domingo, 7 de fevereiro de 2016

Índios e Squaws

Há uns dias encontrei um amigo que já não via há uns tempos e, tendo-o achado com um ar um pouco acabrunhado e esquisito, perguntei-lhe o que se passava, se andava doente, etc. Que não, não era assim nada de importante mas lá acabou por me confessar porque andava triste e deprimido: “Sabes pá… como eu era danado para a “brincadeira”, não me escapava uma, mas agora… isto está mau a cabeça pensa o resto não funciona e blá, blá, blá…”
Procurei acalmá-lo dizendo-lhe que isso agora já não era problema, existem muitas soluções, que fizesse como o Futre ou que procurasse ajuda e se a coisa não resultasse mesmo que comprasse uma cana de pesca, a proximidade do mar, pelo ar e pela vista, descansa o cérebro.
Depois de nos despedirmos, resolvi escrever uma brincadeira para o animar, pois o “rapaz” também costuma ter a paciência necessária para ler o meu blog. E saiu isto:


Índios, cowboys e Squaws

É sabido que a rapaziada quando começa a ter uns aninhos a mais do que a conta volta à juventude e até, muitas vezes, à meninice. Já com uns anitos bem bons ainda me apetece brincar e uma das brincadeiras de que mais gosto é das “coboiadas”. Brincadeiras de índios e “cowboys” só têm graça com as “Squaw” e “revólvers”. Pois! “Squaw” ainda tenho e felizmente danada para a brincadeira, mas o pior é o “revólver”. Já de modelo antigo, farto de dar tiros, está bastante gasto e começa a enferrujar. Uma vez que a brincadeira ainda me passa pela cabeça, resolvi pedir auxílio e lembrei-me do “Manitu”. Claro que esse, lá no seu trono celeste nada resolve e mandou-me pastar caracóis ou ir à pesca e deixar-me de pensamentos estúpidos, pois já tinha muito boa idade para estar em casa a ver filmes. Que ficasse por aí e já era bem bom. Ná! Não era comigo, nos filmes não se goza nada, participar na brincadeira é que é bom. Lembrei-me então do “feiticeiro curandeiro” e lá fui eu indagar do tipo se tinha alguma “mezinha” que reparasse “revólvers” antigos. Ainda bem que me lembrei dele. Depois de algumas perguntas sobre se usava outras soluções para o coração aguentar as “guerras”, lá me mostrou uns pós que reparavam o instrumento guerreiro. Há de tudo, pós azuis, rápidos e eficientes mas pouco duradouros, pós castanhos que reparam bem e até dão para “brincar” durante todo o fim-de-semana e outros, que não se prolongam tanto no tempo, são usados para grandes e duradoras brincadeiras. Foi um êxito. A partir daí farto-me de “brincar” e o “revólver” até parece um “Colt 45” da última geração. Até o agente 007, que entra sempre em grandes “coboiadas”, teria inveja se visse a minha “performance”. A minha “Squaw” coitada, que nunca sofreu de dores de cabeça, agora até já se queixa de tanta “brincadeira”. Não há dúvida, estes “curandeiros” de agora servem-se de “mezinhas” milagrosas para dar alegria aos “rapazes” mais antigos que, como eu, ainda gostam de brincar. Vivam pois os pós milagrosos que dão alegria de viver a “índios” e “Squaws” já velhotes mas em bom estado de conservação. “Brinquemos” pois com muita alegria e vivacidade porque parar é morrer.


Depois disto, espero que o meu amigo se deixe de súplicas divinas, porque segundo consta aquilo lá em cima é demasiado “conventual” e nada feito. Procure mas é o curandeiro e siga a opinião do Futre. Pós milagrosos resolvem a questão e ”prá frentex”. Passe lustro na “carabina” e brinque aos índios e cowboys que já nos resta pouco e brincar é que é bom. O saudoso Jorge Amado, no seu Livro “D.ª Flor e Seus Dois Maridos” lá dizia por intermédio do seu personagem Mundinho: “Flor, meu amorrr, vamos vadiá?”

2 comentários:

  1. "ABIADOR", assim é que se animam os amigos e, porventura, as amigas deles! Se o fulminante, ou a pólvora, estiverem um pouco usados demoram mais tempo a dar ao "bulet" a força conveniente, mas, se calhar, trazem mais vantagem que perda! Abraço do Jaime Moura

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  2. Isso é verdade Amigo. Perde-se em velocidade ganha-se em qualidade.

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