Deve haver poucos homens que não
gostem de futebol. Muitas mulheres também gostam, mas em menor número. Um bom
joguinho visto na TV, no remanso do sofá, com uma bebida ao lado, é
descansativo. Então se o clube da nossa preferência jogar bem e ganhar, muito
melhor. Disse jogar bem e ganhar pois são coisas diferentes. Às vezes joga-se
mal e ganha-se outras joga-se bem e perde-se. São as contingências do jogo com
os seus imponderáveis. Outras vezes o árbitro julga mal um lance e lá vai o
resultado para o “bé-lé-léu”. O pior de tudo isto são depois os comentários e
os julgamentos. Dirigentes perdem as estribeiras e dizem cobras e lagartos na
TV. Adeptos, principalmente das malfadadas claques, levam para os recintos
desportivos todas as tensões acumuladas durante a semana pelas contrariedades
sofridas e extravasam, normalmente com agressividade, todo o seu amargo de boca
pelas derrotas que não “engoliram” por o seu clube ser sempre o melhor e nunca
merecer perder. Pior ainda são os dirigentes que depois atacam o clube
contrário esquecendo-se das atrocidades dos do seu próprio. Mas muito pior do
que tudo é ver amigos, com obrigação de discutirem com acerto as suas
divergências, pela sua condição de homens com cultura acima da média, com
profissões, actuais ou passadas, já evoluídas, discutirem de tal maneira
acaloradamente defendendo os seus clubes contra tudo e contra todos, de forma
tão efusiva, que roça as raias da violência. Vejo no facebook diálogos tão
estupidamente idiotas, que me dá vontade, de pegar num látego e zurzi-los até
ficarem com os “assentos” em brasa. Assim, mesmo que quisessem, já não poderiam
sentar-se a ver a bola. Parece mesmo impossível, não há pachorra para tanta
estupidez. Defendem mais os dirigentes dos seus clubes do que naturalmente defenderiam
os seus parentes directos. Os árbitros são todos uns corruptos mas, só
corrompidos pelos clubes dos outros. Os jogadores dos seus clubes são uns
santos e os dos outros uns demónios à solta pelos estádios. Não há mesmo
pachorra.
Já agora, também uma palavrinha
para aquele triste espectáculo de ver jogadores ao entrarem no campo,
benzerem-se ou erguerem as mãos para o céu a pedirem as bênçãos dos seus
deuses, para que tudo lhes corra bem, para que ganhem, para que não se
lesionem, etc., esquecendo-se que para eles ganharem os outros têm de perder e
que os adversários também podem lesionar-se, mas aí já não faz mal, é menos um
no próximo jogo, mas os deuses deles são os mesmos… Esquecem-se também, que os
deuses não jogam futebol e se estão nas tintas.
Que tristeza. Ah! Já agora… VIVA
O BENFICA. Eh! Eh! Eh!
O meu Amigo Barradas Barroso (Tiago), excelente poeta, comenta quase sempre os meus postes em verso e normalmente na modalidade de soneto. Desta vez elaborou dois sonetos: Um giríssimo, mas com algum vernáculo e outro mais sério. Dá-me depois à escolha a publicação do que eu achar melhor, uma vez que eu poderia não querer que colocassem aqui comentários com palavras que poderia considerar pouco dignas do meu blog. Mas, o mail que me enviou, está tão giro, que arrisco transcrevê-lo na totalidade, por o achar excelente.
ResponderEliminar" Amigo
Tenho por costume, muitas vezes, brincar com coisas sérias, como tem sido o caso com os teus escritos no blogue, porém sem utilizar termos mais... mais... mais ousados.
Pois, após ler este último, logo me lembrei duma antiga anedota que, de seguida, coloquei em verso, no entanto, ficou por enviar, na medida em que a achei com termos demasiado vernáculos, para figurar num espaço sério.
Zequinha... maroto!...
Entrou no campo, lindo, perfumado,
Zéquinha, calção curto, apertadinho,
Lançando, com a mão, doce beijinho,
P’ra na frente, jogar como avançado.
Dribla aqui, dribla ali, bem aprumado,
Até o guarda redes, coitadinho,
Põe, no rosto, um ingénuo sorrisinho
E, com a baliza aberta, atira ao lado.
O barulho, então, é de ensurdecer,
Mas não teve ele, nunca, tal prazer
Como este que o domina por inteiro.
Ouve apenas palavras com louvores
Desses cinquenta mil espectadores
Gritando: - enrabem-me esse paneleiro!...
Então, para sua substituição, fiz este outro que, brincando, já tem o cunho que lhe pretendi dar.
Depois disto, só te peço o favor de colocares no blogue aquele que tu melhor considerares.
Um abração
Tiago
Massas sem massa
Pelintra, semi nu, pedia esmola,
Sempre a mendigar, com sacrifício,
Para, no Domingo, ir matar o vício
No campo onde seu clube joga à bola.
Mas o grupo perdeu. Só se consola
Entrando em desacato, num bulício
Sem promessas de paz ou de armistício,
Sujeito a que lhe partam a carola.
Chovem acusações dos dirigentes,
A claque, enfurecida, range os dentes,
E malha, novamente, os adversários.
Atletas que assobiam o insucesso,
Sentam-se no autocarro, de regresso,
P’ra apanharem seus carros milionários. "
Que acham? Não está divinal?