Hoje fui visitar o meu blog.
Nunca tinha visto um blog tão zangado: ꟷ Que andas a fazer? Não me ligas há
montes de tempo. -- Fiquei realmente um pouco constrangido. Um blog chateado
com o seu mentor é algo estranho. Mas compreende-se. Ter um blog e não o alimentar
deixa qualquer blog depressivo. Mas isto de ter blogues não é fácil. Temos de
ter a mente livre e leve para o relacionamento. Se estamos ocupados, pesados,
tristes, depressivos ou exacerbados com diversos assuntos, acabamos por nos
esquecer daquele blog amigo a quem confiamos as nossas mentes e devaneios.
Depois os dias vão passando, vamos ocupando o tempo com outras coisas e o pobre
blog lá vai ficando esquecido. Tenho agora uma dívida para com ele. Vou ter de
encontrar assunto para o alimentar e contentar. Mas o quê? A política já nada
me diz, apesar de agora andar melhor. O António conseguiu uma coisa que eu há
muito desejava. Unir os partidos que pugnam realmente pelo cidadão acima do
capital. Quando, antes das últimas eleições eu e o meu filho conjecturávamos
sobre o que ia suceder após, e ele se mostrava algo desiludido por se prever a
nova vitória, mesmo sem maioria, eu dizia-lhe: ꟷ Deixa, pode ser que o PS se
una à esquerda. ꟷ Pois. Retorquía ele. ꟷ Parece que não conheces o PS, nunca se
uniu à esquerda e esteve sempre mais ao lado da direita. ꟷ Desta vez não vai
ser assim. ꟷ Insistia eu. ꟷ Confio no
Costa, vai de certeza arranjar uma alternativa para não permitir a continuação deste
desgoverno que nos está a empobrecer. E foi, felizmente. Agora aguardemos, mas
tenhamos esperança. E lá acabei eu por falar em política, assunto que cada vez
mais me desmotiva. Também ando um pouco afastado das leituras. Ando a ler
Kafka, “O Castelo”, mas muito devagar, o que não é meu costume. A leitura não é
fácil e deixa-me um pouco deprimido. É uma narrativa, que parece simples, mas
tem muito que se lhe diga. A luta de um cidadão contra as normas impostas pelo
poder, parecendo simples, é muito complexa e, cria no leitor um desconforto e
aversão, não só ao poder, como também a todos aqueles que a ele vivem agarrados
e que dele usufruem e criam um clima de oposição aos que se lhe tentam impor
por direito de liberdade. Assim, vou fazendo uns intervalos para que a minha
mente se livre do clima de hostilidade que vou criando para com aquela
sociedade. Quando mais calmo, volto à leitura, mas devagar. De tudo isto o meu
blog não tem culpa. Só que é ele que vai ficando abandonado. É ainda o meu “Pilão”
que me vai ocupando o tempo. Tratar e manter a base de dados dos sócios,
escrever algo para o boletim da Associação, comparecer em alguns dos eventos
programados, reunir com a direcção, passar pela sede e apoiar o nosso
funcionário.
Bem, como mais nada tenho e já
que escrevi este “lamento”, vou coloca-lo no blog. Pode ser que ele me aceite e
me vá perdoando a inépcia.
O seu "Blog" triste por se sentir abandonado! Terá bem razão, o pobre, para o lixo atirado pelo dono que ele tanto tem amado! Ás vezes, meu pobre Blog,o teu dono, por tempo mal pensado, esquece-se que, por sua vontade, se tornou teu patrono! Sim, já sei que perdoaste e que a tua última lágrima a lambeste na mão de quem sempre amaste! Jaime Moura
ResponderEliminarMeu Caro Amigo Jaime Moura. Gostei dessa. Como sempre um comentário de mão cheia. Se eu escrevesse assim este blog estaria sempre Feliz. O meu obrigado e um abraço.
EliminarOs Blogs, são um pouco como amigos a quem gostaríamos de dedicar toda a atenção, e que acabamos por abandonar um pouco, não porque nos esqueçamos deles, nem por não sentirmos a sua falta... O que acontece é que o tempo é uma dimensão complicada e a vontade um sentimento rebelde e assaz independente... Sinto, como tu, em relação aos meus Blogs, e são vários, um sentimento de culpa e até de raiva, porque sinto o desejo de os alimentar, mas perco-me nos meandros de outras ocupações ou mesmo do simples e egoísta apelo do nada, da preguiça ou apenas do pensamento, que tanto tempo me ocupa e vive dentro de mim constantemente... Deveríamos ser capazes de escrever, pensando, numa utópica realidade virtual de escrita sem fios, sem canetas ou mesmo teclados... Pensava-se e ficava escrito, mesmo que fosse apenas em tópicos, frases soltas ou ideias, que depois poderiam ser trabalhadas já com mais preciosidade e estilo...
ResponderEliminarComo vês, esse sentimento de culpa, não é só teu. Acho que muitos dos que escrevem e gostam de escrever, passam por este martírio de querer e não ter disponibilidade mental para o fazer...
E não te tomo mais tempo, porque tenho mesmo de escrever um texto que o nosso amigo comum Fernando Pires, está a guardar para preencher um espaço de seis mil caracteres que me está reservado... Seis mil caracteres, vê lá tu... que ideias, que histórias que sonhos caberão em seis mil caracteres... E resume-se a isto, escrever... traduzir em conjuntos de caracteres, grupos de palavras, parágrafos e páginas, aquilo que nos passa pela cabeça e nós não conseguimos aprisionar dentro de nós, só porque somos vaidosos e gostamos de partilhar com os outros aquilo que nos vai na alma... se é que a alma existe e nós temos uma... parece-me bem que não, porque há gente sem essa preciosidade da consciência e que apenas vive da sua ganância material e desprezo pelos seus pares...
Mas pronto, estás a ver?... Lá estou eu aqui a juntar palavras atrás de palavras, sem me conseguir conter, numa gana incontrolável de escrever, mesmo o insignificante e o supérfluo, quando pego na escrita e me abandono a ela... É uma cavalgada de ideias e palavras que não nos larga... Uma torrente de coisas a dizer... Um turbilhão de emoções e sentimentos que nos agarra e não nos deixa estancar o pensamento...
Mas será que pode o pensamento ser controlado? É uma boa ideia para desenvolver... Mas agora tenho mesmo de parar... para escrever...
Que seria do meu pobre e deprimido blog sem os teus comentários. Obrigado Amigo
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