terça-feira, 1 de janeiro de 2019

1º dia do ano.


Hoje, primeiro dia do ano, sinto-me preocupado. Não que tenha problemas pessoais, felizmente não os tenho. Pelo contrário, até me sinto um privilegiado. Faço parte daquela classe média, talvez média um pouco alta, que tem o suficiente para viver sem grandes problemas. Perguntar-me-ão: “Não gostarias de ter mais?” Claro que gostaria, quem não gosta? Mas, olhando para os que me rodeiam e estão mais ou menos ao meu nível, verifico que tendo muito mais do que eu, agradecem a deus a sua vida e ainda lhe pedem para que tudo lhes corra pelo melhor e aos seus também. Vivem em função daquilo que deus lhes dá e tudo é obra sua. Dá a sensação que nada fizeram pela vida porque foi deus que lhes colocou tudo ao dispor. Avaria-se-lhes a máquina de lavar e a primeira coisa que lhes vem à cabeça é: “Meu Deus, faz com que isto trabalhe.” E a coisa resulta. Um murro na máquina e lá começa ela vrum…vrum. O computador não liga e ficam aflitos. “E agora? Não percebo nada disto. Meu Deus era bom que me ajudasses.” Batem-lhes à porta e é o António. “É pá! Ainda bem que apareceste. Tu é que sabes disto. Vê se me dás um jeito aqui na porcaria do portátil que não quer ligar.” O António resolve aquilo num fósforo e lá dizem eles: “Deus ouviu-me, foi ele que mandou o António.
Tenho estado a ver a TV. Estou farto de fogo de artifício, de rolhas de garrafas de espumante a saltarem e de pessoas a pedirem a deus toda a espécie de venturas, prendas, prebendas, etc.
Não ouvi ninguém a pedir a deus para que as criancinhas dos países africanos, da Síria, do Iraque, do Bangladesh, dos párias da Índia e outros desgraçados que não comem, para que nós os privilegiados, possamos continuar a explorar os recursos que os seus governos corruptos, vendem para se enriquecerem deixando o povo na miséria. Ou também para que deus trave os instintos predadores dos governos democratas ocidentais que, não obtendo de forma pacífica o que pretendem, provocam guerras que tudo destroem e tanta miséria causam.
Dizem que deus mandou um filho à terra morrer por nós para nos salvar. Pergunto: “De quê?
Salvar? De quem? De nós próprios? Para termos compensações na vida eterna? Hum… não seria melhor salvar as criancinhas a que acima me referi? A essas ninguém salva. O deus deve ser surdo ou então ninguém pediu para elas e por elas. Tristeza. Tanto egoísmo. Como pode este mundo ter sido criado e governado por um deus bom?

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