terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Os nomes de família e as “peneiras”

 

Em conversa com o meu filho, ele chamou-me a atenção de que falo demasiadas vezes nos nomes dos meus ancestros e que isso pode ser levado por quem me ouve ou lê, como peneiras. Quem me conhece sabe perfeitamente que se há algo que não tenho são peneiras. Tive a sorte de receber como legado de uma tia minha, uma obra genealógica de um parente meu, que me deu a conhecer os meus ancestros desde o final do século XVI e isso é que me deu muito gozo. Conhecer as nossas raízes é bastante interessante. Tenho tanto ou mais orgulho no meu Avô materno, que foi guarda da PSP e acabou reformado como sub-chefe, do que tenho no meu Bisavô paterno que foi padre até falecer, mas que teve a capacidade de fazer frente ao sistema e ter vivido com uma nobre senhora criando dois filhos com quem sempre viveu e lhes ter proporcionado uma educação que os levou a licenciaturas.

Pena tenho eu de não conhecer quem foram os pais e avós do meu avô polícia que se orgulhava de ter amparado o Presidente Sidónio Pais no seu assassínio e ter prendido o célebre assaltante nocturno de Lisboa, o famigerado galego Ramon.

Pois é meus caros Amigos, não tenho peneiras nenhumas e falo no meu bisavô padre, que era o 2º de nove filhos de José de Sacadura Cardoso Cabral e Albuquerque assim como falo no meu avô polícia que conheci muito bem pois brinquei, em criança, com o seu apito que ele guardava religiosamente por muitas vezes ter servido para chamar auxílio em situações de aperto.

Nós somos aquilo que nos tornámos ao longo da vida e peneiras devemos ter por termos exercido uma profissão, chamar-lhe-ia mais um sacerdócio, que levámos a bom termo e com dignidade. Os nomes dos familiares ficaram para trás.

Ah! E tenho realmente peneiras de ter tido um excelente filho que só me deu alegrias e hoje é alguém. “Toma lá esta para não me chamares peneirento…”

 

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