Mais uma vez deus vosso senhor
não estava lá. O que lá estava era um buraco com 110 metros de profundidade e
menos de 50 cm de diâmetro. Também não estava lá a pedra que o responsável pelo
furo disse que lá colocou para tapar a abertura. Ou alguém a tirou ou nunca lá
foi posta. Um furo daqueles não se protege só com uma pedra, tem também de ter
uma vedação suficientemente forte para não poder ser facilmente acessada. Uma
criança de dois anos não a ultrapassaria. Duas crianças brincavam completamente
sós. Uma de 2 e outra de 1,5 anos. Não se deixam crianças desta idade totalmente
desprotegidas perto de uma obra daquelas. Deus deve ter dado outra missão aos
anjos da guarda das criancinhas. E agora? Os pais choram, mas talvez se arrepelem
com remorsos. Mais de 100 pessoas trabalham a contra-relógio para encontrar a
criança. Os pais acusam falta de meios. Quais meios? Como se chega a um corpo
num buraco daqueles. É necessária uma obra de engenharia colossal. Talvez já não
valha a pena andar depressa para chegar ao corpo. Sim, um corpo, pois vida já
não poderá haver. A câmara que meteram pelo tubo parou aos 75 mt. Ainda por
cima deve ter havido uma deslocação de terras que tapou o furo. Tudo contra.
Agora, deus, na sua infinita misericórdia, deve estar satisfeito por ter junto
de si uma alma jovem. Que espere pelos pais para receber as reclamações pela
falta de humanidade que revelou.
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