O filme é realizado por Samuel
Alexander Mendes (Sam Mendes), britânico, neto de Alfred Hubert Mendes natural
de Trinidad e Tobago, de ascendência portuguesa. A história do filme é-lhe
contada por este seu avô. Mendes sempre teve na ideia esta realização.
Um general inglês manda chamar um
cabo, conhecido por ser muito bom a interpretar e seguir cartas topográficas e
dá-lhe uma missão; atravessar a terra de ninguém abandonada pelas tropas alemãs
e levar uma mensagem a um coronel comandante de um batalhão (?) de um regimento
de Devonshire, que se prepara para iniciar um ataque programado para perseguir
e derrotar os alemães em retirada. Só que através de reconhecimento aéreo
verificaram que a retirada era táctica, precisamente para apanharem os ingleses
numa emboscada preparada pela artilharia que, entretanto, se posicionara para o
efeito. As comunicações estariam cortadas pelos alemães e não havia outra forma
de lhes fazer chegar a ordem (?). O incentivo seria porque o soldado Blake
tinha um irmão nesse regimento. Disse-lhe que poderia escolher um outro soldado
para o acompanhar e Blake pede ao seu amigo Schofield que, é apanhado um pouco
de surpresa, mas devido à grande amizade, não recusa. A acção de que são
encarregados, salvará a vida a 1600 homens (?)
Os dois rapazes põem mãos à obra
e partem.
Aqui começa a aventura que é mais
centrada sobre a personalidade e vontade dos dois cabos do que propriamente um
filme sobre a guerra em si.
Não é filme para se ver sentado
em casa ao computador ou TV. Um ecrã de cinema de parede a parede e som Sony
Dolby Digital provocam um efeito considerável nas imagens transportando-nos
para dentro da acção.
Não sei se repararam nos meus
pontos de interrogação. Naquele tempo os aviões, normalmente avionetas de asa
dupla, voavam muito baixo e durante todo o filme viam-se por ali quer em
combates aéreos quer passando simplesmente. Ora se conseguiram ver e transmitir
ao comando o que se preparava, não percebo porque seria impossível deixar cair
sobre as linhas amigas a mensagem do general, mas enfim. Por outro lado, acho
muita gente, 1600 soldados, para um regimento comandado por um coronel. Também
achei estranho os reencontros com meia dúzia de soldados alemães recolhidos em
ruínas de uma aldeia, que não se sabe se serão desertores, soldados perdidos,
ou se resolveram ficar a descansar e não seguir com o grosso das tropas. Sam
Mendes não será propriamente um expert em táctica militar. A meio da acção
aparece uma mulher francesa escondida na mesmas ruinas onde permaneciam os
alemães, com uma criança (bebé) que não é dela, a quem um dos nossos heróis (Schofield)
entretanto já sozinho por morte de Blake, dá a comida que transporta e o leite
que obteve de um balde que teria sido de uma vaca ordenhada á pouco e andava
por ali à solta e viva quando todas as outras teriam sido mortas pelos alemães
para não deixarem meios de sobrevivência aos possíveis perseguidores. Esta cena
da rapariga é para amenizar um filme totalmente masculino e, não faria muita
falta. Também achei estranho o nosso herói Schofield nunca mais ter pegado numa
carta ou bússola e ter ido parar direitinho às tropas que procurava depois de
ter andado fugido aos alemães e, entretanto, até ter caído a um rio de águas
impetuosas e andado por ali a vogar durante imenso tempo, indo desaguar mesmo
junto aos soldados ingleses que ouviam uma canção sobre a pátria e familiares,
sentados numa pequena floresta, e nem olham para trás não dando pela sua
chegada, sem segurança absolutamente
nenhuma.
Mas o cerne da película é a vontade
de cumprimento da ordem e a heroicidade dos militares e não um manual de bons
procedimentos em campanha. As imagens são excelentes. Não maça o espectador e
prende a atenção durante todo o filme. A missão é cumprida e o nosso herói
acaba encontrando o irmão do seu amigo e senta-se junto a uma árvore pensando
nos seus familiares e no regresso. Se houver óscares serão mais pela técnica.
Se ganhar a melhor realização não chocará, mas será por certamente não haver
melhor.
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