Normalmente almoço acompanhado,
mas de quando em vez faço-o sozinho. Quando assim acontece, aproveito para
ligar ao canal Mezzo e acompanhar o repasto com as boas melodias que ali se
transmitem.
O canal Mezzo apresenta, muitas
vezes, obras tocadas no teatro Mariinsky, o célebre teatro de São Petsburgo,
assim nomeado em homenagem a Maria de Hesse-Darmstadt, Imperatriz Maria
Alexandrovna, esposa do Czar Alexandre II. Há um busto da Imperatriz no
foyer da entrada principal. Isto da internet é um bilhete de viagem a qualquer lugar.
O maestro Valery Griegiev, amigo
pessoal de Putin, foi, e não sei se ainda é, durante muitos anos o seu maestro
principal.
Um dos exercícios a que me
dedico, é fechar os olhos, e tentar identificar pelo som, os diversos
instrumentos que vão actuando. Hoje, ao escutar vários concertos para piano de
Sergei Prokofiev, errei várias vezes. Fico danado. Confundir um clarinete com
um oboé é coisa imperdoável a quem gosta de música, mas às vezes acontece.
Penso que é um problema da idade. O meu filho, 26 anos mais novo do que eu, tem
uma memória auditiva que me espanta. Quando não estou certo do nome de qualquer
obra musical, ele acerta quase sempre. Claro que tudo isto não passa de manias
de velho. Obviamente que não há ninguém capaz de fixar todas as obras,
clássicas e não clássicas, que se compuseram e outras que por aí vão aparecendo,
mas eu vou tentando.
Nestes concertos transmitidos
pela TV, uma das coisas que me espanta, é o conhecimento que o realizador tem
que ter, de música, para poder mostrar, em tempo oportuno, o instrumento ou
naipe de instrumentos que estão tocando. Das duas uma, ou vão buscar
realizadores maestros, ou os tipos têm a seu lado assessores, que em tempo
oportuno, lhes indicam qual a câmara que têm de colocar em transmissão. Não me
parece um exercício simples, o certo é que vão mostrando aquilo que realmente
está acontecendo o que revela uma excelente coordenação.
E agora vou interromper porque
vai dar, do teatro “Scalla”, a Missa de Requiem de Verdi, e isso não se pode
perder. Sou ateu, mas uma coisa que eu agradeço às religiões são as inúmeras
obras de arte que estas influenciaram nos autores artistas, quer na pintura
quer na música. Esta obra é uma delas. Já volto...
O requiem acabou. Música
fantástica. Entre este e o de Mozart fico indeciso. Talvez o de Mozart seja
mais empolgante. Segundo o filme de Milos Foreman, foi António Salieri que
ajudou Mozart, no seu leito de morte, a acabar o seu requiem, o que parece não
ter sido assim. Foi a própria mulher de Mozart que acabou a obra com ajuda de
alunos do marido. António Salieri foi um bom compositor. No filme é mostrado um
antagonismo quase feroz para com Mozart. Julgo que nem isso foi verdadeiro.
Bem, mas foi o de Verdi que estive a ouvir e não lhe fica atrás. Uns corais fantásticos
e uma música vigorosa. Se foi destinada a um defunto, (Alessandro Manzoni) esse não a ouviu,
mas os vivos só têm a agradecer. Acabei por deixar arrefecer o almoço e tive de
o meter no microondas. Tomei café a seguir como se tivesse saído da sala de
concertos em Milão. Talvez Verdi não tenha sido considerado um génio como
Mozart ou Bach, mas foi um virtuoso cheio de talento. Para mim foi génio.
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