sábado, 4 de junho de 2016

Um blog deprimido



Hoje fui visitar o meu blog. Nunca tinha visto um blog tão zangado: ꟷ Que andas a fazer? Não me ligas há montes de tempo. -- Fiquei realmente um pouco constrangido. Um blog chateado com o seu mentor é algo estranho. Mas compreende-se. Ter um blog e não o alimentar deixa qualquer blog depressivo. Mas isto de ter blogues não é fácil. Temos de ter a mente livre e leve para o relacionamento. Se estamos ocupados, pesados, tristes, depressivos ou exacerbados com diversos assuntos, acabamos por nos esquecer daquele blog amigo a quem confiamos as nossas mentes e devaneios. Depois os dias vão passando, vamos ocupando o tempo com outras coisas e o pobre blog lá vai ficando esquecido. Tenho agora uma dívida para com ele. Vou ter de encontrar assunto para o alimentar e contentar. Mas o quê? A política já nada me diz, apesar de agora andar melhor. O António conseguiu uma coisa que eu há muito desejava. Unir os partidos que pugnam realmente pelo cidadão acima do capital. Quando, antes das últimas eleições eu e o meu filho conjecturávamos sobre o que ia suceder após, e ele se mostrava algo desiludido por se prever a nova vitória, mesmo sem maioria, eu dizia-lhe: ꟷ Deixa, pode ser que o PS se una à esquerda. ꟷ Pois. Retorquía ele. ꟷ Parece que não conheces o PS, nunca se uniu à esquerda e esteve sempre mais ao lado da direita. ꟷ Desta vez não vai ser assim. ꟷ Insistia eu. ꟷ  Confio no Costa, vai de certeza arranjar uma alternativa para não permitir a continuação deste desgoverno que nos está a empobrecer. E foi, felizmente. Agora aguardemos, mas tenhamos esperança. E lá acabei eu por falar em política, assunto que cada vez mais me desmotiva. Também ando um pouco afastado das leituras. Ando a ler Kafka, “O Castelo”, mas muito devagar, o que não é meu costume. A leitura não é fácil e deixa-me um pouco deprimido. É uma narrativa, que parece simples, mas tem muito que se lhe diga. A luta de um cidadão contra as normas impostas pelo poder, parecendo simples, é muito complexa e, cria no leitor um desconforto e aversão, não só ao poder, como também a todos aqueles que a ele vivem agarrados e que dele usufruem e criam um clima de oposição aos que se lhe tentam impor por direito de liberdade. Assim, vou fazendo uns intervalos para que a minha mente se livre do clima de hostilidade que vou criando para com aquela sociedade. Quando mais calmo, volto à leitura, mas devagar. De tudo isto o meu blog não tem culpa. Só que é ele que vai ficando abandonado. É ainda o meu “Pilão” que me vai ocupando o tempo. Tratar e manter a base de dados dos sócios, escrever algo para o boletim da Associação, comparecer em alguns dos eventos programados, reunir com a direcção, passar pela sede e apoiar o nosso funcionário.
Bem, como mais nada tenho e já que escrevi este “lamento”, vou coloca-lo no blog. Pode ser que ele me aceite e me vá perdoando a inépcia.


4 comentários:

  1. O seu "Blog" triste por se sentir abandonado! Terá bem razão, o pobre, para o lixo atirado pelo dono que ele tanto tem amado! Ás vezes, meu pobre Blog,o teu dono, por tempo mal pensado, esquece-se que, por sua vontade, se tornou teu patrono! Sim, já sei que perdoaste e que a tua última lágrima a lambeste na mão de quem sempre amaste! Jaime Moura

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    1. Meu Caro Amigo Jaime Moura. Gostei dessa. Como sempre um comentário de mão cheia. Se eu escrevesse assim este blog estaria sempre Feliz. O meu obrigado e um abraço.

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  2. Os Blogs, são um pouco como amigos a quem gostaríamos de dedicar toda a atenção, e que acabamos por abandonar um pouco, não porque nos esqueçamos deles, nem por não sentirmos a sua falta... O que acontece é que o tempo é uma dimensão complicada e a vontade um sentimento rebelde e assaz independente... Sinto, como tu, em relação aos meus Blogs, e são vários, um sentimento de culpa e até de raiva, porque sinto o desejo de os alimentar, mas perco-me nos meandros de outras ocupações ou mesmo do simples e egoísta apelo do nada, da preguiça ou apenas do pensamento, que tanto tempo me ocupa e vive dentro de mim constantemente... Deveríamos ser capazes de escrever, pensando, numa utópica realidade virtual de escrita sem fios, sem canetas ou mesmo teclados... Pensava-se e ficava escrito, mesmo que fosse apenas em tópicos, frases soltas ou ideias, que depois poderiam ser trabalhadas já com mais preciosidade e estilo...
    Como vês, esse sentimento de culpa, não é só teu. Acho que muitos dos que escrevem e gostam de escrever, passam por este martírio de querer e não ter disponibilidade mental para o fazer...
    E não te tomo mais tempo, porque tenho mesmo de escrever um texto que o nosso amigo comum Fernando Pires, está a guardar para preencher um espaço de seis mil caracteres que me está reservado... Seis mil caracteres, vê lá tu... que ideias, que histórias que sonhos caberão em seis mil caracteres... E resume-se a isto, escrever... traduzir em conjuntos de caracteres, grupos de palavras, parágrafos e páginas, aquilo que nos passa pela cabeça e nós não conseguimos aprisionar dentro de nós, só porque somos vaidosos e gostamos de partilhar com os outros aquilo que nos vai na alma... se é que a alma existe e nós temos uma... parece-me bem que não, porque há gente sem essa preciosidade da consciência e que apenas vive da sua ganância material e desprezo pelos seus pares...
    Mas pronto, estás a ver?... Lá estou eu aqui a juntar palavras atrás de palavras, sem me conseguir conter, numa gana incontrolável de escrever, mesmo o insignificante e o supérfluo, quando pego na escrita e me abandono a ela... É uma cavalgada de ideias e palavras que não nos larga... Uma torrente de coisas a dizer... Um turbilhão de emoções e sentimentos que nos agarra e não nos deixa estancar o pensamento...
    Mas será que pode o pensamento ser controlado? É uma boa ideia para desenvolver... Mas agora tenho mesmo de parar... para escrever...

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    1. Que seria do meu pobre e deprimido blog sem os teus comentários. Obrigado Amigo

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