicamente e com coragem Marguerite acusa Le Gris junto do
marido exigindo castigo e reparação. Marguerite e o marido ainda não tinham conseguido
uma gravidez, que tardava o desejo de terem um varão, engravida precisamente
nessa altura. O cavaleiro de Carrouges acredita na sua mulher e para que não
lhe fique a sensação última de ter sido possuída por um violador exige que sua
esposa se lhe submeta sexualmente apesar dos protestos desta. Quanto a mim uma
violação a seguir a outra, mas marido era dono e senhor. Numa época em que a
mulher era completamente dependente do marido, quase seu dono, em que a
sociedade não lhe dava crédito e a Igreja Católica as condenava logo de início,
como pecados vivos, o assunto acaba exposto ao rei adolescente, em Paris, Carlos
VI que autoriza o julgamento, que segue sob o jugo da Igreja expondo Margarite
a situações absolutamente impensáveis, mas esta suporta heroicamente a
situação. Como Le Gris nega que tenha sido violação, Carrouges exige um duelo
de morte deixando a Deus o apuramento da verdade. O rei acaba aceitando essa
prática que há muito estava posta de parte e os esbirros da ICAR fazem ver a Margarite
que, caso o seu marido seja derrotado ela será supliciada e queimada viva.
Muito simpáticos, aqueles pequenos.
O interessante do filme é que a
história é narrada por cada um dos protagonistas vendo-se em “flash back” as
imagens dessa narração.
O Duelo realiza-se com uma
violência atroz. Excelentes cenas que colocam o expectador na liça.
Como sei que os meus leitores
facebuquianos não vão ao cinema vou contar o final.
Le Gris acaba morto por
Carrouges. Este e Margarite saem aclamados pelo povo.
No final ficamos a saber que
Carrouges morre numa cruzada dois anos depois e que Margarite vive mais 30 anos
com o seu filho, governando excelentemente as suas terras.
Resta-me referir que as cenas de
guerra são tremendamente reais e que, para mim fica a ideia que a violação, não
muito violenta, não tenha sido totalmente desagradável a Marguerite (enfim
pensamentos de um pecador).
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