terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Deus, a criança e o buraco.




Mais uma vez deus vosso senhor não estava lá. O que lá estava era um buraco com 110 metros de profundidade e menos de 50 cm de diâmetro. Também não estava lá a pedra que o responsável pelo furo disse que lá colocou para tapar a abertura. Ou alguém a tirou ou nunca lá foi posta. Um furo daqueles não se protege só com uma pedra, tem também de ter uma vedação suficientemente forte para não poder ser facilmente acessada. Uma criança de dois anos não a ultrapassaria. Duas crianças brincavam completamente sós. Uma de 2 e outra de 1,5 anos. Não se deixam crianças desta idade totalmente desprotegidas perto de uma obra daquelas. Deus deve ter dado outra missão aos anjos da guarda das criancinhas. E agora? Os pais choram, mas talvez se arrepelem com remorsos. Mais de 100 pessoas trabalham a contra-relógio para encontrar a criança. Os pais acusam falta de meios. Quais meios? Como se chega a um corpo num buraco daqueles. É necessária uma obra de engenharia colossal. Talvez já não valha a pena andar depressa para chegar ao corpo. Sim, um corpo, pois vida já não poderá haver. A câmara que meteram pelo tubo parou aos 75 mt. Ainda por cima deve ter havido uma deslocação de terras que tapou o furo. Tudo contra. Agora, deus, na sua infinita misericórdia, deve estar satisfeito por ter junto de si uma alma jovem. Que espere pelos pais para receber as reclamações pela falta de humanidade que revelou.

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