Fui ver o filme do Sean Penn “The
Last Face” que aqui foi traduzido como A Última
Fronteira. Sean Penn, além de um excelente actor, entrou bem no mundo da
realização. Conhecido pelas suas lutas pelos direitos humanos, este
actor/realizador, mostra-nos um filme de amor num cenário de guerras desumanas
em África, de rebeldes contra governos, numa ânsia de derrube dos mesmos, não
para governarem pelos povos, mas antes pela obtenção de poder que lhes
permitirão todos os desmandos para alcançarem riqueza e poder pessoal. Um
médico cirurgião, espanhol, de uma ONG “Médicos do Mundo” Dr. Miguel Leon
(Javier Bardem) atravessa constantemente fronteiras percorrendo campos de
refugiados tentando tratar toda a espécie de doenças e feridos vítimas de
rebeldes e governos, onde tudo falta, desde comida, água e medicamentos. Os
ambientes são dantescos, em cenários de destruição e sangue. Conhece uma médica
americana, Wren Petersen (Charlize Theron) que há muito não exerce, apenas
dedicada a angariar fundos, para essas ONG, em festas e reuniões onde todos
aplaudem, contribuem de lágrima no olho, mas no dia seguinte seguem as suas
vidas de luxo, esquecendo rapidamente o que se passa fora das suas fronteiras e
não os afecta. Ambos se apaixonam, mas o amor é quase impossível naquele
ambiente que ele não larga e ela não aguenta. O filme é entrecortado com vários
“flash back”, onde se mostra o seu encontro em várias situações anteriores e
até posteriores, situação que na primeira parte do filme se torna um pouco
desconexa, mas que, no decorrer se torna compreensível. O filme é um libelo
acusatório às nações que, pelo petróleo e outras matérias primas, e também pela
venda de armas, promovem as guerras armando grupos contra governos que depois
nunca mais controlam. Um pequeno papel, também de um médico francês, foi dado
ao conceituado actor “Jean Reno”. Os nossos protagonistas acabam por separar-se,
voltando ele para a sua luta de tentativa de salvador de vidas e ela para os
discursos de atenção à causa dos conflitos, não conseguindo ambos os seus
objectivos por a luta ser inglória. Mais tarde, após um empolgante discurso e,
já no seu camarim Wren recebe a notícia da morte de Miguel, num avião abatido
algures na pobre África ao abandono devido às más colonizações que só a
exploraram e não a formaram para poder ser governada pelos seus. As cenas de
guerra e de encontros armados, não são muito exageradas, mas suficientes para ambientar
o espectador. Não sendo nenhuma obra-prima, é um bom filme que se vê muito bem
e nos deixa amargos constrangimentos.
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