sábado, 11 de agosto de 2018

A Gaivota




Mais uma noite de cinema e mais uma vez escolhi o filme pelo site dos Medeia Filmes. Havia algumas opções, mas apenas este me chamou a atenção. Tchekhov foi um contista nascido no século 19, mas que estreou a maioria das suas peças teatrais no início do século passado. A Gaivota, estreada antes, em 1896 num teatro de S. Petseburgo não foi bem aceite pelo público. Mais tarde, uma outra encenação foi um êxito. Esta realização de Michael Mayer, limita-se a colocar a peça num modo cinematográfico num cenário real de uma família da alta burguesia russa do princípio do século passado. Um solar magnificente numa região linda com um lago magnífico.
Os actores são ingleses, todos excelentes. A história é um drama baseado em conflitos humanos em que mais uma vez sobressai o íntimo da natureza humana sempre inconstante e não realizada, em que os amores e desamores entram em conflito com o desejo, nem sempre conseguido de se afirmarem nas artes. No fim, uma série de indivíduos, todos frustrados, por não atingirem ser aquilo que desejavam, nem usufruir do amor total daqueles que elegeram para seus pares. Uma peça que mostra a vida naquilo que ela quase sempre é; a procura do conseguimento do inatingível.
Durante o Verão, na Rússia, uma família e seus amigos partilham um fim-de-semana no campo, passado numa propriedade junto a um lago. Sorin (Brian Dennehy) é o dono da casa, cuja irmã, a imperiosa, egocêntrica e narcisista Irina (Annette Bening, excelente papel), é uma lendária atriz dos palcos de Moscovo. 
Irina tem como amante Boris Trigorin (Corey Stoll), um autor de sucesso cujos afetos a atriz tem medo de perder. 
Konstantin (Billy Howle), filho de Irina, é um sonhador e aspirante a escritor, que quer criar um novo tipo de teatro, mas a cujas pretensões a­ mãe não dá muita importância.
Konstantin está apaixonado por Nina (Saoirse Ronan), uma jovem ingénua que sonha em ser atriz, e que face ao sucesso e charme de Trigorin acaba por rejeitar o homem mais novo. 
Por sua vez, Masha (Elisabeth Moss), a deprimida filha do caseiro da propriedade, está apaixonada por Konstantin, mas é rejeitado por ele e não se contenta com os afetos de um mestre escola chamado Medvedenko (Michael Zegen), cuja determinação em conquistar Masha nunca se deixa abalar.
Polina (Mare Winningham), a mãe de Masha e esposa de Shamrayev, anseia pelos afetos do carismático Doutor Dorn (Jon Tenney), mas este, apesar de dar atenção à mulher do caseiro, é dependente da sua ligação a Irina, com quem teve um caso há alguns anos. 
A narcisista Irina, não perde oportunidades de achincalhar o filho pelo seu insucesso como escritor e pianista. Este, tenta a todo o custo impressionar todos e, principalmente a mãe, tentando encenar uma das suas peças, mas esta, não liga ao que se passa à sua volta, interrompendo frequentemente as falas dos actores (o filho e Nina) o que leva Konstantine a interromper a sessão e fugir para o bosque. Todos o procuram, principalmente Nina e Masha. Konstantine, munido da sua espingarda de caça, alveja uma gaivota e deposita-a junto dos pés de Nina, dizendo que essa gaivota é ela vogando sem destino e direcção. Foge para a mansão e no seu quarto alveja-se, mas não conseguiu acabar com a vida ficando apenas com uma escoriação na cabeça. É nessa situação em que se verifica uma cena de carinho entre mãe e filho, mas que acaba em conflito, em que a mãe acusa Konstantine de nada valer e ser um frustrado enaltecendo-se a ela própria pelos êxitos obtidos em cena. Entretanto, o dono da casa vai piorando da sua saúde. Nina, desalentada, sente-se atraída pelo escritor Boris Trigorin, que se insinua junto da jovem.
Passam-se dois anos. Trigorin deixa Irina e junta-se a Nina da qual tem um filho, Masha cansada do desamor de Konstantine casa-se com o mestre escola do qual tem também um filho. Mas no íntimo de todos eles os seus amores primeiros perduram. Nina é abandonada por Boris que volta para Irina. Esta continua uma estrela e cada vez mais narcisista. O dono da casa, Sorin, sente-se cada vez pior e chama todos para a sua volta. Todos regressam ao solar e os amores antigos reacendem-se. Os conflitos continuam. O jovem Konstantite pede a Nina que fique com ele, mas esta, apesar de abandonada confessa o seu amor por Boris. Konstantine com a sua arma de caça, retira-se para o seu quarto e dispara-a na boca. Na sala, todos jogam loto. O médico Dorn, talvez o único mais assertivo no meio de tudo isto, diz que deve ter rebentado algo na sua mala, talvez o frasco do éter, e retira-se para ir ver. A mãe de Konstantine fica apreensiva.
Dorn volta e diz, foi isso mesmo que aconteceu e pede a Boris que vá com ele para o ajudar. Mas, Irina revela no seu semblante aquilo que pensa ter acontecido.

Excelente filme, com belíssimos diálogos. Valeu a noite.




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