10, bom tiro, + 10, 2º tiro, + 10, 3º tiro, +10, 4º tiro, +10, 5º tiro, isto está a correr bem, boa arma, + 10, 6º tiro, + 10, 7º tiro, +10, 8º tiro, +10, 9º tiro. Tenho 90 pontos, vou fazer 100, nunca consegui tal coisa, ainda bem que comprei estas armas para a equipa.
A barriga assente na prancha de
tiro começou a revolver, acomodei-me melhor, coloquei bem os pés. O nervoso
miudinho entrou comigo. Respirei fundo. Tentei acalmar-me, tinha de fazer outro
10. Sustive a respiração. O dióptero estava circular com o negro do alvo. Só
tinha de fazer sair o tiro quando tudo estivesse perfeito. O tiro saiu. Fiz um
9. 99 pontos, bom demais, mas uma frustração. Como se conseguirá fugir a este
“stress” do último tiro?
Era chefe da equipa de tiro da
Guarda Fiscal. Tínhamos 6 atiradores de espingarda e 6 de pistola. O tiro de
espingarda era a 300 metros e só na serra da Carregueira podíamos treinar.
Começámos a atirar de G3 com o “decalitro” na cabeça e botas de polainitos.
Como sub-chefe do Serviço de finanças tentei melhorar os equipamentos. O chefe
não orçamentou as despesas necessárias. Ficávamos sempre em último, mas
competíamos galhardamente. Quando passei a chefe orçamentei o necessário.
Adquiri o melhor dos melhores equipamentos. Espingardas Mauser de competição
último modelo, casacos e botas de tiro, óculos de longo alcance para ver os
resultados, toalhas próprias para limpeza das faces, líquido para lavagem
ocular. Não nos faltava nada. No próximo campeonato das Forças Armadas ficámos
a meio da tabela. Os resultados de pistola melhoraram muito. Comprei também
armas altamente sofisticadas para tiro desportivo militar. Os rapazes
melhoraram muito.
Fui fazer a estreia da minha
espingarda à Carregueira, carreira de tiro militar minha velha conhecida desde
os tempos de Pilão. Depois de acertar a arma e calcular o desvio do vento
consegui 99 pontos. Foi muito bom, mas uma frustração, pois convenci-me que
pela primeira vez ia conseguir 100. Puro engano. O “stress” não deixou. A GF
subiu muito nas classificações. Fomos atirar no campeonato à Base Aérea da Ota
que na altura dispunha da melhor carreira de tiro militar. Já possuía alvos
electrificados que nos mostravam electricamente as pontuações obtidas. Nunca
fiquei em primeiro na minha equipa, um major era bastante melhor e ficava
sempre uns pontos acima, mas fui aquilo a que se chama um atirador de elite.
Teria sido um bom “sniper” se tivesse estômago para isso. As bichezas em África
é que se lixaram.
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