quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O Fogo (II)




A ignição de incêndios pode ser: de geração espontânea, por descuido ou por intenção criminosa. Julgo que esta última causa será responsável pela maioria dos que ocorrem em Portugal. Por descuido também acontecem alguns, e por geração espontânea muito poucos.
O incêndio florestal, principalmente em matas de pinheiros e eucaliptos, é muito difícil de travar e a orografia, geralmente, não facilita o seu combate. Ir para o meio do fogo com carros e mangueiras é suicídio. Os corta-fogos, por mais que existam, não travam o fogo quando este é empurrado a vento. Autoestradas são atravessadas, rios por mais largos que sejam, também.
Não acredito que a maioria dos incêndios seja obra de pirómanos psicopatas. Acho que nessa maioria há muitas intenções quer de especulação económica, quer políticas.
O incêndio de Monchique, veio provar que não é por falta de meios que se conseguem controlar.
1400 operacionais, 400 viaturas e 19 meios aéreos, não chegaram para o dominar. Acusar governos de inépcia, encontrar culpados, é muito a nossa cultura bacoca. Provar que este governo não aprendeu nada com Pedrógão, é uma solução. Solução essa que já estava preparada de há muito.
Será o governo dos USA responsável pelo incêndio da Califórnia? Crucificar o Tsipras pelo incêndio em Atenas será solução para futuros incêndios? Não me parece, mas o que se vê pela Comunicação Social, Facebook e quejandos é precisamente isso; criar culpados, provocar demissões, obter resultados políticos. Uma tristeza. Dá a ideia que só os governos existentes na ocasião, são culpados. Como tem havido sempre incêndios, todos os governos o serão.
Já se sabe que um incêndio destes é para deixar arder e tomar apenas conta dos perímetros para protecção de povoações, evacuando pessoas e animais das casas no interior, sempre que possível. Depois é tentar levar as chamas para áreas onde não provoquem vítimas.
Mas a melhor solução seria encontrar os pirómanos, quer os mentecaptos, quer os que com isso ganham uns quinhões. Depois ter-se-ia que conseguir sacar desses energúmenos, os nomes dos mandantes. Se isso fosse conseguível, seria de não olhar a atenuantes e penalizar brutalmente tais responsáveis.
Também seria bom regulamentar a nossa CS para que se desabituem de insinuar culpabilidades.
Mandem bombeiros tirar cursos de combater tecnicamente fogos. Dêem aviões à Força Aérea e cursos aos seus pilotos para enfrentarem fogos. Acabem com os contratos milionários com firmas de aluguer de meios aéreos. Já vimos que pouco resolvem, mas que usufruem muito.
Se tudo isto não resultar, deixem arder o país. Se este não presta pode ser que apareça outro mais civilizado.
Somos nós os culpados de lixo nas ruas, não as autarquias. Somos nós os culpados da degradação de edifícios, somos nós os culpados dos fogos. Há no nosso País uma grande falta: civilização e educação. Uma justiça eficaz também faria jeito.


4 comentários:

  1. Excelente reflexão, partilhada já por muitos a quem o tema interessa e preocupa. E são propostas algumas pistas, mais ou menos evidentes e realistas, que apontam para as suas causas. Ora não sendo os responsáveis políticos mais burros que os outros, porque é que as coisas continuam como estão? Só por figura de estilo se admite perguntar, uma vez que a resposta está implícita.

    ResponderEliminar
  2. Muito certo! Só faltou mencionar um pormenor importante. As alterações climáticas, fazem com que os fogos sejam cada vez mais frequentes, e de maiores proporções. Isso tem-se visto ultimamente, e por todo o Mundo.
    José Valente

    ResponderEliminar
  3. Ao Meu amigo e camarada Nunes da Cruz respondo que actualmente até os políticos têm medo de falar. Mais vale estar calado do que perder votos. Ao meu amigo José Valente digo que tem razão, mas esse facto em nada influi naquilo que digo. Tanto queima com 33 graus como com 40. O vento é mais preocupante. Claro que, para os pirómanos, a alta temperatura ajuda.

    ResponderEliminar
  4. Meu caro amigo Coronel, muitas vezes estamos de acordo, felizmente, esta é mais uma; Tendo nascido e vivido numa aldeia das fraldas do Marão, bem no meio do mato, numa aldeiazinha chamada Aboim, passei os anos da minha meninice e as férias da minha mocidade, no meio de pinheiros, mato e sobreiros, choupos, regatos e poldras, enfim, aquilo a que, com toda a propriedade, se pode chamar vida no campo; Aprendi o nome de todas as aves lá existentes, gaios, melros e rolas, pica peixe e carriças, pombos e perdizes, pêgas rabudas, etc, etc; Digamos que aprendi a conhecer o mundo rural, vivi nele, conheci o povo, esse, não sei se bem se mal! Afinal isto vem a propósito de fogos, tema sobre o qual muito bem disserta! Em anos e anos vi, felizmente, muito poucos, nenhum, belo acaso, provocado por causas naturais! Dos poucos, não sei como, descobriram-se os autores, constava que nunca mais tinham ateado mais nenhum! É como diz, 33 graus ou 40, quando toca a arder manda mais o vento, mas os antigos da minha terra já sabiam muito bem disso! Ás vezes lá aparecia o carro da bomba, ( assim se chamava o carro dos bombeiros) mas, normalmente, do que me lembro, já o problema ia, quase, resolvido! Ah, se os pirómanos tivessem outro tratamento, até a temperatura começava a descer! Jaime Moura

    ResponderEliminar