sábado, 25 de janeiro de 2020

1917



O filme é realizado por Samuel Alexander Mendes (Sam Mendes), britânico, neto de Alfred Hubert Mendes natural de Trinidad e Tobago, de ascendência portuguesa. A história do filme é-lhe contada por este seu avô. Mendes sempre teve na ideia esta realização.
Um general inglês manda chamar um cabo, conhecido por ser muito bom a interpretar e seguir cartas topográficas e dá-lhe uma missão; atravessar a terra de ninguém abandonada pelas tropas alemãs e levar uma mensagem a um coronel comandante de um batalhão (?) de um regimento de Devonshire, que se prepara para iniciar um ataque programado para perseguir e derrotar os alemães em retirada. Só que através de reconhecimento aéreo verificaram que a retirada era táctica, precisamente para apanharem os ingleses numa emboscada preparada pela artilharia que, entretanto, se posicionara para o efeito. As comunicações estariam cortadas pelos alemães e não havia outra forma de lhes fazer chegar a ordem (?). O incentivo seria porque o soldado Blake tinha um irmão nesse regimento. Disse-lhe que poderia escolher um outro soldado para o acompanhar e Blake pede ao seu amigo Schofield que, é apanhado um pouco de surpresa, mas devido à grande amizade, não recusa. A acção de que são encarregados, salvará a vida a 1600 homens (?)
Os dois rapazes põem mãos à obra e partem.
Aqui começa a aventura que é mais centrada sobre a personalidade e vontade dos dois cabos do que propriamente um filme sobre a guerra em si.
Não é filme para se ver sentado em casa ao computador ou TV. Um ecrã de cinema de parede a parede e som Sony Dolby Digital provocam um efeito considerável nas imagens transportando-nos para dentro da acção.
Não sei se repararam nos meus pontos de interrogação. Naquele tempo os aviões, normalmente avionetas de asa dupla, voavam muito baixo e durante todo o filme viam-se por ali quer em combates aéreos quer passando simplesmente. Ora se conseguiram ver e transmitir ao comando o que se preparava, não percebo porque seria impossível deixar cair sobre as linhas amigas a mensagem do general, mas enfim. Por outro lado, acho muita gente, 1600 soldados, para um regimento comandado por um coronel. Também achei estranho os reencontros com meia dúzia de soldados alemães recolhidos em ruínas de uma aldeia, que não se sabe se serão desertores, soldados perdidos, ou se resolveram ficar a descansar e não seguir com o grosso das tropas. Sam Mendes não será propriamente um expert em táctica militar. A meio da acção aparece uma mulher francesa escondida na mesmas ruinas onde permaneciam os alemães, com uma criança (bebé) que não é dela, a quem um dos nossos heróis (Schofield) entretanto já sozinho por morte de Blake, dá a comida que transporta e o leite que obteve de um balde que teria sido de uma vaca ordenhada á pouco e andava por ali à solta e viva quando todas as outras teriam sido mortas pelos alemães para não deixarem meios de sobrevivência aos possíveis perseguidores. Esta cena da rapariga é para amenizar um filme totalmente masculino e, não faria muita falta. Também achei estranho o nosso herói Schofield nunca mais ter pegado numa carta ou bússola e ter ido parar direitinho às tropas que procurava depois de ter andado fugido aos alemães e, entretanto, até ter caído a um rio de águas impetuosas e andado por ali a vogar durante imenso tempo, indo desaguar mesmo junto aos soldados ingleses que ouviam uma canção sobre a pátria e familiares, sentados numa pequena floresta, e nem olham para trás não dando pela sua chegada,  sem segurança absolutamente nenhuma.
Mas o cerne da película é a vontade de cumprimento da ordem e a heroicidade dos militares e não um manual de bons procedimentos em campanha. As imagens são excelentes. Não maça o espectador e prende a atenção durante todo o filme. A missão é cumprida e o nosso herói acaba encontrando o irmão do seu amigo e senta-se junto a uma árvore pensando nos seus familiares e no regresso. Se houver óscares serão mais pela técnica. Se ganhar a melhor realização não chocará, mas será por certamente não haver melhor.

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