Tenho um parente, homem culto e viajado,
que sempre que se lhe apresenta algo sobre deuses e religiões, se lembra de
mim. Há pouco tempo, viajando pelas regiões dos Maias, deparou-se-lhe algo
chamado “Popol Vuh” que, em dialecto “quiché”, originário da região dos Maias,
parte da Guatemala e Sudeste do México, significa “Livro da comunidade”, que
tinha como base a concepção e a criação do mundo. Este documento foi traduzido para o castelhano pelo frei
Francisco Ximénez em 1701. Acho que foi ditado em língua “quíchua” e escrito depois
em castelhano. Encontra-se hoje em Chicago, na Biblioteca Newberry.
Esta tradução, feita por
cristãos, acabou por puxar a brasa à "nossa" sardinha e ficou totalmente
adulterada na sua concepção original.
Consultada a Whikipédia verifica-se que o
Popul Vuh definia 4 idades do mundo:
1ª idade:
No início havia calma, silêncio e
imobilidade.
Os deuses decidem, juntos, criar o
homem. Antes disso, criaram as árvores, a vida e os animais. Os últimos, apesar
de terem sido dotados de voz, não foram capazes de invocar os deuses, e por
isso foram punidos, que passariam a ter suas carnes servidas de alimento.
Foi criado então, do barro, o homem, mas
estes se desmanchavam facilmente e eram incapazes de louvar os deuses, que em
consequência destruíram-nos.
2ª idade:
Os deuses consultaram os adivinhos
Ixpiyacoc e Ixmucané para criar um homem que pudesse invocá-los, e a indicação
obtida foi fazê-los de madeira. Os homens de madeira povoaram a terra, mas não possuíam
sequer alma ou entendimento e, portanto, não podiam invocar seus criadores.
Foram destruídos com um dilúvio, e os sobreviventes tornaram-se macacos.
3ª idade:
Epopeia dos Gêmeos. Os Gêmeos tornam-se
o Sol e a Lua.
4ª idade:
Criação dos homens de milho, que se
tornaram a actual humanidade.
Estes possuíam percepção do mundo e
invocaram seus criadores que lhes concederam limites mortais para que não
ameaçassem a soberania dos deuses.
Os deuses focados no Popul Vuh eram:
Quetzalcoatl ou Gucumatz.
Deus central e criador
e:
Ixpiyacol e Ixmucané, como
adivinhos e guias espirituais. Mas havia
mais, que para o efeito não interessam.
O interessante de tudo isto é que o, já referido, Frei
Francisco Ximénez, ao traduzir o texto tratou de o adaptar à religião Cristã ao
ponto de referir que as almas após a morte se dividiam em duas indo metade para
o seio de Cristo (Deus) e a outra metade para o deus Maia (Quetzalcoatl).
Claro que um ateu como eu não pode deixar de rir a
bandeiras despregadas por ver que os homens, quando se trata de religiões,
tentam levar os outros a admitir que as deles são também boas, mas não
totalmente porque a “nossa” a “verdadeira” é melhor. Vejam o ridículo de tudo isto.
Mais uma vez fica provado que os homens criaram os deuses (todos) à
sua imagem e semelhança.
Agradeço ao meu primo, por afinidade, a oportunidade que
me deu para mais este escrito. Viaja António, que a minha “cultura” agradece.
Como dizia o meu sogro e teu tio: "sou ateu graças a Deus"... :)
ResponderEliminarEu também!!!...
EliminarUm aspeto interessante é que na Igreja de S. Tomás de Chinchicastenango (Guatemala) onde estive, ainda hoje no meio da igreja há umas pedras grandes no chão para fazer lume à boa maneira do culto Maia.
ResponderEliminarOs gajos perderam os fósforos?
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